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Novo desafio das empresas é inovar no produto e ser eficiente na entrega

Novo desafio das empresas é inovar no produto e ser eficiente na entrega

Decisão de inovar exige que líderes enfrentem problemas complexos (Getty Images/Getty Images)

Decisão de inovar exige que líderes enfrentem problemas complexos (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 8 de junho de 2022 às 17h20.

Última atualização em 9 de junho de 2022 às 06h46.

Por Victor Mirshawka Jr*

Ao analisarmos 100 empresas brasileiras de médio e grande portes detectamos que as empresas mais disruptivas são aquelas que investem, em seu planejamento, em ações de capacitação do time. De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo), em seu relatório Índice de Inovação Global 2021 (IGI), dentre 132 nações, as cinco mais inovadoras são Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido e Coréia. No estudo, apesar de o Brasil ocupar o 57º lugar, atrás de Costa Rica (56º), México (55º) e Chile (53º), países líderes de inovação na América Latina e Caribe, o país alcançou sua melhor classificação, desde 2012, e foi considerado pela primeira vez como uma economia “expoente em inovação”.

Entretanto, por falta de planejamento nas organizações, de um ambiente propício à cultura da inovação e de coragem para agir de forma disruptiva, somente 33,6% das empresas brasileiras são inovadoras, segundo a Agência Brasil, em estudo recente.

O planejamento de capacitação de equipes é uma tarefa desafiadora até para os mais experientes gestores devido à quantidade de fatores envolvidos: investimento, processos, dados, temas, prazos... e o principal, claro, pessoas. A decisão estratégica de inovar exige que os líderes enfrentem problemas complexos. Se inovar fosse fácil, toda empresa seria disruptiva. É uma tarefa que demanda esforço, planejamento e, sem sombra de dúvida, grandes líderes. Nesse sentido, o planejamento da capacitação da força de trabalho deve incluir não somente líderes, mas principalmente os liderados que precisam aprender e reaprender habilidades relacionadas ao novo ambiente digital, ao relacionamento, à gestão de equipes, a resiliência e a lidar com incertezas.

Com a pandemia, nos últimos dois anos, o mundo sofreu uma transformação inesperada, caótica e rápida que trouxe consequências para tudo e todos. Principalmente para os colaboradores de uma organização, que foram diretamente impactados pelas novas formas de trabalhar, com o maior distanciamento e o dinamismo das relações de trabalho, a necessidade constante de inovação e os impactos de longo prazo (ainda não conhecidos) de uma pandemia sobre a saúde mental das pessoas.

Sem dúvida, um dos grandes desafios das organizações hoje é manter a cultura da empresa e a motivação dos funcionários, que podem estar trabalhando em lugares diferentes, outros escritórios, cidades e até países. Além disso, a flexibilização dos contratos de trabalho contribui ainda mais para o baixo engajamento da equipe com a cultura da companhia. Nesse aspecto, a criação de uma cultura criativa voltada para a inovação é um dos fatores mais importantes para treinar o time a fazer entregas disruptivas. E sobre isso, não tem discussão: a mudança de cultura depende da evolução das pessoas.

A inovação tem se mostrado não somente um diferencial competitivo, mas, uma condição obrigatória para operar (e continuar sobrevivendo) no ambiente globalizado cada vez mais complexo e volátil. Além disso, o domínio da ambidestria organizacional (eficiência operacional x busca pela inovação) se tornou um requisito básico para quem quer permanecer no mercado. Em poucas palavras, significa a habilidade de uma empresa ser, ao mesmo tempo, inovadora em seus produtos, serviços e modelo de negócio, e muito eficiente nas suas entregas, operando com o menor custo e a melhor qualidade possível. Mas será que as pessoas estão preparadas para isso?

Assim, entrar para o rol das empresas disruptivas exige mais do que uma boa ideia transformada em serviços ou produtos. É necessário focar nas pessoas, planejar e executar ações que possibilitem o desenvolvimento de uma cultura voltada para inovação. Mais do que nunca, as organizações atuais precisam prever programas de reskilling (reciclagem profissional) e upskilling (ensinar a um trabalhador novas competências para otimizar seu desempenho) para desenvolver as habilidades do presente e do futuro — como a liderança, a criatividade, a aprendizagem ativa, e, é claro, a inovação.

Facilitar o processo de colaboração entre os inovadores da organização, para que eles possam fazer isso de maneira correta e nas horas certas é fundamental para identificar e desenvolver conceitos genuinamente originais e com potencial de inovação.

Dessa forma, algumas dicas hacks, de acordo com o relatório Innovation Management MIT Sloan 2022, se tornam essenciais para potencializar o processo criativo do time. A primeira delas é na etapa de geração da ideia, promover a interação e expor os inovadores a perspectivas diferentes e, se possível, de pessoas que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto se faz essencial.

Na fase de elaboração do conceito, adote feedbacks positivos para estimular a autoconfiança da equipe e no estágio de promoção interna, busque o apoio de "network brokers", pessoas aparentemente desconectadas na organização, mas que possuem as conexões e a influência necessária para fazer a ideia evoluir. Em seguida, organize um grupo para a implementação da ideia com uma estrutura em forma de “clique”, onde todos têm acesso direto a todos e a visão é compartilhada entre os participantes.

Finalmente, crie  espaços para o pensamento individual e exposição a perspectivas diferentes — não recorra cedo demais ao trabalho coletivo para gerar ideias. Assim, ao adotar o esquema acima, impulsionará, com eficácia, a jornada de uma ideia desde a mente do criador até o marketplace.

Victor Mirshawka Jr é consultor sênior na Fábrica de Criatividade e professor da FiA.

 

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