Exame Logo

O legado educativo de Trump na internet

Especialista em comunicação digital analisa como a tática das fake news explorada pelo presidente americano trouxe aprendizados para o mundo virtual

Donald Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

Mariana Martucci

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 22h28.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 22h28.

Até a campanha de Obama, em 2009, nenhum político havia usado a internet de maneira tão contundente, inteligente e segmentada para criar comunidades. E, além de tudo, para arrecadar muito dinheiro. O case Obama virou um clássico, que se tornou um divisor de águas entre o que existia antes e o que veio depois. Antes não havia inteligência política nas entranhas digitais. Depois veio o maior processo de desinformação da história da humanidade. E um “herói” chamado Donald Trump.

Hoje, se os americanos decidirem (ou começarem a fazê-lo por conta do voto por correios) que o atual presidente Donald Trump não deve se reeleger, a internet terá perdido o político que superou Obama no uso da internet. Ele marca uma era incrível ao escancarar um dos maiores fenômenos do mundo da comunicação contemporânea: Trump é um dos grandes da web, acreditem, ao nos educar a reconhecer as fakes news em 3 palavras, 2  frases, 1 tweet! Praticando-as. Mais do que qualquer outra personalidade no mundo. Embora tenha seguidores do mesmo nível nessa escola.

Veja também

Numa fórmula absolutamente perfeita que mistura arrogância, frequência de postagens, desinformação (o fato distorcido) e notícias falsas, Donald Trump mostrou ao mundo a verdadeira face da distopia destes tempos misturando todas as instâncias do conteúdo, do fato, do privado, do público, do político, da economia... de tudo! A forma como usa as redes é o melhor aprendizado que pudemos ter até hoje sobre essa matéria. Ele nos enche diariamente de exemplos de como construir versões mentirosas e odiosas. De como conduzir a história pela sarjeta digital. Diariamente escreve leads inescrupulosos. Semanalmente provoca o mundo. E o mundo tem aceitado essa provocação.

A atuação de Trump – e seguidores - exacerba os fatos com exemplos e obriga a sociedade e suas instituições a saírem de seus lugares confortáveis atrás de soluções para resolver o tsunami de informação que se instituiu de uma forma tão escancarada. Então, hoje, queria deixar aqui o meu agradecimento a Donald Trump por ter nos mostrado a elasticidade obscura e as sombras terríveis que as fake news podem provocar. Por ter mostrado, como nenhum outro,  a face suja do jogo. A tag dele tá na rede. O outro lado precisa colocar a sua em campo com vontade de viralizar ou, pelo menos, fazer como o Twitter que, de forma transparente, disse não ao mentiroso americano algumas vezes.

Teremos muitas ações bacanas que o TSE vai usar nas nossas eleições municipais (veja aqui). É pouco? É? Mas é terreno que se avança. E melhor ainda quando se conhece o adversário. Para saber como atacá-lo e em que direção olhar.

E aqui vale a frase da escritora e ativista social americana Hellen Keller: “mantenha seu rosto voltado para o sol e você não conseguirá ver a sombra”.

*Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

Siga Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Mais da Bússola:

Bússola Trends recebe Julio Campos, da Unilever, e Luiz Dutra, da Mover

Design é problema

Eleições nos EUA: previsões em excelente companhia

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpFake newsRedes sociais

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Bússola

Mais na Exame