Biodiversidade (Leonardo Ramos/Wikimedia Commons)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 13h00.
A Conferência das Partes (COP) 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, está acontecendo em Cali, Colômbia, de 21 de outubro a 1º de novembro de 2024. O evento é, provavelmente, o maior da história em número de participantes, com líderes mundiais, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil voltados a discutir e implementar ações concretas para reverter a perda de biodiversidade.
A COP 16 tem como objetivo central a implementação do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal (sobre o qual já falamos aqui), o acordo global que visa proteger 30% das áreas terrestres e marinhas do planeta até 2030. Nesse sentido, os principais temas da conferência tem sido a mobilização de recursos financeiros, dada a necessidade de aumentar os investimentos em conservação. Aqui, a meta é US$ 200 bilhões por ano até 2030 e o trabalho a se fazer é enorme. Segundo o último relatório de financiamento para a biodiversidade da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o aporte em 2022 estava em aproximadamente 15,4 bilhões de dólares, 15% do objetivo. Por outro lado, a tendência é de crescimento, uma vez que o volume de recursos duplicou entre 2015 e 2022.
Outro aspecto fundamental é o fortalecimento, participação e valorização dos povos indígenas e comunidades locais, que desempenham papel fundamental na conservação da biodiversidade, especialmente em países megadiversos como o Brasil. Ao longo de gerações, essas comunidades desenvolveram conhecimentos profundos sobre os ecossistemas onde vivem, estabelecendo relações complexas e sustentáveis com a natureza. O vínculo cultural e espiritual com a terra, os sistemas de manejo e práticas sustentáveis e o conhecimento ancestral acumulado ao longo de séculos sobre os ciclos naturais, hábitos e interações entre os seres vivos são ativos críticos para a preservação da biodiversidade.
Por isso, é necessário que Estados e sociedades atuem para garantir os direitos das comunidades tradicionais, especialmente em temas como delimitação e reconhecimento de territórios, inclusão em políticas públicas, valorização do conhecimento ancestral, combate ao racismo ambiental e investimento em projetos de conservação. Tudo isso, é claro, garantindo a participação destas comunidades nos processos de tomada de decisão.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube