Série sobre a história do spotify está disponível na Netflix (Lucas Jackson/Reuters)
Bússola
Publicado em 23 de janeiro de 2023 às 13h42.
Última atualização em 23 de janeiro de 2023 às 13h57.
Para quem está empreendendo, quer empreender, ou simplesmente tem intenção de entender mais sobre o tema, a história da concepção do Spotify traz belos insights. Para ajudar a identificar pontos de importância que todo empreendedor deve se atentar, Alexandre Uehara, founder, head de inovação da Innov8 e professor MBA em gestão da inovação e transformação digital na Fiap, lista dez lições que podem ajudar na jornada de quem tem interesse no tema.
“O bacana da série em cartaz na Netflix é que a história é contada em seis episódios, cada um deles tendo a visão das pessoas mais importantes dentro do contexto. Assim, nem sempre o ângulo de um é o do outro e a série aponta como isso pode impactar o negócio”, diz o especialista, que ainda é Primary Ambassador SingularityU Chapter em São Paulo.
Participam como protagonistas dos episódios: Daniel Ek (fundador), Per Sundin (indústria da música, de uma gravadora), Petra Hansson (advogada da empresa), Andreas Ehn (CTO), Martin Lorentzon (cofundador) e Bobbie T (artista musical).
Lições
Esteja pronto para o pitch em qualquer lugar (na rua, por exemplo)
Já no primeiro capítulo, Daniel Ek aproveita a oportunidade de encontrar Per Sundin antes dele entrar no carro, com objetivo de fazer o pitch para o executivo da Sony.
Crie a proposta de valor (não só para os usuários, mas também para gravadoras e para os artistas)
Quando se cria um negócio, normalmente os idealizadores pensam na proposta de valor para o usuário final. Mas não se pode esquecer da proposta de valor para as outras pontas, como no caso do Spotify, que tem stakeholders importantes para o negócio dar certo: além dos ouvintes, a gravadora e os artistas (o 6° capítulo tem a visão da artista Bobbie T).
Tenha uma equipe multidisciplinar e complementar (como mostra o capítulo 4)
No capítulo 5, Martin Lorentzon fala sobre a importância de ter pessoas que pensam diferente, e que tenham skills diferentes, parte do sucesso do Spotify.
Ideias não surgem do nada. Perceba os insights e faça um mix de ideias (Capítulo 4, quando Andreas Ehn ouve a namorada)
Andreas Ehn é o CTO do Spotify e tinha um grande desafio tecnológico. Para quem imagina que tecnologia é apenas sobre 0 e 1, no capítulo 4 é possível entender quanto um desenvolver também precisa ser criativo. E vem onde menos se imagina. Em um papo com a namorada, que é estudante da área de saúde, a partir de uma explicação dela sobre células, Andreas teve insights para resolver o desafio tecnológico.
A importância de escolher bem o seu sócio ("Confie quando estiver no poço e quando estiver no fundo do poço")
É como dizem: sociedade é igual casamento. Escolher bem os sócios é muito importante para o negócio. Daniel Ek e Martin Lorentzon se tornaram sócios em uma das empresas mais disruptivas da história, e o próprio Lorentzon diz no capítulo 5: "Confie quando estiver no poço e quando estiver no fundo do poço".
Olhem as tendências e o comportamento das pessoas (Música de graça e o Pirate Bay)
Não tem como ir contra as tendências. Quando o Spotify foi construído, a pirataria (Pirate Bay) era bem disseminada e as pessoas não pagavam nada para ter acesso às músicas. O Spotify não foi contra a tendência — diferentemente dos concorrentes da época — como grandes gravadoras e a própria Apple Music.
Conheça bem seu público (Fale diretamente com eles, indo direto para a escola falar com os jovens, como na série por exemplo)
Uma das partes importantes para qualquer negócio é validá-lo. Falar diretamente com seu público (o conhecido "Get out of the Building") se faz absolutamente necessário para um negócio de sucesso. O capítulo 1 mostra os funcionários do Spotify indo até a escola, falando sobre o Spotify e entregando panfletos diretamente para os jovens.
Não desista ("Se alguém fecha a porta, você sempre encontra uma nova");
Empreender é sobre resiliência, persistência e acreditar no seu negócio. A esposa de Per Sundin disse no capítulo 2: "Se alguém fecha a porta, você sempre encontra uma nova".
O mundo e o mercado estão mudando. Não seja um Titanic (Como diz a série: “Pessoas não gostam de mudança”)
Pessoas não gostam de mudança, isso é fato. Para qualquer coisa que aconteça, seja no campo pessoal ou profissional, temos certa resistência. Imagine no mundo corporativo, ou até na indústria da música, em que o modelo de negócios sempre foi por royalties. Novos modelos de negócios precisam ser criados. É importante não ser um Titanic e apenas esperar o seu negócio afundar.
Encontre seu modelo de negócios e principalmente o diferencial de sua empresa
Não é só sobre entregar música de graça. Qualquer empresa precisa ter um modelo de negócios. Entender o porquê um usuário pagaria por seu serviço/produto é importante. No caso do Spotify, as pessoas pagam para não ouvir propaganda, para conseguir pular músicas e até criar sua própria lista personalizada. E isso é apresentado no capítulo 2, quando a advogada Petra Hansson faz uma analogia com as miçangas.
*Alexandre Uehara é founder da Innov8
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