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Bia Félix: por que o conflito intergeracional é contraproducente?

Generalismos são armadilhas e devem ser deixadas de lado para que possamos aprender e crescer

Entenda como as gerações podem se relacionar melhor no ambiente de trabalho (Pekic/Getty Images)

Entenda como as gerações podem se relacionar melhor no ambiente de trabalho (Pekic/Getty Images)

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Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 13h00.

Última atualização em 6 de março de 2024 às 11h58.

2024 será o ano em que a Geração Z ultrapassará os Baby Boomers no mercado de trabalho – e, com isso, podemos esperar uma mudança considerável na dinâmica profissional. Sabe por que? É que, nessa nova realidade, as convicções de uma geração antes dominante (Baby Boomers) – que priorizava estabilidade, hierarquia, lealdade às empresas e promessas de sucesso econômico – vai agora coexistir, de maneira mais próxima, com os valores da Geração Z, a que busca equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, almeja ter voz no ambiente de trabalho, valoriza transparência, diversidade e inclusão.

Diante desse cenário, é preciso abordar uma das questões mais significativas quando se trata da Geração Z: o conflito entre ela e as gerações anteriores. O desafio para ambas as partes reside em uma problemática comum: a generalização.

A armadilha das generalizações:

Hoje em dia, é comum encontrar opiniões nas redes sociais rotulando a Geração Z de preguiçosa, muito demandante, a que mais tem problemas de comunicação. E, não raro, as críticas vêm acompanhadas da seguinte frase: "no meu tempo não era assim". 

Essas são apenas generalizações. Da mesma forma que a geração Z é percebida desse jeito, também é normal ler um "ok, boomer" de um gen Z como resposta a uma pessoa mais velha nas redes sociais

No entanto, seria justo afirmar que todos da Geração Z são preguiçosos e que todos os boomers não estão dispostos a compreender as mudanças que vieram após eles? 

Como sempre falo, é importante entender que, para toda geração, existem particularidades econômicas, sociais e culturais. Mesmo assim, independentemente da idade e desses fatores, seja nos 20 e poucos, 50 ou 80 anos, a busca é sempre a mesma: uma vida com paz e harmonia. Queremos prosperidade, viver com felicidade e saúde, boa remuneração e sucesso.

Então a pergunta é: como podemos esperar uma vida harmoniosa se a habilidade de compreender e aceitar o outro está em conflito?

A culpa é dos jovens

O mal do século sempre recai sobre o jovem: aquele que acha que pode mudar o mundo. Recentemente, os termos "quiet quitting"e  "lazy girl job" viralizaram, refletindo, para alguns, a busca por um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal.

Enquanto, de um lado, há quem interprete essas expressões como uma tentativa de alcançar um melhor equilíbrio, do outro, alguns veem esses termos como uma atitude de preguiça em relação ao próprio trabalho. No entanto, ao considerar essa perspectiva mais crítica, convido à reflexão: será que o desejo por equilíbrio é exclusivo da Geração Z?

A ansiedade se transformou no maior problema de saúde mental global, afetando pessoas de todas as idades, e os millennials ganharam a reputação de serem a geração do burnout. Essas tendências refletem uma necessidade mais ampla de repensar a relação entre trabalho e bem-estar, transcendendo as fronteiras geracionais.

A busca pela valorização das diferenças

Para superar os atritos decorrentes de generalizações, a solução não está em tentar impor as crenças dos baby boomers aos Gen Zers – pelo contrário, essa saída só intensificaria os conflitos. Uma alternativa mais construtiva é celebrar as diferenças e considerar de que maneira as gerações podem se complementar.

Os mais velhos possuem habilidades que a nossa ainda não desenvolveu, especialmente no que diz respeito às habilidades básicas de socialização no ambiente profissional. Estas, embora não estejam diretamente vinculadas às tarefas diárias do trabalho, podem aumentar o desempenho e até evitar o burnout. Isso se deve, em primeiro lugar, à acumulação de experiência ao longo do tempo e, em segundo lugar, ao Zeitgeist (termo em alemão que significa espírito da época). Muitas das habilidades que a minha geração teria adquirido no mercado de trabalho foram impactadas pela pandemia de COVID; em contrapartida, desenvolvemos outras, como o uso mais intenso das redes sociais, de criação de soluções no ambiente online. Isso oferece aos jovens a oportunidade de utilizar suas habilidades em mídias sociais para fazer a diferença, um privilégio que profissionais em início de carreira há 20/30 anos desejariam ter.

É por isso que eu aprecio muito a ideia de ter mentores. Assim, aprendemos com pessoas mais experientes, mas também temos a chance de ensinar algo novo, algo que, para nós, parece natural. Nessa troca, nenhum dos lados tenta impor um padrão, mas sim contribuir com o que sabe.

O conflito muitas vezes surge pela expectativa de que o outro deva possuir o que temos, focando nas semelhanças e encarando as diferenças como algo negativo. E se olhássemos para essas diferenças como complementares? Para alcançar isso, é necessário um olhar aberto e empático de todas as gerações, prontas para ensinar e aprender.

Neste mês de fevereiro, a Bússola vai publicar toda quinta-feira uma coluna da influenciadora Bia Félix. Ela… 

  • Cria conteúdo voltado para a geração Z na comunidade "20 e poucos", que conta hoje com quase 60 mil pessoas. 
  • É a única residente brasileira participando do programa UNESCO x Women@Dior em 2023, programa internacional de mentoria e educação que ajudou a desenvolver milhares de mulheres jovens em todo o mundo.
  • Se formou em Publicidade pela ESPM.

Esta é a quarta coluna dela. Para ler a primeira, clique aqui

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