ESG: o que você pode fazer pelo desenvolvimento sustentável
Uma boa estratégia de sustentabilidade precisa de foco e conexão direta com o negócio
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 3 de janeiro de 2023 às 16h30.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h48.
“Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”. A frase de John F. Kennedy captura uma ideia fundamental para o desenvolvimento sustentável, que é a centralidade do altruísmo e do senso de coletividade como elementos imprescindíveis para se obter o sucesso coletivo.
Isso é importante porque em vários aspectos sustentabilidade é um problema do tipo “tragédia dos comuns”. Essa é uma analogia utilizada para situações em que recursos compartilhados se esgotam por serem utilizados em ritmo superior à sua capacidade de renovação.
- IOF sobre compra internacional com cartão de crédito é reduzido. Veja o que muda
- Infraestrutura diz que 104 obras foram entregues em 2022, com investimentos de R$ 3,9 bi
- Lançamentos da Netflix em janeiro de 2023: veja os filmes e as séries
- Enem 2023: Inep divulga datas para inscrição, prova e divulgação de resultado; veja
- Sabesp (SBSP3): André Gustavo Mendes é liberado do BNDES para ser diretor-presidente da empresa
- As melhores ações da bolsa para janeiro: VALE3 está entre as 57 recomendadas
Ela se baseia na situação de pastores que compartilham uma parcela comum de terra na qual todos podem apascentar seus rebanhos. Se o número de animais ficar dentro de certo limite, a terra tem capacidade de continuar produzindo pasto para atender a todos.
Eventualmente, um ou mais pastores podem decidir aumentar seu rebanho para se beneficiar individualmente enquanto o custo em consumo de recursos (pasto, no caso) é compartilhado por todo o grupo. Conforme os demais fazem o mesmo, o limite sustentável da área será extrapolado e a terra não conseguirá mais se renovar. Em pouco tempo, o pasto se esgota e todos saem prejudicados.
A ideia é antiga. Ela foi expressa inicialmente pelo economista William Forster Lloyd em 1833, mas ficou famosa porque o ecologista Garrett Hardin a citou em um artigo de 1968. Desde então, costuma surgir em debates sobre escassez de recursos, sustentabilidade e até em defesas do controle de natalidade. Para mim, a analogia é particularmente poderosa para ilustrar como pode ser difícil e complexo criar mecanismos que incentivem um comportamento altruísta. Afinal, se pensarmos em termos de economia comportamental, é natural e esperado que as pessoas busquem maximizar seus próprios retornos, mesmo que isso gere prejuízos a terceiros ou a si próprio no futuro, que é quase a mesma coisa – parece existir uma tendência humana a negligenciar riscos que não se materializam imediatamente.
Portanto, a valorização da fraternidade, do propósito ou do “espírito heróico”, como propõem John Mackey e Raj Sisodia no já clássico Capitalismo Consciente, é de fato necessária para o desenvolvimento sustentável e para a regeneração. É evidente que em organizações com fins lucrativos essa premissa precisa ser conciliada com a geração de valor financeiro. Se sonhar é fundamental, executar com pragmatismo é o que paga as contas.
A boa notícia é que as evidências têm demonstrado como essa conciliação não é só possível, mas frequente e com correlações que se tornam cada vez mais claras. No longo prazo, empresas que entregam valor socioambiental e gerenciam bem seus impactos conseguem também gerar melhores resultados financeiros. Estabelecer o engajamento de stakeholders como mecanismo de gestão pode parecer dispersão de esforços, mas é um diferencial competitivo e estratégico que permite antecipar riscos e oportunidades.
Continuo acreditando que uma boa estratégia de sustentabilidade precisa de foco e conexão direta com o negócio. Mas, para ser sustentável de verdade, vale parafrasear a declaração que abriu este texto: não pergunte apenas o que sua estratégia de sustentabilidade pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo desenvolvimento sustentável.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
ESG: Sustentabilidade no planejamento estratégico