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ESG: Regenerar é preciso. Inovar também pode ser. Saiba cinco princípios

Para regenerar é preciso métricas claras, específicas e de credibilidade; já para inovar é como a vida, um tanto de método e um tanto de arte

No caminho da agenda ESG é preciso estabelecer princípios consistentes. (Thithawat_s/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 08h30.

Última atualização em 31 de agosto de 2021 às 15h01.

Por Danilo Maeda*

“Navegar é preciso, viver não é preciso”. Foi com o verso de Fernando Pessoa que aprendi sobre a beleza da ambiguidade. A frase parece simples, mas contém profundas reflexões sobre ideias como urgência e exatidão, organização e improviso, planejamento e paixão, missão e propósito.

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Mas como esta não é uma coluna sobre literatura, assumo o risco de brincar com o clássico para afirmar que “regenerar é preciso, inovar não é preciso”. Explico por partes. O começo da sentença está bem estabelecido. Além da urgência por soluções regenerativas que viabilizem um futuro sustentável, é fundamental que tais ações sejam acompanhadas com métricas claras, específicas e de credibilidade. Do contrário, caminhamos em direção ao abismo. A sociedade espera que suas lideranças resolvam os grandes desafios desta geração. Ou seja, regenerar é preciso tanto pela pressão social quanto por demandas de clientes, investidores e pelo nosso próprio senso de responsabilidade.

Se regenerar é preciso e as soluções de que necessitamos ainda não foram desenvolvidas, inovar também é preciso, certo? Sim e não. Investir em inovações sustentáveis é claramente necessário e traz oportunidades relevantes, mas há diversas maneiras de se fazer isso. Inovar é, portanto, como viver: tem um tanto de método e outro tanto de arte. E assim como na vida, há caminhos que costumam funcionar melhor, aprendidos com a experiência.

Nesse sentido, vale começar definindo o que não é sustentabilidade e o que não é inovação. O primeiro impulso de muitas empresas diante de pressões externas (como a agenda da sustentabilidade) pode ser evitar a mudança real e investir apenas na mudança de percepção. Esse caminho leva a estratégias pouco consistentes, que chamamos de greenwashing. Elas não funcionam no médio ou longo prazo: as pessoas estão treinadas a perceber inconsistências e vão cobrar caro por isso. Em inovação, as chamadas big techs se consolidaram como as empresas com maior valor de mercado do mundo. Nesse momento muita gente confundiu inovação com colocar móveis modernos no escritório. Um “cool washing”, com o perdão do neologismo.

Se sustentabilidade e inovação são fundamentais para a prosperidade das empresas, quais princípios seguir? As ideias abaixo tentam responder isso. Elas são uma síntese de estudos e casos práticos, especialmente (mas, não restritos) aos descritos no livro “Winning Sustainability Strategies: Finding Purpose, Driving Innovation and Executing Change”, dos professores Benoit Leleux e Jan van der Kaaij.

1) Comece pelo mais importante. Uma avaliação de materialidade serve como guia para colocar recursos e esforços nos temas que geram mais impacto, tanto no negócio quanto nos seus públicos. Esse deve ser o filtro para decisão de investimento.

2) Invista para promover a mudança. Se já está claro quais desafios devem ser resolvidos, aloque recursos proporcionais ao seu tamanho e ao tamanho dos problemas mapeados. Afinal, algumas coisas não mudam só com boa vontade.

3) Esteja aberto (de verdade) a ouvir ideias e criar junto. E lembre-se que é preciso que todo mundo envolvido participe dos resultados, não só do trabalho. Isso significa criar um programa de open innovation,  com startups, hackathons, universidades e investimentos milionários? Sim. Mas também pode significar coisas mais simples como ouvir seus funcionários e clientes e dar a eles espaço, ferramentas e um ambiente de liberdade e cumplicidade.

4) Invista em diversidade, equidade e inclusão (DE&I). Além de ser um tema relevante dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, DE&I é motor para inovação, como está evidente por pesquisas e exemplos práticos. Mas não basta ter representatividade. É preciso um ambiente em que cada pessoa fique à vontade para se expressar como realmente é e veja perspectivas de futuro na organização. Não adianta ter porta aberta e cara fechada.

5) Garanta a participação da liderança e desenhe processos eficientes. O sucesso de processos de inovação sustentável depende menos do valor investido ou das soluções tecnológicas aplicadas do que de processos bem organizados e do envolvimento total dos funcionários e da alta gestão.

Por fim, lembro que se é impossível prever o futuro em detalhes, temos em nossas mãos a chance de moldá-lo de acordo com os nossos esforços de hoje. Para um futuro viável, sustentável e inclusivo, regenerar é preciso. Inovar também.

*Danilo Maedaé diretor de ESG no Grupo FSB

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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