(illustration/Getty Images)
Bússola
Publicado em 7 de março de 2022 às 19h00.
Por Marco França*
O planejamento estratégico de sucesso depende de uma coisa bem básica: o alinhamento dos sócios na visão de futuro do negócio. O alinhamento dos sócios depende bastante de suas agendas pessoais. Apesar de óbvio, este alinhamento está longe de ser trivial. As pessoas possuem estilos, valores, idades, obrigações, personalidades e crenças distintas. Toleram diferentes níveis de risco em suas vidas pessoais e profissionais. Uma jornada longa de convivência profissional, não raro, gera desgaste e cansaço.
Além disto, a vida profissional pode ou não ser entendida como um projeto de vida por todos os sócios, dificultando temas de sucessão ou profissionalização verdadeiras e duradouras. Muitas vezes, se faz necessário a definição de regras formais de convivência de acionistas definindo as responsabilidades, quóruns e pautas da companhia, facilitando as decisões.
Outro tema, frequentemente negligenciado, é o envolvimento do “chão de fábrica” no planejamento. Os gerentes, em geral, sabem exatamente as dores e os gargalos do negócio, muitas vezes melhor que os próprios diretores e conselheiros da companhia.
A abordagem “top down” para transformar o negócio, normalmente, não é bem aceita e a consequência é um engajamento baixo na transformação. A prática mais recente recomenda sempre que o corpo gerencial participe e tenha voz ativa no processo. No fim das contas, do presidente ao gerente, todos têm a contribuir.
Em empresas familiares, é necessário envolver os sucessores que já ocupam cargos chave, sem a ansiedade de subirem ao poder. Isto também vai dar crédito para as mudanças e facilitará a implantação do plano e da meritocracia.
O bom processo de mudança passa por entrevistas com sócios e gestores, definição de priorização de áreas, responsáveis e objetivos, de forma individual e integrada, para evitar conflito de interesses em processos envolvendo mais de uma área. O planejamento estratégico que funciona envolve ações claras e resultados objetivos.
Mudar as coisas, mesmo que já arraigadas há tempo, sempre é possível. Com metodologia fica mais fácil. Mas, sem o genuíno desejo dos sócios de mudar e a humildade de entender que não se sabe tudo, a jornada de transformação não se inicia. Nunca é tarde para começar.
*Marco França é engenheiro pela PUC e sócio da Auddas
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