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Como o mercado brasileiro de assinaturas supera “fadiga de streaming”

Projeções mundiais para 2022 mostram que mais de 150 milhões de pessoas deverão cancelar alguma assinatura de streaming

Serviços de streaming é o novo “aluguel” dos brasileiros (Future Publishing/Getty Images)

Serviços de streaming é o novo “aluguel” dos brasileiros (Future Publishing/Getty Images)

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Publicado em 30 de maio de 2022 às 14h40.

Última atualização em 30 de maio de 2022 às 15h06.

Por Ralf Germer*

O conceito de faturamento recorrente não é novo. As pessoas já estão habituadas a esse tipo de pagamento na rotina diária, como para pagamento de aluguel, mensalidades escolares e até mesmo de academias. No entanto, o modelo de negócios baseado na economia da recorrência se tornou mais popular nos últimos anos, principalmente no ambiente digital.

Os streamings de séries, filmes e músicas são exemplos de plataformas que possuem milhões de usuários ao redor do mundo que pagam uma assinatura para ter acesso a seus serviços. Mas esse mercado de streaming mundial, parte importante da economia da recorrência, está apresentando sinais de declínio e taxas de evasão mais altas com relação a outras formas de assinatura.

A chamada “fadiga de streaming” tem criado instabilidade nesse modelo de negócios. Pelo menos, é o que mostra a consultoria Deloitte: de acordo com as projeções mundiais para 2022, a previsão é de que mais de 150 milhões de pessoas deverão cancelar alguma assinatura de streaming. E, além disso, a taxa de rotatividade entre plataformas deve girar em torno de 30%.

Embora isso possa ser uma preocupação para vários países e, também, para muitos nichos e modelos de negócios, acredita-se que o mercado de assinaturas irá aumentar no Brasil, indo na contramão mundial e não sofrendo os impactos do fenômeno que acomete o streaming. Os dados sobre a recorrência no Brasil são realmente animadores, especialmente se for analisada como um modelo de negócios sustentável no longo prazo, com possibilidades de explorar personalização de produto, motor promocional e a consequente retenção de clientes.

A pandemia incentivou os consumidores brasileiros a migrar das lojas físicas para as digitais. E isso resultou no nascimento de um mercado bilionário, com vendas online chegando na casa dos R$ 260 bilhões, conforme dados levantados pela gestora Canuma Capital e divulgados pela Infomoney. Com o crescimento do e-commerce no país, os clubes de assinatura também ganharam espaço e ajudaram a construir um hábito de consumo no qual o consumidor paga de forma recorrente para receber produtos e serviços de forma confortável e automática.

Segundo a consultoria Betalabs, os clubes de assinatura no Brasil cresceram 19% em 2021. E, até 2023, 75% das empresas que atuam com vendas oferecerão serviços com recorrência, conforme previsão da consultoria Gartner. São setores diferenciados, principalmente voltados para produtos e bens de consumo, que aproveitaram o bom momento da economia da recorrência para criar seus clubes de assinatura próprios.

As maiores e mais bem-sucedidas indústrias do país encontraram terreno fértil em modelos de pagamentos recorrentes. Além disso, os empreendedores digitais estão em alta no Brasil, bem como seus clubes de assinatura. Os principais setores que ganharam destaque com esse modelo de venda são alimentos e bebidas, saúde e nutrição, maquiagem e produtos de beleza, pet, SaaS e educação.

A recorrência foi além do streaming, e os clubes de assinatura ultrapassaram as fronteiras de serviços, chegando a áreas que antes eram quase impossíveis de prever. E, nesse sentido, o Brasil contorna a fadiga de streaming por apostar em diversidade dentro da economia da recorrência.

*Ralf Germer é CEO e cofundador da PagBrasil

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