Projeto tem o objetivo de democratizar o acesso ao cinema (Spcine/Divulgação)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 16 de setembro de 2023 às 10h00.
Por Danilo Vicente
O Circuito Spcine é a rede de salas de cinema da Prefeitura de São Paulo formada por 20 espaços, sobretudo, em bairros não atendidos pelas salas comerciais. O objetivo do projeto é democratizar o acesso ao cinema e garantir mais telas para a produção cinematográfica nacional, de maneira gratuita ou a preços populares: R$ 4 a inteira e R$ 2 a meia-entrada.
Se você, como eu, imaginou que os filmes exibidos seriam aqueles antigos da Sessão da Tarde, na TV Globo, errou feio. Fui conferir a programação e vi destaques do circuito internacional, blockbusters e produções de relevo em festivais nacionais ou de fora.
A mesma surpresa me pegou em relação às instalações. As 20 salas estão em cinco centros culturais (o de Cidade Tiradentes é grátis e os da região central cobram ingresso) e 15 Centros Educacionais Unificados (CEUs), estes gratuitos. Foram escolhidos porque tinham como receber equipamentos de projeção e áudio de cinema, já que não são usados dispositivos amadores para reprodução. A ideia é dar a mesma experiência de um cinema convencional. Todos os filmes são negociados diretamente com as distribuidoras, que enviam para o Circuito os mesmos arquivos exibidos nas salas comerciais.
Um dos destaques da programação deste mês é o documentário Retratos Fantasmas, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho. A produção foi exibida no último Festival de Cannes e estará no Centro Cultural São Paulo (sala Paulo Emílio) dia 22 de setembro, às 19h.
Tem também o blockbuster Barbie, recordista de bilheteria neste ano em todo o planeta, Visions in the Dark, documentário novinho em folha da brasileira Flávia Moraes sobre a relação entre humanos e cavalos, e Vai Ter Troco, comédia brasuca que chegou aos cinemas agora em agosto.
A programação, com filmes legendados e dublados,é pensada conforme o perfil de cada sala. Em algumas, como a que fica na Biblioteca Roberto Santos, no Ipiranga, com acervo especializado em cinema, o Circuito privilegia produções menos comerciais. O projeto ainda abre espaço para filmes que tenham relação com as comunidades locais.
E há complementos aos filmes. No dia 22, após a exibição de Retratos Fantasmas no Centro Cultural São Paulo, ocorrerá um debate sobre o livro “Se a cidade fosse nossa", com a autora Joice Berth, cujo tema dialoga com o filme.
A programação, que muda semanalmente, e os locais de exibição podem ser conferidos no site da Spcine. Os ingressos são distribuídos uma hora antes de casa sessão, de acordo com a ordem de chegada. Cada pessoa pode pegar dois tíquetes.
Em um movimento pela inclusão, o Circuito disponibilizou em todas as suas 20 salas recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva e visual. A adaptação das salas foi finalizada na primeira quinzena de maio deste ano. Estão preparadas para oferecer os recursos de audiodescrição, janela com intérprete da língua brasileira de sinais (Libras) e legenda oculta. O espectador que solicita os recursos recebe um equipamento para uso exclusivo durante a sessão de cinema.
Vale lembrar que a Spcine, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, é uma “empresa de fomento ao audiovisual”. Está aí um encaixe perfeito ao projeto. Não são poucas as salas – 20 – que estão espalhadas pela cidade. Os ambientes são bem cuidados – e é importante que haja manutenção. Os títulos são criteriosamente escolhidos. E o valor cabe nos bolsos (quando não é de graça). É um ótimo fomento ao cinema, seja para os espectadores, seja para quem trabalha na área.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Sim, o turismo do Rio de Janeiro precisa de uma tirolesa
Bússola Cultural: semana destaca espetáculo circense 60+ e Dia Nacional do Teatro
PLAY: Grammy pode premiar música cantada por IA imitando Drake e The Weekend