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Ageless: os principais desafios do profissional 50+

Na coluna deste mês, Mauro Wainstock entrevista Patrícia Paniquar, Diretora de Transição de Carreira Brasil da LHH e conversa sobre desafios dos profissionais acima dos 50 anos

 (AscentXmedia/Getty Images for National Geographic Magazine)

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Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 15h15.

Por Mauro Wainstock*

Na coluna deste mês, trago uma entrevista que realizei com Patrícia Paniquar, Diretora de Transição de Carreira Brasil da LHH, empresa globalmente reconhecida por sua liderança em consultoria e soluções de talentos, com sede em Zurique, Suíça.

Durante a nossa conversa, abordamos os desafios enfrentados pelos profissionais acima de 50 anos no mercado de trabalho.

1) Quais são as expectativas e demandas dos profissionais 50+ em relação à carreira?

Em sua grande maioria, desejam continuar contribuindo no mercado de trabalho e gerar renda, mas o que está em pauta é o ritmo que pretendem imprimir nesta empreitada. É uma geração que está vivendo a revolução da longevidade e quer expandir isto para o pilar profissional. Com a reforma trabalhista, muitos viram seu tempo de aposentadoria se estender, aumentando também seu período de contribuição. Os altos custos dos planos de saúde também fazem com que busquem alternativas em empregos que tragam benefícios.

É comum observar o interesse deste público em ter mais flexibilidade de horário e regime de trabalho híbrido ou remoto com o objetivo de conquistar maior equilíbrio vida-trabalho, além da possibilidade de uma agenda mais otimizada para colocar em prática outros interesses e poder cuidar de familiares idosos.

Esta fase da vida leva muitos deles a buscarem atividades em que possam contribuir de maneira mais significativa e alinhado a seus propósitos. Também desejam compartilhar o que aprenderam para deixar um legado e ser reconhecido por suas trajetórias. 

2) Cite os diferenciais destes profissionais em relação às demais gerações.

Eles têm como principais diferenciais a experiência, a maturidade para gerir crises, o repertório para tomada de decisão, a resiliência e a habilidade em liderar equipes, além de serem valiosos em momentos de mudanças estratégicas. Trazem um forte senso de compromisso e estabilidade e possuem uma rede de contato extensa. Embora não sejam nativos digitais, muitos participaram do surgimento da internet e da evolução da tecnologia e demonstram adaptabilidade e curiosidade para acompanhar as mudanças.

3) Enumere os principais fatores para as empresas não contratarem profissionais acima dos 50 anos e dê sugestões para superá-los.

- Defasagem tecnológica: Há um estigma de que profissionais 50+ podem estar desatualizados em relação às ferramentas e metodologias utilizadas no mercado de trabalho atual, principalmente em um cenário de mudanças rápidas. Como superar: promover upskilling e reskilling focados em novas tecnologias.

- Alto custo de benefícios: Planos de saúde para profissionais mais velhos são significativamente mais caros, o que pode aumentar o custo total de contratação. Como superar: promover programas de bem-estar e saúde preventiva, ofertar pacotes de benefícios modulares e personalizáveis.

- Etarismo: Crença de que indivíduos nesta faixa estão mais cansados e com menos energia. Como superar: trabalhar a Diversidade e a Inclusão através de programas e práticas podem influenciar e conscientizar a organização, além de promover a integração entre gerações, proporcionando projetos que exijam a troca entre profissionais de diferentes idades. 

4) Quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais com mais de 50 anos ao buscarem recolocação no mercado de trabalho? 

- O avanço rápido da tecnologia faz com que muitos profissionais nesta faixa etária se sintam desatualizados. Um desafio importante é a crença de alguns indivíduos e organizações que associam a idade à falta de flexibilidade, baixa energia, dificuldade de adaptação ou menor produtividade, o que não é verdade.

- Profissionais mais experientes muitas vezes possuem um patamar salarial mais alto, o que pode não estar alinhado com as ofertas do mercado, especialmente em posições de entrada em novas áreas. Ter clareza de que as carreiras são fluidas e que movimentos laterais ou um realinhamento são naturais e podem facilitar caminhos no mercado. Para lidar com esses obstáculos, é importante ter a mente aberta, ser curioso e se atualizar constantemente, seja na sua área de origem ou se capacitando em novas frentes. Investir em treinamentos para aprimorar as habilidades, que são exigências do mercado, é fundamental. Manter o networking ativo, comunicando constantemente seu momento e objetivos, também ajuda o profissional a ser lembrado e requisitado. Além disto, ele deve pensar em uma carreira por portfólio (atuando em múltiplas frentes, com diferentes formas de gerar renda).

5) Existem políticas ou programas de incentivo fiscal para a contratação de profissionais 50+ (CLT)?

Há alguns movimentos: o Projeto de Lei 4890/19 está tramitando na Câmara dos Deputados e propõe a concessão de incentivo fiscal para empregadores que contratem funcionários 60+. Ao deduzir um salário-mínimo a cada semestre de contrato com um trabalhador de 60 anos ou mais, as empresas podem encontrar um estímulo financeiro para recrutarem funcionários mais experientes. 

O Projeto de Lei 609/24 institui um regime de incentivos fiscais para empresas que contratarem mulheres 50+. O objetivo é estimular a criação de mais oportunidades de trabalho para elas. 

6) Quais setores ou indústrias estão mais propensos a absorver a mão de obra 50+?

Grupos familiares e empresas de pequeno e médio porte. A experiência, a maturidade e a busca por um lugar onde possam contribuir com suas vivências são interessantes para esta fatia do mercado.

7) Quais os principais benefícios da mescla geracional no ambiente corporativo?

Alguns dos principais benefícios desta troca são:

- Equipes multigeracionais trazem abordagens complementares para a solução de problemas.

- Melhor retenção de talentos e transferência de conhecimento.

- Fortalece a marca empregadora e a responsabilidade social.

8) Além da CLT, que outras formas e modelos de trabalho podem ser buscados por profissionais 50+? 

- PJ: a pessoa física se transforma em uma pessoa jurídica (CNPJ) e oferece seus serviços em troca de uma remuneração, sem o vínculo empregatício tradicional da CLT.

- “Interim Management”: contratação temporária de um executivo experiente para preencher uma lacuna de liderança ou gerir um projeto específico. Ele entra em cena para resolver problemas estratégicos, realizar transformações organizacionais, ou durante períodos de transição, como fusões e aquisições.

- Executive as a Service: envolve a contratação de um executivo "sob demanda" para fornecer consultoria ou tomar decisões estratégicas, mas com vínculo temporário e flexível. Diferente do “Interim Management”, que pode ser mais operacional e focado em execução, ele está mais relacionado à prestação de serviços estratégicos de alto nível, sem necessariamente envolvimento na gestão do dia a dia.

*Mauro Wainstock foi nomeado LinkedIn TOP VOICE, é diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos, membro do Instituto Brasileiro de ESG, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária e fundador da consultoria HUB 40+.

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