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Ageless: educação inclusiva e diversidade comportamental na prática para 4 gerações de colaboradores

Como integrar de forma agregadora quatro gerações no mesmo ambiente de trabalho? Mauro Wainstock responde

gerações diferentes atuando em uma mesma equipe, cada uma delas com uma mentalidade e um estilo de trabalho

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Publicado em 5 de agosto de 2024 às 16h00.

Por Mauro Wainstock*

Nas palestras que realizo in company sobre diversidade etária e integração geracional, um assunto é recorrente no bate-papo posterior com as lideranças: que ações práticas a empresa precisa realizar para propiciar a inclusão genuína dos colaboradores na cultura organizacional?

Invariavelmente, este tema é seguido pela pergunta: como integrar de forma agregadora quatro gerações no mesmo ambiente de trabalho, cada uma com as suas características próprias, conhecimentos plurais e diversificadas experiências?

Segure a sua ansiedade que já responderei a primeira questão, mas antes vou desmistificar o conceito de que as gerações são caixinhas padronizadas que têm comportamentos totalmente semelhantes dentro delas e radicalmente diferentes fora.

Então as quatro gerações têm interesses em comum? 

Na realidade, as gerações são complementares e todos nós possuímos características de várias delas. Sim, as pessoas que estão enquadradas através da terminologia “Baby Boomers” e das letrinhas Y, X e Z têm similaridades devido ao ano de nascimento, mas também afinidades com outras faixas etárias em muitos interesses, perspectivas e comportamentos.

Portanto, não faz sentido em criar divisões e estereótipos, mas sim em entender atitudes e objetivos dos colaboradores. Cada um deles vem de realidades distintas, aprendizados diversos e vivências baseadas em sua intransferível e exclusiva jornada. E isto tudo deve ser levado em consideração. 

Exemplos:

- Seus colaboradores sabem que a frase “Nossa, você não parece a idade que tem” é considerada etarista, e não um elogio? E, por outro lado, “Ele é muito jovem para aquele cargo” também embute o preconceito etário?

- Tem lógica oferecer benefício de saúde englobando apenas os filhos se muitos profissionais não querem ter herdeiros, mas se preocupam com os pais – que viverão cada vez mais? Há alguma iniciativa real que ofereça a opção para os ascendentes do colaborador?

Deixo estas questões para a sua reflexão!

E agradeço a sua espera sobre a primeira pergunta. Agora vamos a ela!

Mas antes... é preciso fazer uma revisão sincera dos processos seletivos para garantir que não exista nenhum resquício de discriminação. Antes de incluir, é preciso não excluir!

Mas antes...  é indispensável que o líder assuma o seu papel e a sua responsabilidade, sem o apoio e engajamento genuíno dele o processo não deve nem sequer ser iniciado.

Ações que podem ser tomadas

As ações que recomendo, listadas abaixo, se aplicam tanto para a inclusão de novos colaboradores, como na permanente conscientização, valorização e empoderamento dos atuais. E devem ser exercidas e aprimoradas constantemente.

Onboarding

Desenvolva um material de onboarding para funcionários que transmita o conteúdo de maneira agradável e didática sobre a cultura, a missão e os valores da empresa. Ele pode ser no formato de game, de guia, e-book ou em algum outro modelo, inclusive seguido por quiz. Mas vá além: também deixe muito claro as regras, a linguagem a ser utilizada e formas de atuar no quesito diversidade. No jornalismo há vários trabalhos semelhantes, o chamado “Manual da Redação”, com informações sobre como devemos ou não escrever determinadas palavras e textos. Importante: a educação é primordial; o engajamento, imprescindível.

Offboarding

No caso do offboarding (processo de desligamento), a empresa pode oferecer workshops sobre Linkedin para o colaborador que está sendo desligado, ajudando-o a ser mais competitivo no mercado de trabalho, a fortalecer o seu networking e a sua marca profissional. No caso dos aposentados, pode contribuir através de capacitações para o empreendedorismo, apresentando caminhos para que ele possa atuar ainda por muitos anos de forma equilibrada, lucrativa e sustentável, afinal, os boletos também chegam após os 60 anos... Além disto, este trabalhador pode ser convidado para participar de mentorias e palestras inspiradoras dentro da empresa; a prestar eventuais consultorias e até mesmo dar o seu depoimento para registro histórico.

Troca de experiências entre colaboradores de diferentes gerações

Estimule a troca dos variados conhecimentos, experiências e intensifique o intercâmbio de pensamentos através de squads, hackatons, rodas de conversas e workshops ministrados pelos próprios colaboradores. Lembre sempre: integração real é sinônimo de criatividade e propicia o surgimento de inovadoras soluções. 

Cultura de aprendizado contínuo 

Disponibilize cursos para o aprimoramento de novas habilidades, sobretudo as comportamentais. Entre os temas que sugiro estão: comunicação, liderança, ferramentas digitais e gestão do tempo. Programas de mentorias internas, que prestigiem os próprios “colaboradores-mentores”, são excelentes neste sentido e possibilitam que profissionais de diferentes gerações aprendam uns com os outros. Atenção: sem possibilidade de evoluir, não há motivação; a consciência se transforma em respeito; a inclusão em lucratividade.

Ambiente de trabalho acolhedor 

Construa um ambiente de trabalho acolhedor que atenda aos anseios das diferentes gerações, como trabalho remoto, horários de trabalho flexíveis e programas de bem-estar personalizados. Crie métodos para prevenir a sobrecarga de trabalho, o stress emocional e o burnout. Tenha em mente: o equilíbrio é fundamental; a saúde mental é uma necessidade.

Escuta ativa

Implemente a “escuta ativa”: realize pesquisas de satisfação, promova reuniões regulares onde todos possam expressar suas opiniões e ideias, sem julgamentos, Ofereça canais amigáveis de comunicação e ferramentas para denúncias. É óbvio, mas não custa reforçar: métricas são fundamentais, escutar e atuar concretamente fazem a diferença.

Agora é contigo, bora fazer acontecer!

*Mauro Wainstock foi nomeado Linkedin TOP VOICE, é membro do Instituto Brasileiro do ESG, mentor de executivos, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária/integração geracional e sócio-fundador da consultoria HUB 40+.

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