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Coronavírus e a busca por futuros necessários

Especialista em comunicação digital alerta para a necessidade de olhar com cuidado para o futuro das relações pessoais, tão impactadas pela pandemia

Família durante distanciamento social (FG Trade/Getty Images)

Família durante distanciamento social (FG Trade/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 21h52.

Passados existentes e os futuros prospectáveis foram conceitos provocativos de uma master class em talk recente que tivemos na FSB com Silvio Meira, cientista chefe da TDS. E me trouxeram uma série de perguntas necessárias para estes dias. Embora estejamos no olho do furacão, é esta, sem sombra de dúvida, a hora de olhar com cuidado para nossas possibilidades de futuros.

Disse Silvio: “temos uma ideia, na nossa própria vida, que chegamos até aqui por conta de um conjunto de coisas que fizemos no passado. Estamos no presente e, a partir daqui, vamos pro futuro, como uma coisa contínua. Porém, em qualquer ponto do presente, tem um conjunto muito grande de alternativas de futuro que a gente pode consumir agora. Como se fossemos uma máquina de consumir futuros.”

Temos mesmo que consumir agora, e correndo, nosso futuro pós-coronavírus.

Mas como fazer isto nesses tempos “coronials”, quando mal conseguimos nos manter com foco em necessidades básicas deste cenário distópico? Como avançar para o futuro se mal achamos tempo e razões para compreender porque as curvas de segunda onda do coronavírus europeu não sensibilizam os “inocentes” do Leblon,  de Ipanema,  de Madureira, do país, enfim? Fingir (ou não ver mesmo) a Europa do presente já é consumir nosso futuro agorinha mesmo.

Enquanto muitos se contaminam pela miopia (já estabelecida como uma epidemia paralela real, não?), há que se achar ânimo para pensar e  prospectar futuros. Então, deixo eu aqui a minha provocação. Quantas vezes você já ouviu falar, nestes 8 meses, sobre quais modelos de negócios serão os melhores quando a ciência nos der a vacina? Você já ouviu falar de social commerce, de high tech/low tech, mercado de influência e saúde como prioridades, por exemplo. Tendências reais e comprovadas. Mas minha provocação está em outra linha: na gestão e resoluções dos novos “contratos” familiares estabelecidos pelos rígidos padrões que o home office impôs às famílias.

Vivemos sim uma troca de era (Meira, Silvio). Na saúde, nas empresas, no mercado. E ela traz fortíssimos impactos nas relações familiares. Uma nova fronteira permeada por cansaços de rotina, dores de perdas, divórcios, desempregos, deterioração de saúde mental e estapafúrdios aumentos de violência doméstica e feminicídio.

“Magazines Luizas”, Pix, carros autônomos, menos abundância/mais escassez e a “pandemia” do clima? São fatos dados também. Mas seria bom se a gente começasse a forçar o olhar para prospectar o futuro nas relações familiares e parentais. Independente do futuro que a gente construa, são as nossas relações pessoais que levaremos para lá. É o modelo que sustenta todos os outros. Urge achar tempo para vivê-lo desde já, agora, disfarçado de presente.

*Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

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