Mercado de consórcios explode durante a pandemia e tem recorde de vendas
Na outra ponta, também aumentou o número de pessoas que precisaram se desfazer de suas cotas
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2021 às 17h39.
Última atualização em 10 de maio de 2021 às 20h01.
Por Bússola
Se a pandemia segurou o crescimento de muitos negócios, no setor de consórcios, houve um recorde de vendas, com mais de 3 milhões de novas cotas comercializadas. Em dezembro de 2020, os consórcios alcançaram 7,83 milhões de participantes ativos, de acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).
O consórcio é uma das mais antigas formas de compra coletiva, ou seja, uma compra baseada na união de pessoas com a finalidade de formar poupança para a aquisição de bens móveis, imóveis ou serviços. O sistema existe desde a década de 60, pensado para quem quer garantir, mesmo antes da aquisição, o pagamento do bem, organizando o fluxo de acordo com as possibilidades individuais.
A Bússola conversou com Alexandre Gomes, sócio-diretor da Consorciei, fintech que oferece soluções de inovação para o mercado de consórcios.
Como o consórcio colabora com a poupança para compra de carro ou casa própria?
Alexandre Gomes: Poupar exige disciplina e consistência e, por mais que isso possa parecer simples, executar esse plano não é trivial no dia a dia. É nesse cenário que o consórcio entra, ajudando a gerar o foco necessário na hora de poupar para adquirir um bem ou serviço. Afinal, é necessário fazer o pagamento da parcela todo mês para manter a cota ativa. Dessa forma, o hábito é mais facilmente incorporado à vida de cada um.
Comparando com outras alternativas de poupar, o consórcio pode ser muito vantajoso e trazer um caminho mais simples até a aquisição. Um dos motivos é que ele pode oferecer acesso antecipado ao bem.
Na poupança tradicional, deve-se juntar todo o dinheiro (ou, no mínimo, o valor da entrada) para realizar a compra ou um financiamento. Com o consórcio, você pode ser contemplado mais cedo e aproveitar o bem mesmo sem ter todo o dinheiro em mãos.
Bússola: Quais são as opções para quem adquiriu o consórcio, mas precisa se desfazer por conta de endividamento no cenário de pandemia?
AG: Nesse caso, existem três opções: i) reduzir o valor do crédito: por exemplo, se você tem um consórcio de R$100 mil e paga uma parcela de R$1.000 por mês, você pode reduzir seu crédito para R$50 mil e passar a pagar uma parcela de R$500, que caiba no seu bolso; ii) cancelar o consórcio: nesse cenário, o consorciado cancela sua cota e para de pagar as parcelas mensais, mas só terá direito a receber o valor que já contribuiu descontado das taxas ao término do grupo ou se for sorteado; ou iii) vender a cota: se o indivíduo precisa de liquidez imediata, a solução é vender a cota.
Algumas administradoras têm parcerias com empresas especializadas na compra de cotas, como a Consorciei, que oferecem essa alternativa para os participantes do grupo. Dessa maneira, você pode vender a sua cota, e o valor é depositado na conta em poucos dias.
Na Consorciei, em 2020, vimos um crescimento muito grande da demanda de consorciados querendo vender suas cotas, reflexo desse cenário de pandemia e dificuldade financeira. O número de transações, por exemplo, cresceu dez vezes em relação ao volume de 2019.
Bússola: Como a tecnologia contribui para o desenvolvimento e modernização desse mercado?
AG: O mercado de consórcios é muito grande e vem crescendo consistentemente nos últimos anos. Em 2020, o setor bateu recordes na comercialização de novas cotas, atingindo a marca de 3 milhões de cotas comercializadas, segundo dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). No entanto, ainda há pouca inovação tecnológica na indústria.
Um segmento que já evoluiu bastante foi o próprio mercado secundário, isto é, voltado para quem quer vender a sua cota de consórcio. Um processo que antes era offline, não-transparente, desorganizado e que envolvia altos custos de transação se tornou um processo 100% online, seguro, simples e rápido, com a ajuda de fintechs como a Consorciei.
Vejo que tem muito espaço para trazer inovação para o setor primário também, isto é, para a comercialização de novas cotas. Pesquisas indicam que somente 15% a 20% das vendas de consórcio se iniciam online, mas pouquíssimas de fato são concluídas digitalmente. Então existe uma oportunidade muito grande de modernizar esse segmento também, colocando a experiência do usuário no centro: desde a escolha do consórcio ideal até o fechamento do negócio, assim como no pagamento de parcelas e oferta de lances.
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