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Empresas precisam enxergar e incluir os minorizados

A mudança necessária envolve ampliar a forma de ver o mundo e sair das bolhas, para enxergar além de um único ponto de vista

Comunicação é fundamental no processo de inclusão (Jacob Ammentorp Lund/Thinkstock)

Comunicação é fundamental no processo de inclusão (Jacob Ammentorp Lund/Thinkstock)

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Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 18h30.

O tema diversidade tem tomado uma proporção cada vez maior nas organizações, especialmente naquelas que estão, de fato, preocupadas com a sua sustentabilidade. Além da performance financeira das empresas, os investidores passaram a se importar com a responsabilidade social e ambiental dentro das corporações. Essa preocupação e demanda recebeu o nome de ESG, um acrônimo de Environmental, Social and Governance, que tem como significado uma governança corporativa e gestão empresarial que foque no social e no ambiental, além da performance financeira.

Apesar de o ESG não ser um tema novo, a forma holística adotada é recente. Olhar para a sociedade e meio ambiente – para além do resultado pelo resultado – é o que as empresas ESG focalizam e para onde os investimentos estão sendo direcionados.

Quando falamos sobre diversidade é fundamental entender que somos todos diversos, e não há no mundo um ser humano igual ao outro. Somos diferentes, mas não divergentes em nossas semelhanças e individualidades. Precisamos entender todas as dimensões da diversidade, desde a personalidade de cada um até a organizacional e de uma era. Logo, cada ser tem sua própria vivência, suas experiências, sua cultura, etnia, sua nacionalidade, religião, formação e muito mais, e é isso que nos torna quem somos, seres únicos.

Esses itens podem ainda ser aparentes, como nacionalidade, idade, gênero, ou invisíveis, como status familiar, educação, valores, experiências, por exemplo.

Seja lá qual for o caminho que a empresa queira ou precise seguir dentro destas três letras, ela só conseguirá através do capital humano – por pessoas que tenham uma visão ampla de expansão no modo de pensar.

Essa mudança envolve ampliarmos nossa forma de ver o mundo e sairmos das nossas bolhas e enxergar além de um único ponto de vista.

Uma definição de diversidade, dentre algumas que existem e gosto é a que  dia que “diversidade é o conjunto de diferenças, visíveis e invisíveis e semelhanças que definem as pessoas e as tornam únicas, segundo seu gênero, etnia, orientação sexual, idade, religião, nacionalidade, deficiência física, cognitiva ou sensorial”. Ou podemos simplificar dizendo que é uma forma justa de entender e agir com relação às diferenças, reconhecendo e valorizando todo ser humano e sua contribuição.

É sair de um modelo de sociedade escravocrata, androcêntrica e binária, entendendo que o homem branco cisgênero e heterossexual, até então considerado o padrão da representatividade coletiva, não é um único, mas sim, parte desta sociedade diversa e rica. Ou ainda apenas fazer valer o Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma, que todos nascem livres em direitos e dignidade.

Os direitos humanos necessariamente e obrigatoriamente deveriam ser para todos. Todos são merecedores do respeito aos direitos contemplados na declaração universal dos direitos humanos e nos princípios dos direitos das nações unidas, estes últimos, deveriam ser universais e iguais para todos, reforçando que ninguém é mais ou menos que ninguém, e por isso deveriam ter os mesmos direitos garantidos.

Quando falamos em direitos iguais para todos os seres humanos, começamos a entender que mesmo sendo um país onde a maioria são mulheres – mais de 52% – e que os outros 56% da população são negros (soma de pretos e pardos), essa representação não é visível em nossos ambientes corporativos. Essa constatação comprova a desigualdade e a importância do papel das empresas como parte desta mudança cultural, que precisa ser feita, não por benevolência, mas até pela sua sustentabilidade.

É comum usar o termo minorias para se referir aos grupos excluídos dos seus direitos públicos, mesmo como mostrado acima que quantitativamente, são maiorias. Isso se deve ao fato de que vinculamos o termo à representatividade, poder, e não aos direitos e políticas públicas. Por isso, prefiro usar o termo minorizados, ou seja, mesmo sendo maioria pela sociedade foram excluídos dos seus direitos e por isso ficaram à margem.

Além desses públicos temos as pessoas com deficiência, os indígenas e os LGBTQIA+ que ainda fazem parte desse público que são estigmatizados e excluídos do padrão imposto pela sociedade, e por isso acabam por serem confundidos como ‘os diferentes’ como se fossem ‘a diversidade’ sendo que a verdade é a população que mais foi excluída e sofreram opressão, e por isso, teve que ir às ruas e lutar pelos seus direitos de existir e de serem reconhecidos como seres humanos.

O público LGBTQIA+, em geral, é o primeiro a ser lembrado quando a palavra diversidade é mencionada, digo isso com base na minha própria experiência e pelas diversas palestras que ministrei e nas vezes que tive a oportunidade de perguntar: Qual o primeiro público que vem à mente quando eu digo diversidade? E assim continuará enquanto a sexualidade for mais importante que os direitos humanos.

As empresas que entenderem que ter a representatividade e a diversidade dentro da organização, discutindo ações, melhorias, aperfeiçoamento e que tragam todas as vivências, poderão aumentar os seus resultados e a farão permanecer no seu plano de sustentabilidade. Não é mais aconselhável ter as mesmas pessoas discutindo essa mudança. É necessária toda a representação para expandir a consciência coletiva e assim aumentar a criatividade e os resultados financeiros e pessoais. Só assim as companhias vão atrair os talentos que cada vez mais unem os seus valores, experiências e ampliam a atuação das empresas nesta nova sociedade. Não há mais como delegar para os governos. É uma ação coletiva e os órgãos privados são parte dessa transformação.

Seja qual for o plano da empresa, essa transformação só acontece com educação, conversas francas e a criação de ambientes diversos onde o coletivo amplia as possibilidades de fazermos o melhor por cada ser humano. Não há uma receita pronta, mas há sim, muitas formas de desenhar e promover treinamentos, discutir de forma aberta temas, como: machismo, homofobia, capacistismo (discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência) e racismo para que sejam parte da criação da nova “Era”. Uma “Era” onde um ser humano seja capaz de ser humano e de respeitar outro indivíduo, aprendendo todos os dias a ser melhor.

O desafio das empresas, que têm nesta jornada um grande aliado, o Recursos Humanos (RH), é integrar a diversidade. Eles são mais do que estratégicos, podem resgatar a essência do que são as pessoas, e para isso, precisam buscar empresas especializadas no tema e nas pessoas que estão nesta luta. Essa busca contribui para acelerar e entregar, para cada colaborador, os temas que atendam exatamente o objetivo de maturidade que organização almeja.

Assim como você aprende e se emociona quando assiste um filme, uma peça ou lê um material e vê uma propaganda, há empresas como a Diversiflix, que te entregam conteúdo em modelo de streaming para que todos aprendam sobre o tema de forma leve e simples, mas com profundidade e simplicidade, como devem ser as relações.

Seguimos o plano de sermos melhor todos os dias e praticando o melhor que nos trouxe até aqui. A arte de nos comunicar.

*Eduardo Mitelman é CEO da DNA Conteúdo e fundador da plataforma Diversiflix, e Ricardo Mota é especialista em diversidade e curador do portal Diversiflix.

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