Com casos e mortes em alta, inverno amplia risco de novo repique da covid
Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortes e taxa de transmissão demonstra que contágio está acelerado
Bússola
Publicado em 21 de junho de 2021 às 18h10.
Última atualização em 21 de junho de 2021 às 19h04.
Por Marcelo Tokarski*
Nesta segunda, começou oficialmente o inverno no Brasil, que traz junto com ele uma ameaça de agravamento da pandemia de covid-19 no país. Isso porque, com temperaturas mais baixas, as pessoas tendem a ficar em espaços mais fechados, o que favorece a contaminação pelo SARS-CoV-2.
E, nas últimas duas semanas, quando os termômetros já marcaram temperaturas mais baixas em boa parte do país, o contágio se acelerou fortemente. A média móvel de novos casos registrados por dia saltou de 57.542 em 9 de junho para 73.595 ontem, um crescimento de 28%. Estamos nos aproximando do patamar recorde de toda a pandemia (77.129 novos casos por dia), registrado em 27 de março.
A taxa de transmissão (Rt) hoje no país está em 1,07, segundo o Imperial College de Londres. Sempre que está acima de 1,0, significa que o contágio está acelerado. O 1,07 indica que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 107, o que aponta para o aumento do número diário de casos registrados nos próximos dias.
Com o contágio acelerado, o número de óbitos voltou a apresentar altas significativas. Na quarta-feira passada, o indicador superou novamente a casa das 2.000 mortes diárias, onde está desde então, chegando neste domingo a 2.063. É a maior média móvel desde 1º de abril.
Na comparação com duas semanas atrás, quando voltou a subir, a média móvel de mortes apresenta crescimento de 26%. Na semana terminada neste domingo, foram registradas 14.424 mortes por coronavírus em todo o país. Foi a pior em seis semanas consecutivas.
Com a chegada do frio em boa parte do país, a tendência é de aumento de casos e mortes. Para ter uma ideia, no ano passado morreram por covid-19 no Brasil 88.132 ao longo dos três meses de inverno, 76% mais do que nos três meses anteriores, de outono. Claro que o inverno e suas baixas temperaturas não são a única explicação, pois na época a pandemia acelerava no Brasil, mas as estações climáticas têm influência sobre o comportamento das pessoas e, consequentemente, do vírus.
500.000
Neste fim de semana, o Brasil rompeu a trágica barreira das 500.000 mortes. Já chegamos a 501.825 vítimas da covid-19. Em número absolutos, só perdemos para os Estados Unidos, que já passaram das 617.000 mortes. Mas a diferença é que, lá, com a maioria da população já vacinada, os números de casos e mortes vêm caindo.
Para ter uma ideia, na última semana, enquanto o Brasil registrou 67 novas mortes para cada grupo de 1 milhão de habitantes, nos EUA esse indicador foi mais de 10 vezes menor (apenas seis a cada 1 milhão). No acumulado de mortes, proporcionalmente ao tamanho da população, o Brasil já tem 27% a mais de mortes: 2.345 para cada 1 milhão de habitantes, ante 1.854 nos Estados Unidos.
O Brasil também é hoje o país que mais registra novos casos de covid-19 em todo o mundo. Nos últimos sete dias, de acordo com o Worldometer, foram 513.932 novos casos, quase 90.000 mais que a Índia, a segunda colocada neste triste pódio. Na última semana, o total de casos no Brasil aumentou 10% em relação à semana anterior, enquanto na Índia houve recuo de 29% no mesmo período.
Enquanto não tivermos a imunidade de rebanho gerada pela vacinação em massa, seguiremos como um dos piores palcos da pandemia em todo o globo. A boa notícia é que a média móvel de doses de vacina aplicadas por dia atingiu ontem o recorde de 1,249 milhão. Dividindo-se por dois, temos a média de pouco mais de 600.000 pessoas imunizadas por dia. A má notícia é que ainda estamos com apenas 11,5% da população imunizada (pessoas que receberam as duas doses). Ou seja, o caminho até alguma normalidade ainda será longo.
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