Celso Silveira Mello, empreendedor e educador, deixa legado para o país
Executivo que gostava de viver o dia a dia do campo teve grande contribuição para a agropecuária brasileira e o ensino superior do Pará
Bússola
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 20h20.
Um dos expoentes do ramo agropecuário brasileiro, o empresário Celso Silveira Mello Filho, 73 anos, morreu na manhã desta terça-feira em um acidente de avião. A aeronave caiu logo após a decolagem na cidade de Piracicaba (SP), vitimando também sua esposa Maria Luiza Meneghel, seus três filhos, Celso, Fernando e Camila, o piloto Celso Elias Carloni e o copiloto Giovani Gulo.
Piracicabano, Celso formou-se em economia pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, e iniciou sua trajetória profissional ao lado do irmão Rubens Ometto Silveira Mello. Nascido em uma das famílias mais tradicionais do ramo sucroalcooleiro, fez história no interior paulista, sendo considerado por muitos um dos "desbravadores" do interior do país.
Ao lado do irmão, Celso ajudou a construir uma das principais holdings do Brasil, a Cosan, gigante do setor de energia e infraestrutura. Seu trabalho começou na primeira usina da família, a unidade Costa Pinto, onde hoje é a sede da quarta maior empresa do País, a Raízen, joint-venture do Grupo Cosan com a Shell.
Foi lá que tomou gosto pelo trabalho no campo. Os perfis dele e do irmão eram complementares: enquanto Rubens focava sua atuação na administração financeira e comercial para expandir os negócios, Celso gostava de vivenciar o dia a dia da operação do canavial.
Conhecido como Celsinho pelos funcionários da usina, ele fazia questão de estar próximo das pessoas. Nas partidas de futebol no final da tarde, atuava na posição de atacante, ajudando o time União Costa Pinto Futebol Club, ou simplesmente “O Azulão da Usina”, a se destacar entre os adversários.
“Esse era o Celsinho, uma pessoa reservada, mas que não abria mão de uma boa partida de futebol. Tive o privilégio de trabalhar ao seu lado por 18 anos, e ele sempre foi desta maneira, quando estava em campo, fazia questão de ser gente como a gente”, revela Pedro Mizutani, hoje membro do Conselho de Administração da Cosan.
A paixão pelo futebol também o levou a ser presidente do mais notório time da cidade, o XV de Piracicaba. Presidiu o clube em duas oportunidades, uma em 1988 e outra em mandato que durou de 1989 a 1992. Nos últimos anos, vinha compondo o quadro do Conselho Deliberativo do XV.
Paixões futebolísticas à parte, era no meio da operação que os colegas diziam que ele se destacava. Empresário dinâmico, ávido por empreender, sempre teve muito orgulho de sua vocação agrícola inabalável, como ele mesmo gostava de enfatizar. Ao se afastar da operação da Cosan, mantendo-se apenas como acionista, ingressou no ramo agropecuário.
“O Celso gostava de ficar no meio do mato, junto com os bois dele. Tinha uma fala mansa, tranquilo como um pescador – inclusive, um de seus hobbies –, assim como era o seu pai, o saudoso também Celso”, descreve Bob Coutinho, amigo de longa data do empresário e que conversou com a reportagem enquanto se deslocava para Piracicaba para se despedir do amigo querido.
Empreendedor e educador
Em 2016, Celso recebeu a principal condecoração a um cidadão de Piracicaba, homenageado com o título de "Piracicabanus Praeclarus". Mas foi longe de sua terra natal que construiu o que era um dos seus principais orgulhos, a Faculdade de Ensino Superior da Amazônia. Localizada em Redenção (PA), cidade a 900 quilômetros de distância da capital Belém, a instituição foi criada em 2004. Celso gostava de falar em solenidades: “Sou um agricultor que também se apaixonou em ser educador". Ele sempre fez questão de ressaltar que “da semente plantada com o surgimento da faculdade nasceu uma lavoura educacional”.
Sua relação com o estado do Pará não foi apenas marcada pela criação da faculdade: é nesse Estado que está localizada uma das principais fazendas de gado que deram origem a sua empresa, a CSM Agropecuária.
“O Pará era o lugar para onde ele partiu esta manhã junto da família, e onde mais gostava de estar, com suas botas sujas de barro. Celso fará muita falta. Parte deixando um legado notório para o estado e o setor agropecuário brasileiro”, diz Bob Coutinho.
Família
Maria Luiza Meneghel, de 71 anos, era esposa de Celso, e Camila Meneghel Silveira Mello, de 48 anos, filha do casal. Os filhos Fernando Mello e Celso Mello eram gêmeos de 46 anos e, como o pai, também tinham paixão por esportes.
Fernando era atleta de tiro esportivo, e foi campeão sul-americano, chegando inclusive a representar o Brasil nos Jogos-Pan Americanos de Lima, no Peru, na categoria fossa olímpica. O irmão Celso era piloto de autocross desde adolescente, sendo tricampeão brasileiro (2011, 2012 e 2017).
Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedIn | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também