Exame Logo

Ustra cita atuação de Dilma em "grupos terroristas"

“Ela integrou quatro grupos terroristas” que teriam como objetivo final “a implantação de uma ditadura do proletariado, o comunismo", afirmou o coronel

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra: durante o seu depoimento, ao ser indagado sobre o desaparecimento de vários militantes políticos, Ustra negou que tenha havido qualquer morte no Doi-Codi. (Wilson Dias/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília - O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, disse nesta sexta-feira (10) à em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que se não fosse a atuação dos militares, o comunismo existiria hoje no Brasil. “Estávamos lutando pela democracia e estávamos lutando contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o 'paredón'. Os senhores teriam um regime comunista, um regime como o de Fidel Castro. O Brasil teria virado um 'Cubão' [em referência a Cuba].

Ustra também se referiu à atuação da presidente Dilma Rousseff , durante a ditadura militar. “Ela integrou quatro grupos terroristas” que teriam como objetivo final “a implantação de uma ditadura do proletariado, o comunismo. Derrubar os militares e implantar o comunismo. Isso consta de todas as organizações”, disse o coronel que comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi-SP), órgão de repressão da ditadura militar, entre 1970 e 1974.

Veja também

Durante a ditadura, a presidente Dilma integrou as organizações clandestinas Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar. Condenada por "subversão", ela passou três anos presa no presídio Tiradentes, em São Paulo, entre 1970 e 1972.

O coronel compareceu hoje à Comissão da Verdade e, apesar de decisão judicial que lhe garantia o direito de não se pronunciar durante o depoimento, Ustra falou aos membros da comissão e negou também que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.

Antes do início do depoimento, Ustra fez um pronunciamento em que reiterou que as ações de repressão foram respostas aos atos das “organizações terroristas [sic] que queriam implantar o comunismo no Brasil”.


Ustra citou ações praticadas pelos grupos de esquerda contra o regime militar “Quando fui transferido para São Paulo no início dos anos 70, os terroristas já haviam assaltado mais de 300 bancos e carros fortes. Tinham encaminhado mais de 300 militares para a China para treinar a guerrilha, já haviam atacado quartéis, roubado armas e sequestrado 3 diplomatas. Em face disso foi criado o Doi-Codi. Eramos homens pronto para o combate, cumprindo ordens”, disse acentuando que seria apenas mais um na cadeia de comando.

Durante o seu depoimento, ao ser indagado sobre o desaparecimento de vários militantes políticos, Ustra negou que tenha havido qualquer morte no Doi-Codi. “No meu comando ninguém foi morto no Doi [Codi]. Foram mortos em combate, de arma na mão, na rua”, repetiu várias vezes.

Para Cláudio Fonteles, um dos membros da Comissão da Verdade, Ustra, ao ser confrontado com a documentação reservada do Doi-Codi, Ustra “deu uma versão insustentável de mortes em combate”. Documentos apresentados pela CNV apontam em 50, o número de mortos no órgão durante o período em que foi dirigido pelo coronel.

Já o advogado e ex-defensor de presos políticos José Carlos Dias, que também integra a CNV, o depoimento foi emocionalmente forte e mexeu com os presentes. “Hoje foi um dia muito penoso para mim. Eu defendi mais de 500 presos políticos e a maior parte vítimas do coronel Ustra. Defendi pessoas que foram mortas sob as ordens dele”.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffDitaduraPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame