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USP sobe em ranking de universidades mundiais

Apesar da melhora do desempenho da USP, o país ainda não possui uma universidade entre as 200 melhores do mundo


	USP: no ranking deste ano, a universidade está na lista entre o 201º e 225º lugares
 (Cecília Bastos /Jornal da USP/ USP Imagens)

USP: no ranking deste ano, a universidade está na lista entre o 201º e 225º lugares (Cecília Bastos /Jornal da USP/ USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 18h03.

São Paulo - A Universidade de São Paulo (USP) subiu de posição no ranking do Times Higher Education (THE), da publicação britânica Thomson Reuters, a principal lista internacional de universidades.

Apesar da melhora do desempenho da USP - a instituição brasileira mais bem colocada -, o país ainda não possui uma universidade entre as 200 melhores do mundo.

No ranking deste ano, a USP está na lista entre o 201º e 225º lugares.

No ano passado, a situação da universidade era pior: estava entre os 226º e 250º lugares - o THE não revela a posição exata de cada instituição a partir do 200º lugar.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a segunda brasileira a aparecer na lista, não figura sequer entre as 300 melhores. A posição da universidade permanece a mesma do ano passado: está entre o 301º e 350º lugares.

O Brasil chegou a possuir uma instituição no top 200 em 2011 e 2012, quando a USP estava nas posições 178º e 158º, respectivamente.

Apesar de estar sem nenhuma representante no topo desde então, o país continua sendo o mais bem colocado da América Latina. Neste ano, por exemplo, Chile e Colômbia também aparecem apenas no top 300, abaixo do Brasil.

Já entre as 200 melhores instituições do mundo, há 28 países representados ante 26 do ano anterior.

Os ingressantes são a Itália e a Rússia. Na lista constam países emergentes, como a Turquia, que possui quatro instituições no top 200, e Cingapura, com duas.

No topo do ranking do THE, nenhuma surpresa. O Instituto de Tecnologia da Califórnia ocupa a primeira posição pelo quarto ano consecutivo. A Universidade Harvard e a Universidade de Oxford estão no segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Os Estados Unidos dominam o ranking, com 7 das 10 primeiras universidades mais bem colocadas. No entanto, 60% das instituições americanas perderam posições neste ano.

O Reino Unido, o segundo colocado, também perdeu posições: possui 29 instituições no top 200 ante 31 no último ano.

Emergentes

Para o editor da publicação, Phil Baty, um país com o tamanho e a importância econômica do Brasil deveria possuir uma instituição entre as 200 melhores do mundo.

"Países emergentes e membros dos Brics possuem universidades no top 200, como Rússia, que tem uma universidade nesse patamar, China, que tem três, e África do Sul, que tem um. Mas só o Brasil e a Índia não possuem nenhum no top 200", afirma.

"Universidades são muito importantes para assegurar um crescimento saudável da economia. Elas inovam, criam novas tecnologias, criam novos conhecimentos."

Em época de crise orçamentárias nas duas universidades brasileiras, Baty fala sobre a necessidade de as instituições do País atraírem mais dinheiro.

"Está claro no ranking que é preciso ter generosos financiamentos para manter as posições mais altas, pagar altos salários, tornar as carreiras atrativas para não perder pessoas talentosas e ter dinheiro para investir em infraestrutura", explica.

"É importante que as universidades consigam ter diversas fontes de financiamento, que vão além do governo, para continuarem tendo generosas entradas de dinheiro. Sem isso, vão perder posições."

Internacionalização

Para especialistas em educação, o país precisa aumentar a colaboração internacional e adotar o inglês como a língua oficial das pesquisas científicas para melhorar no cenário internacional.

Leandro Tessler, professor da Unicamp e ex-coordenador de relações internacionais da instituição, afirma que é preciso investir na produção científica em inglês. "

As universidades brasileiras precisam superar seu ranço antiamericano e contra a língua inglesa. Internacionalização no mundo contemporâneo não é possível sem o uso pesado do inglês. Não vamos atrair mais estudantes estrangeiros se não forem oferecidos cursos ou pelo menos disciplinas importantes em inglês", explica.

Já para Rogério Meneghini, professor titular aposentado da Universidade de São Paulo e diretor científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras, as universidades do país têm de aumentar a colaboração internacional e o número de publicações, critérios importantes usados nos rankings internacionais.

"O índice de colaboração internacional do Brasil é de 25%, enquanto entre os países da Europa é de 50%. O impacto de qualidade depende de colaboração internacional."

Ele explica que as universidades do País precisam criar mais aulas de ensino de segundo idioma para os alunos brasileiros.

Além disso, as instituições devem ter aulas - tanto de graduação quanto de pós - em inglês para atrair mais alunos internacionais, afirma Meneghini.

Para ele, o programa Ciência Sem Fronteiras, criado pelo governo federal, não é o suficiente para solucionar o problema.

"Esse programa, como foi modelado, não ajuda a ciência. Ajuda os estudantes a estudar o idioma inglês. O ideal seria trazer professores de fora para dar aula aqui. Tem que abrir as portas para o inglês."

Universidades

O vice-reitor da USP, Vahan Agopyan:, afirmou, em nota, que a "variação das posições ocupadas pela USP nos mais variados rankings internacionais é natural".

Segundo Agopyan, a universidade não molda suas atividades às classificações, "mas sim às necessidades sociais".

"Nossa pesquisa é reconhecida internacionalmente, o que pode ser expresso, por exemplo, na colocação alcançada na mais recente edição do ranking da Scimago - divulgado em setembro -, em que a USP está entre as dez instituições mundiais que mais produzem trabalhos científicos de qualidade e relevância."

Já o coordenador geral da Unicamp, Álvaro Crosta, viu como positiva a posição da Universidade Estadual de Campinas.

"Trata-se de um dos três rankings universitários de maior prestígio internacional e que destaca, como principais indicadores da nossa qualidade acadêmica, o número de doutores que formamos, a quantidade expressiva de recursos de pesquisa que captamos junto a fontes externas, incluindo o setor industrial, e o número de artigos indexados que publicamos em relação à quantidade de docentes e pesquisadores", afirmou, em nota enviada à imprensa.

"Graças a esses indicadores, obtidos pelo esforço e competência da nossa comunidade acadêmica, o THE nos coloca entre as universidades de maior prestígio no mundo, e entre as primeiras da América Latina e do Brasil."

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