Danilo Maeda: Gestão de riscos ESG na cadeia de valor
Organizações serão cada vez mais responsabilizadas pelos impactos sociais e ambientais em suas cadeias de valor
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 14 de março de 2023 às 18h30.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h52.
No começo deste ano, listamos aqui algumas tendências da agenda de sustentabilidade que deveriam se consolidar ao longo do ano. Uma delas era a gestão das cadeias de valor. Nossa hipótese era que o crescimento do consumo consciente e da demanda social por responsabilidade e engajamento socioambiental colocaria as marcas sob escrutínio com relação a seus impactos diretos e indiretos.
Além disso, a estruturação recente de iniciativas setoriais e investimentos para rastreabilidade em cadeias críticas trazem mais um vetor de visibilidade para o tema, desta vez provocado pela própria indústria. “Desta forma, produção livre de desmatamento e de vulnerabilidades sociais tornam-se requisitos mais que desejáveis” foi o comentário feito à época.
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Passadas algumas semanas, a tendência se confirmou. Alguns casos recentes ganharam as manchetes e reforçaram a percepção de que organizações serão cada vez mais responsabilizadas pelos impactos sociais e ambientais em suas cadeias de valor. Diante de tais situações, é válido refletir sobre como mitigar esses riscos e o que fazer nos casos em que, mesmo com ações preventivas, problemas do tipo se verificam na prática.
Reflexão
Para a primeira reflexão, produzimos há algum tempo um e-book com 10 boas práticas de compras sustentáveis, que buscam exatamente orientar empresas e organizações sobre como mapear e mitigar seus riscos socioambientais na cadeia de valor. Partimos do entendimento de que é evidente – e natural – que empresas de grande porte tendem a ser responsabilizadas. Afinal, elas possuem poder de influência suficiente para induzir boas (e más) práticas.
Uma atuação responsável pressupõe que se estabeleçam relações sustentáveis com fornecedores e outros agentes interessados. Ou seja, é preciso estabelecer mecanismos que vão além da simples cobrança por indicadores socioambientais, mas que respeitem o tempo de desenvolvimento e necessidades de cada organização. Para isso, os dez passos iniciais que sugerimos estão listados abaixo (saiba mais aqui ):
- Mapear os principais impactos (e a proporção entre impacto direto e indireto).
- Identificar e classificar riscos e oportunidades.
- Avaliar recursos existentes e nível de desenvolvimento da cadeia.
- Avaliar criticidade dos stakeholders.
- Estabelecer matriz de temas prioritários na cadeia.
- Definir indicadores.
- Preparar os agentes da cadeia para gestão dos impactos.
- Alinhamento de cultura e boas práticas, nutrindo o processo de engajamento.
- Implantar em parceria, empoderando e responsabilizando os agentes da cadeia.
- Incorporar novas demandas e aplicar PDCA constantemente.
Mas existem situações em que, mesmo com uma abordagem preventiva, problemas acontecem. Nesses casos, é necessário aprender com os erros. Uma diligência detalhada para identificar as falhas estruturais, processuais, culturais e/ou humanas que levaram à concretização do risco é o primeiro passo para correção efetiva de rota.
A partir daí, cada caso precisa ser avaliado em específico. Mas de forma geral é recomendável que se estabeleçam planos de ação associados a compromissos públicos, metas e mecanismos de transparência e de engajamento de stakeholders. O objetivo é reconstruir pontes e relações de confiança com audiências críticas, que tem potencial de impacto relevante no negócio. Tanto em cenários de calmaria quanto de reconstrução, o engajamento genuíno é um ativo-chave para mapeamento, prevenção e mitigação de riscos.
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