Brasil

Uma bike é roubada a cada meia hora em São Paulo

Entre janeiro e setembro de 2016 foram levadas, em média, 46 bikes por dia no estado de São Paulo

Sombra de bicicletas no asfalto (Stock.xchng)

Sombra de bicicletas no asfalto (Stock.xchng)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de fevereiro de 2017 às 11h55.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2017 às 11h56.

São Paulo -- A cada meia hora, um boletim de ocorrência é registrado por furto ou roubo de bicicleta no estado de São Paulo. Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram que entre janeiro e setembro de 2016 foram levadas, em média, 46 bikes por dia. Nos nove meses, foram 12.710 ocorrências, ante 11.954 do mesmo período do ano anterior - um aumento de 6,3%.

Pela primeira vez, o estado fez um levantamento para mapear os crimes relativos ao modal. Só na capital - primeiro lugar no ranking das cidades -, houve 1.351 furtos e roubos de bicicletas entre janeiro e setembro. A maioria dos casos se concentra nas áreas central e oeste. Mas o total ainda pode ser maior, pela subnotificação.

A designer gráfica Maria Julia Brito, de 26 anos, por exemplo, foi roubada no Minhocão e não registrou boletim de ocorrência. Eram 22 horas de domingo e a via estava fechada para carros, quando a jovem e um amigo sentaram no Elevado, perto da Estação de Metrô Marechal Deodoro. As bicicletas dos dois ficaram encostadas na mureta.

Um grupo de pessoas caminhava na direção da dupla. Segundo ela, uma criança pegou a bicicleta do amigo dela e levou embora. O jovem correu e conseguiu reaver a bike de volta. Nesse meio tempo, os outros do grupo a abordaram e, com uma garrafa de cerveja na mão, pegaram a bicicleta dela. "Nos dias seguintes, alguns colegas ciclistas viram uns meninos rodando com a minha bicicleta, que era bem chamativa: roxa com aro azul", conta.

Maria até tentou fazer boletim de ocorrência eletronicamente, mas diz que não conseguiu. Foi a uma delegacia no dia seguinte e relata ter sido informada que era para voltar em horário comercial. Acabou desistindo: "Não conseguiria recuperar a bicicleta. Pensei: 'nem vale a pena fazer boletim'." Ela usava a bike para trabalhar e passear. Desde o roubo, não comprou uma bike nova e parou de usar por um tempo. "Não tenho mais vontade de sair para pedalar à noite, que é horário em que tenho disponibilidade",diz.

O vereador Police Neto (PSD), que no fim de novembro teve a terceira bicicleta furtada em quatro anos, dá a dica: não demore mais do que 20 dias para voltar a andar de bike, nem que seja emprestada. "Continuar pedalando para não perder o entusiasmo", afirma.

Police Neto teve bikes furtadas no Largo São Bento em 2012, na Avenida Paulista em 2014 e na Praça da Sé. Ele defende a criação de um cadastro municipal de bicicletas roubadas - que depois pode ser ampliado para o País - nos moldes de um site feito por ciclistas, em 2001.

"Precisamos de um sistema eletrônico com todas as informações possíveis da bicicleta. Esse cadastro poderia contribuir com a inteligência policial para desbaratar quadrilhas."

Acompanhe tudo sobre:CiclismoCrimesao-paulo

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022