Secas, enchentes e outras catástrofes tornam evidente a emergência climática (Arte/Bússola)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 17 de outubro de 2023 às 08h00.
Seca histórica na Amazônia, enchentes no Rio Grande do Sul e outros eventos extremos são a evidência de que a emergência climática tem impactos concretos, graves e crescentes. Como temos exaustivamente repetido neste espaço, o futuro chegou.
Este é um daqueles casos em que não se tem qualquer prazer em estar certo, mas infelizmente os fatos se impõem. Desde que se estabeleceu a discussão sobre mudanças climáticas, cientistas alertam para o fato de que os eventos climáticos extremos se tornariam mais frequentes e mais severos. E é exatamente isso o que acontece diante de nossos olhos.
Sempre vale lembrar que sustentabilidade também trata de desenvolvimento social e crescimento econômico. E nas frentes social, política e de promoção da justiça e paz, também não temos conseguido avançar conforme a necessidade expressa na agenda 2030, como o noticiário de guerras e os dados sobre desigualdades deixam evidente.
E isso vai além da percepção cotidiana. Segundo o Relatório Luz de 2023, produzido pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, das 169 metas que compõem a agenda dos ODS, no último ano o Brasil teve 102 (60,35%) em situação de retrocesso, 14 (8,28%) ameaçadas, 16 (9,46%) estagnadas, 29 (17,1%) com progresso insuficiente, 3 (1,77%) com progresso satisfatório, 4 (2,36%) sem dados suficientes para classificação, e 1 (0,59%) que não se aplica ao País.
No ambiente corporativo, os avanços também parecem insuficientes. De acordo com uma pesquisa da Accenture em parceria com o Pacto Global, da ONU, apenas 15% dos compromissos corporativos ligados aos ODS estão encaminhados. E quase metade (48%) das metas está em estágio fraco ou insuficiente, enquanto o progresso estagnou ou retrocedeu em 37% das metas.
Além do problema das entregas insuficientes, parece haver no setor privado um desvio de percepções. Em sua maioria, as lideranças percebem os erros do setor e das empresas em geral, mas não reconhecem que seja necessário melhorar seu próprio desempenho. Uma contradição provocada pela arrogância. Segundo a pesquisa, 96% dos líderes empresariais afirmam entender o papel dos ODS na agenda de sustentabilidade, e 81% dizem que suas empresas fazem o suficiente para contribuir para os ODS. Mas o índice cai para 62% quanto à avaliação de que sua indústria tem feito o suficiente. Com relação ao setor privado como um todo, a taxa vai a 48%.
Tudo isso com uma dose de pessimismo, provavelmente motivada pelo momento de crises globais que vivemos. O número de CEOs que acreditam que o mundo alcançará os ODS até 2030 é quase metade hoje (49%) dos que afirmaram ser possível um ano atrás (92%).
O futuro chegou e trouxe desafios antecipados pela ciência - ambiental, econômica e social. Para que consigamos produzir um novo futuro e um presente um pouco mais sustentáveis é fundamental - e urgente - vencer os vieses individualistas e nos reconhecermos como parte do problema.
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