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Consumidor ama o Pix, mas boleto ainda é a menina dos olhos dos negócios B2B

Estudo revela digitalização progressiva dos negócios entre empresas, movimento que envolve cautela, mas também entraves

Reforma tributária: empresas precisam se adequar para evitar riscos fiscais e operacionais. (Nit Termmee/Getty Images)

Reforma tributária: empresas precisam se adequar para evitar riscos fiscais e operacionais. (Nit Termmee/Getty Images)

Aquiles Rodrigues
Aquiles Rodrigues

Repórter Bússola

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 07h00.

Apesar da paixão dos brasileiros pelo Pix, utilizado por 63% deles em 2024, o método de pagamento ainda não é o favorito das empresas. Nos negócios entre elas, o B2B, quem domina é o boleto – presente num volume de 60% a 80% das transações dos 12 principais segmentos econômicos (CNAEs)

O Pix não representa sequer 2% das transações entre empresas brasileiras. Segundo pesquisa da Qive, a adesão cresceu de 0,8% para 1,6% entre 2023 e 2025, mas é a menor entre os meios de pagamento utilizados no B2B.

As empresas brasileiras estão recusando a digitalização dos pagamentos?

Não exatamente. O estudo da Qive, “Panorama do Contas a Pagar 2026”, analisou mais de 315 milhões de notas fiscais eletrônicas de pagamentos B2B, totalizando R$ 3,7 trilhões em valores entre janeiro de 2023 e setembro de 2025. Segundo coCEO da empresa:

“Os dados mostram que a digitalização avança, mas no universo B2B a mudança é gradual e estratégica. As empresas não substituem o boleto da noite para o dia porque ele cumpre funções críticas de conformidade e integração.”

Para ele, Christian de Cico, que também é cofundador, alguns dos principais fatores da permanência do boleto são compliance bancário, facilidade de conciliação e integração com sistemas de gestão (ERPs).

No geral, os CFOs (diretores financeiros) não estão andando para trás, apenas dando passos cautelosos. No recorte, o boleto movimentou R$ 2,47 trilhões em valor financeiro, com 224,3 milhões de notas fiscais liquidadas, mas também não foi o único método utilizado.

Outros métodos tradicionais ainda são preferidos

O boleto foi protagonista no Varejo, que concentrou 75,58% das notas via boleto em 2025, mas transferências bancárias e depósitos também tiveram movimentações significativas. 

A movimentação das transferências bancárias foi de R$ 374,9 bilhões em 14,1 milhões de notas no período neste recorte. O share financeiro de "transferências" por segmento mostram predomínio do formato em setores contratuais

  • Serviços – 27,9%, 
  • Energia – 27,1%,
  • Setor público – 17,2%.

Já os depósitos bancários somaram R$ 318,5 bilhões em 10,9 milhões de documentos e ampliaram seu share de valor financeiro de 10,3% (2023) para 11,9% (2025), especialmente em: 

  • Energia – 24,4%, 
  • Setor Público – 22,8%,
  • Educação – 12,8%.

 “A dinâmica dos pagamentos B2B no Brasil é uma tapeçaria complexa. A coexistência entre boleto, Pix, transferências, cheques e até vales corporativos não reflete atraso, mas sim uma adaptação às necessidades de cada segmento”, diz Isis Abbud, coCEO e Cofundadora da Qive.

Desafios no fluxo de caixa e automação

Mas a digitalização progressiva dos pagamentos B2B não é só uma questão de cautela. Pesquisa complementar da Qive, via Opinion Box, aponta para entraves na gestão financeira das empresas. 

Entre as grandes companhias, preocupações são lideradas por:

  • Prazos longos de recebimento – 41,2%,
  • Erros de dados – 35,3%.

Entre pequenas e médias:

  • Falta de previsibilidade no fluxo de caixa atinge 40,9% e 40%, respectivamente, 
  • Inadimplência aparece como destaque em 31,8% das pequenas. 

Um em cada três negócios afirma ter sofrido mais perdas por pagamentos indevidos em 2025 do que no ano anterior, e 31% ainda realizam cobrança e conciliação de forma totalmente manual.

A pesquisa complementar reuniu 406 respostas de profissionais das áreas administrativa, financeira, fiscal, de compras, contabilidade, TI e controladoria, abrangendo cargos desde analistas a C-levels.

“Compreender essas dinâmicas é fundamental para que líderes financeiros tomem decisões embasadas e preparem suas organizações para um cenário de pagamentos cada vez mais integrado e inteligente”, conclui Isis. 

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