Santiago: é extremamente importante que trabalhemos em conjunto para aquecer cada vez mais o ecossistema dos países da América Latina (Walter Bibikow/iStock/Getty Images)
Bússola
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 13h00.
Última atualização em 21 de dezembro de 2021 às 13h12.
Escalar. Essa é a palavra-chave para o crescimento saudável de uma startup. Mesmo que o Brasil tenha um mercado extraordinário a ser explorado, a escalabilidade de um negócio em uma economia globalizada demanda a internacionalização em seu âmago.
Pensando na relevância do empreendedorismo e inovação no contexto socioeconômico, é extremamente importante que trabalhemos em conjunto para aquecer cada vez mais o ecossistema dos países da América Latina, uma região que ainda apresenta pouca intensidade tecnológica comparada à América do Norte e Europa, mas que se destaca por sua resiliência e criatividade: aspectos fundamentais para bons empreendedores.
Contudo, esforços vêm sendo feitos na região. Um dos locais mais propícios para começar essa jornada é o Chile. Sua capital, Santiago, é conhecida como “Chilecon Valley” por seu alcance a empreendedores globais e outras políticas favoráveis à inicialização de negócios.
O governo chileno tem se dedicado muito à abertura de seu ecossistema para startups estrangeiras, com programas como o Startup Chile, que oferece processos de aceleração e incubação, além de um arranjo de investimentos constantes na área da ciência e tecnologia. A construção de um ambiente de inovação diversificado é um diferencial enorme porque o país passa a se conectar com outras nações e a desenvolver um hub global de empresas inovadoras. É por isso que o Global Entrepreneurship Index o apontou como o melhor da América Latina para fazer negócios em 2021.
De acordo com o Global Innovation Index 2021, o Chile tem o sistema de inovação mais equilibrado da região, conquistando a primeira posição nos pilares Infraestrutura (47o) e Instituições (40o). No último, os quesitos Ambiente Regulatório (50o), Qualidade da Legislação (25o) e Segurança Jurídica (26o) do país tiveram posições relevantes no ranking.
Além disso, o pilar Capital Humano e Pesquisa (51o) conquistou uma posição privilegiada entre os países latinoamericanos pelo percentual de matriculados no ensino superior (oitavo) e Sofisticação do Mercado (66o), com destaque para os itens Disponibilidade de Crédito para o setor Privado (16o), Microcrédito (26o), e Tarifa Tributárias aplicadas ao comércio internacional (quarto).
Combinando o incentivo ao empreendedorismo internacional a uma série de medidas que facilitam o ambiente de negócios e à redução de burocracia, o resultado é um ecossistema mais aberto e livre para o desenvolvimento de novos empreendimentos. Por mais que aqui o número de artigos científicos seja consideravelmente maior, a proporção de patentes e a transformação desse conhecimento em produtos para o mercado é maior no Chile. Esse é um investimento efetivo em tecnologia que provoca a transformação para o ambiente de negócios, gerando riqueza e retornando ao Estado por meio da arrecadação de impostos.
Entretanto, por mais aberto que o ecossistema de Santiago esteja a empreendimentos estrangeiros, existem várias etapas no processo de internacionalização de uma empresa. É preciso analisar a cultura e o mercado local para, eventualmente, adaptar sua solução e também saber como abordar possíveis parceiros comerciais. Além disso, entender como e onde encontrá-los é imprescindível.
Combinada a uma jornada longa, burocrática e complexa, temos a inexperiência prática de todos os novos empreendedores que buscam ampliar seu trabalho para outros países. Por isso, é muito interessante procurar o apoio de programas de internacionalização de startups. Eles são formulados para muni-los de conhecimento empreendedor, técnicas de pitch internacional e até a encontrar parceiros comerciais para obter sucesso no exterior.
A discussão acerca deste tema e os esforços para apoiar empreendedores são tão importantes porque o desenvolvimento socioeconômico é um movimento que começa na educação, concebendo seres críticos e pensantes, passando pela cultura, que proporciona discernimento e avaliação crítica, pela ciência, que gera conhecimento e o compartilha com a sociedade, até a tecnologia que é a sua aplicação prática para a solução de problemas reais, e culminando na inovação: a transferência disso tudo ao mercado. Todos esses investimentos são igualmente imprescindíveis para alavancar economicamente nosso país.
*Rodrigo Mendes é diretor de relações internacionais da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), entidade parceira do StartOut Brasil, que está com inscrições abertas para o ciclo Santiago até dia 10 de janeiro