Empresas negociam dívidas tributárias com contrapartidas relacionadas a ESG
O advogado e especialista no tema, Luciano Ramos Volk, comenta: “Alinhar interesses financeiros com valores éticos é uma obrigação das grandes empresas."
Plataforma de conteúdo
Publicado em 17 de outubro de 2023 às 07h00.
Dois casos recentes apontam uma nova tendência para empresas que buscam reduzir dívidas com a união:o acordo de transação com a Fazenda Nacional, para quitar débitos tributários , oferecendo como contrapartida a manutenção de políticas de assistência social.
O primeiro caso é da Manikraft Guaianazes Indústria de Celulose e Papel, que fechou pacto de transação com a Fazenda Nacional para quitar débitos tributários que somam R$ 288 milhões. A empresa ofereceu políticas de assistência social na região da sua sede, em São Paulo, como forma de ter acesso a um desconto de 80% de dívida com a União.Com o desconto, e a possibilidade de compensar o passivo com prejuízo fiscal, a empresa vai pagar R$ 64,6 milhões em até dez anos.
- Sem precedentes: Google, Amazon e Cloudware confirmam que lidaram com ataque cibernético nunca visto
- Quando é a Black Friday 2023? Veja qual dia cai a data
- O que entra na Netflix esta semana? Veja os filmes e as séries
- Light (LIGT3) ganha mais três meses de proteção contra credores em nova decisão da Justiça
- IBGE diz que previsão é de recorde nas produções de soja, milho, trigo, sorgo e algodão em 2023
- Argentina limita compra de dólares para estrangeiros, a pedido de BC do país
Anteriormente, em agosto, o Grupo João Santos, produtor do cimento Nassau, fez um acordo de transação tributária que prevê ações ESG, se comprometendo a apoiar a erradicação da exploração sexual, adotar ações que previnam ou reparem danos ao ambiente e fazer esforços para melhorar a qualidade do ar no entorno das suas fábricas.
Luciano Ramos Volk, sócio do VGF Advogados e especialista no tema, comenta: “É um incentivo para outras empresas.Os acordos nesta modalidade seguem o que preconiza a Portaria nº 6.757, de 2022, que coloca como objetivos da transação fiscal a promoção da função social da empresa e a execução de políticas públicas, com espaço para entender o direito tributário com transversalidade”.
Segundo Volk, porém, ainda há uma falha a ser corrigida pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). “Faz sentido que a função social da empresa e a contrapartida que ela oferece à sociedade sejam levadas em conta, mas o descumprimento das contrapartidas sociais não gera sanções. Daí que se caracteriza como uma transação individual, mas não especificamente com a força, o compromisso e a pujança do ESG, capaz de transformar a vida de pessoas”, comenta.
“Alinhar interesses financeiros com valores éticos é uma obrigação das grandes empresas. O mundo empresarial brasileiro está em meio a uma profunda metamorfose, num momento em que a sustentabilidade, a diversidade, a inclusão e a equidade se tornaram preocupações primordiais. Só falta a criação de regras de cumprimento e que a organização se adapte a essas novas exigências contemporâneas”, conclui Volk.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Jirau recebe principal certificação internacional de sustentabilidade para hidrelétricas
Na Rio Innovation Week 2023, Eneva abre com aposta no gás natural
ESG e os conselhos de administração, uma corrida contra o tempo