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A evolução da governança corporativa

Diretora de relações com investidores e de ESG da Cosan fala sobre a reorganização societária que a empresa consolida hoje, com evento online na B3

Companhia anuncia emissão de debêntures (Amanda Perobelli/Reuters)

Companhia anuncia emissão de debêntures (Amanda Perobelli/Reuters)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 10 de março de 2021 às 11h12.

Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

As boas práticas de governança corporativa, na definição do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum.

Dessas três letras que chegaram definitivamente ao topo do ranking de atenção dos investidores, o ESG, a governança é a mais conhecida de todos.

Governança sempre foi um elemento importante de avaliação de empresas pelo mercado financeiro. Um gestor que quisesse fazer um investimento de longo prazo em uma determinada empresa certamente precisava entender como ela era controlada e administrada. Se a alta administração de uma empresa é responsável por definir e executar a estratégia, garantindo a entrega dos resultados prometidos, e se, ao menos em tese, são esses resultados que vão determinar a valorização das ações dessa empresa ao longo do tempo, analisar a estrutura de governança de uma empresa antes de investir parece bem óbvio.

Mas mesmo o velho G precisou evoluir muito nos últimos tempos, para acompanhar essa grande revolução nos critérios de investimento do mercado financeiro. Se até bem pouco tempo atrás o mercado idealizava as chamadas Corporations como benchmark de governança corporativa, valorizando a ausência de um controlador predominante ou contando o número de board members independentes a partir de critérios estáticos, a realidade, sempre ela, causou reflexões importantes. A evolução da percepção do mercado sobre a Cosan é um ótimo exemplo.

Nós vínhamos há algum tempo em um processo importante e crescente de construção de confiança com os investidores, mostrando track record de alocação de capital e de retorno dos investimentos, além de entrega consistente de resultados há mais de uma década, independentemente das turbulências políticas e econômicas.

Mas sempre, ao final de cada reunião com investidores, tinha uma pergunta de governança, principalmente de alinhamento com o acionista controlador em função da estrutura societária do Grupo.

Como tudo na vida, uma empresa com controlador, ou “de dono”, tem prós e contras. Um acionista minoritário pode argumentar que está mais protegido ou mais representado na tomada de decisão numa Corporation. Em compensação, uma empresa de dono tem mais agilidade, mais velocidade na tomada de decisão, pode ir mais fundo na avaliação de risco e retorno para capturar oportunidades.

No nosso caso os números falavam por si. E acima de tudo tínhamos o compromisso de adotar os melhores padrões de governança. Na nossa visão, se havia algum desalinhamento entre controlador e minoritários, esse “desalinhamento” se chamava horizonte de investimento e compromisso de longo prazo, foco claro do “dono”.

Esse é um momento extremamente importante na história do Grupo Cosan.

A partir de hoje, a Cosan passa a ter uma única holding, a Cosan S.A. (CSAN3), listada no novo mercado da B3 sob os mais altos padrões de governança, e com uma ADS na bolsa de Nova Iorque a partir de amanhã. Concluímos mais uma etapa muito importante da nossa jornada de evolução, na qual formalmente viramos uma página importante no tema de governança.

A pandemia da Covid-19 mostrou a importância da gestão, da capacidade de reação rápida e coordenada, de mobilização. Nesta hora, compromisso e liderança fizeram toda a diferença. E os resultados podem ser medidos de forma muito pragmática, seja na resposta à pandemia e no cuidado com as pessoas, seja na gestão da crise macroeconômica que ela trouxe, na esfera pública ou privada. Além disso, ao catapultar o ESG como critério de investimento para o mercado financeiro, a pandemia colocou no centro das atenções o tema da sustentabilidade e o olhar educado e criterioso para o longo prazo.

Independentemente da estrutura, nós na Cosan sempre pensamos em ESG como uma ferramenta de gestão para tomar decisões verdadeiramente sustentáveis no longo prazo, especialmente quando combinadas com o E de economics. É através da governança que a Cosan exerce seu papel de gestora de um portfólio de ativos e de pessoas, definindo a estratégia corporativa do Grupo e a estratégia de cada um dos negócios com seus sócios, permitindo que cada um desses negócios tenha a independência necessária para entregar resultados de forma alinhada com os princípios do Grupo.

O dia de hoje é, acima de tudo, uma prova de que controle e governança podem ser grandes parceiros na criação de valor de longo prazo para todos os stakeholders.

 

* Paula Kovarsky é diretora de relações com investidores e de ESG da Cosan, e é head do escritório de Nova York da empresa

 

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