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Vítima de incêndio no CT é enterrada no dia que faria 15 anos

Zagueiro da categoria de base do Flamengo foi uma das dez vítimas da tragédia desta sexta-feira

Arthur Vinicius, 14 anos, morto em incêndio no CT do Flamengo, no Rio (Reprodução/Instagram)

Arthur Vinicius, 14 anos, morto em incêndio no CT do Flamengo, no Rio (Reprodução/Instagram)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 17h37.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2019 às 17h39.

São Paulo - Ao som do hino do Flamengo, palmas e de "Parabéns pra você", familiares, amigos e colegas enterraram neste sábado a primeira vítima do incêndio do alojamento do CT Ninho do Urubu.

O cemitério Portal da Saudade, em Volta Redonda, a cerca de 120 km do Rio de Janeiro, ficou lotado de adolescentes aos prantos e trajados de camisas rubro-negras para se despedir do zagueiro Arthur Vinícius da Silva, enterrado no dia em que completaria 15 anos.

O defensor foi uma das dez vítimas da tragédia desta sexta-feira. O garoto foi levado para a cidade natal, onde atraiu mais de 500 pessoas durante as duas horas de velório. Também estiveram presentes o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o prefeito da cidade, Samuca Silva, que mais cedo inauguraram uma pista de atletismo em Volta Redonda e decidiram batizar a estrutura com o nome do garoto.

Arthur Vinícius deixaria o alojamento do Flamengo na quinta-feira para poder comemorar o aniversário, mas decidiu ficar mais um dia para participar de um jogo no Maracanã. "Como jogador, ele era ótimo. Nós, da família, estávamos preparando uma festa de aniversário para ele. O Arthur vivia um sonho e tinha muito futuro pela frente", disse o tio do garoto, Anderson Pereira, o Andinho, ex-jogador do Volta Redonda.

O corpo chegou ao cemitério por volta das 14h e foi velado até 16h40. Amigos de escola e ex-colegas de futebol, todos na faixa dos 15 anos, eram a maior parte do público do enterro. Devido ao forte calor, algumas pessoas chegaram a passar mal. Um dos mais comovidos era o atacante da base do Flamengo, Guilherme Quintino, de 16 anos, que era conhecia o zagueiro há sete anos.

"A gente se conheceu em Volta Redonda e depois ele foi morar com a minha família, lá no Rio. Ele ficou um ano em casa, até fazer 14 anos e poder morar no alojamento do Flamengo. A gente era só risada. Como eu sou filho único, o Arthur era um irmão para mim", comentou Quintino, que contou ser o responsável por colocar em Arthur o apelido de "Bigode".

Bastante abalada, a mãe do garoto, Marília Silva, ficou o tempo todo ao lado do caixão, que foi pintado na cor branca e decorado com a foto do garoto. Na despedida, ela puxou o hino do Flamengo e se emocionou quando colegas de escola bateram palmas e cantaram para marcar a data que seria o 15º aniversário do garoto.

O técnico de futsal Felipe Araújo treinou Arthur dos seis aos 13 anos e explicou que o garoto era a esperança da família mudar de vida. "O pai dele foi assassinado anos atrás e a mãe não tinha condições de manter o garoto no Rio. Por isso, ele foi morar no Flamengo e estava orgulhoso de ter conseguido essa oportunidade. Uma pena que isso acabou por causar a morte dele", comentou.

O pai de Arthur foi assassinado há dez anos, na frente do filho. O zagueiro da base do Flamengo tinha como um dos amigos da família o volante Felipe Melo, do Palmeiras, que é de Volta Redonda e chegou a escrever nesta sexta-feira uma mensagem em homenagem ao garoto.

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