Sucessão em empresa familiar é um processo delicado e complexo (shironosov/Thinkstock)
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Publicado em 12 de maio de 2023 às 14h05.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 16h51.
Por Evandro Tokarski*
Por que vi tantos amigos chegarem ao fim da vida sem ter feito sucessores para suas empresas? Essa é uma pergunta que me fiz muitas vezes ao longo dos anos, enquanto assistia grupos familiares se desfazendo após a morte ou o afastamento do fundador. E, na maioria das vezes, a resposta parecia ser a mesma: falta de planejamento e preparo para a sucessão.
É fato que a sucessão em uma empresa familiar será sempre um processo delicado e complexo, que muitas vezes envolve questões emocionais e familiares que vão além dos aspectos técnicos e financeiros. No entanto, a chave para um processo bem-sucedido começa muito antes do momento em que ocorre de fato.
E sempre que alguém me questiona sobre como consegui fazer com que uma de minhas filhas se tornasse tão interessada no negócio a ponto de se tornar hoje CEO do grupo que fundei, respondo com outra pergunta: quantas vezes você levou suas crianças para trabalhar com você, para passar o dia na empresa?
Se seus filhos enxergam seu negócio como um motivo para afastar o pai ou a mãe de casa, como o culpado para que cheguem tarde em casa, para que percam um ou outro evento da família, jamais terão amor por aquilo que de fato é um motor de sucesso da família. Por isso, sempre quis envolver minhas filhas na empresa desde cedo. Elas conheceram de perto todos os detalhes da operação e aprenderam a amar a Artesanal e a se orgulhar de sua história. E isso fez toda a diferença.
Mais que isso, fiz questão que passassem a viver essa história comigo. Naiana Tokarski, CEO do grupo Artesanal, esteve a meu lado quando resolvi ampliar minha visão de farmacêutico, a base de nosso negócio, para gestão e marketing. Juntos completamos três cursos de pós-graduação. Nessas jornadas de aprendizado conjunto, discutimos problemas e encontramos soluções. Foram momentos únicos que só parceiros verdadeiros poderiam dividir. E essa preparação não só nos aproximou ainda mais como também me deu a certeza de que minha empresa estaria em boas mãos quando chegasse a hora da passagem.
A sucessão em uma empresa familiar deve ser encarada como um processo contínuo, que começa na infância e se estende ao longo da vida. O interesse e a curiosidade pelo negócio precisam ser estimulados. É preciso oferecer oportunidades de aprendizado e crescimento. E, acima de tudo, é fundamental construir uma relação de confiança e respeito mútuo, que permita uma transição suave e tranquila.
Completamos o processo de sucessão no Grupo Artesanal neste primeiro quarto de 2023. Deixei a presidência da companhia para assumir o conselho de administração, em um movimento de aperfeiçoamento de governança corporativa, tão importante para que as companhias modernas possam crescer de forma sustentável. Minha filha Naiana se tornou CEO do grupo, depois de 40 anos de minha gestão.
Não espero que ela faça o que eu fiz. Espero que faça mais. Que faça diferente e que conduza o grupo por um caminho que eu não conhecia. Por um mundo que muda constantemente e que precisa de uma mente aguçada como a dela. E estarei ali, ao seu lado, como sempre estive, mas com uma nova posição que me permite outros movimentos.
Não há fórmula mágica para garantir uma sucessão bem-sucedida em empresas familiares. Cada caso é único e envolve muitos fatores que devem ser cuidadosamente considerados. Mas planejar desde o primeiro dia pode fazer toda a diferença na transição entre as gerações.
*Evandro Tokarski é presidente do conselho de administração do Grupo Artesanal
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