Tudo o que você precisa saber sobre os primeiros 10 dias de campanha
As pesquisas de intenção de votos, as gafes e os principais embates do começo oficial da corrida presidencial
Luiza Calegari
Publicado em 26 de agosto de 2018 às 08h00.
Última atualização em 26 de agosto de 2018 às 08h00.
São Paulo — A campanha eleitoral começou oficialmente no dia 16 de agosto, e completa, portanto, dez dias neste domingo.
Desde então, já passamos por um debate, pela divulgação de duas pesquisas de opinião, algumas gafes e outros confrontos — e ainda temos uma incerteza pela frente.
Com 13 candidatos no páreo, as semanas até a eleição em si (o primeiro turno será realizado em 7 de outubro) prometem ainda mais emoções.
Para não ficar perdido daqui para a frente, veja um resumo dos 10 primeiros dias de campanha:
Debate
O primeiro debate depois do início oficial da campanha foi o da RedeTV!. Entre os principais momentos da noite, estão o confronto entre o deputado federal Jair Bolsonaro e a ex-ministra Marina Silva sobre direitos das mulheres e os ensinamentos da Bíblia.
Outros momentos “quentes” do debate também envolveram Bolsonaro: Henrique Meirelles (PMDB) perguntou ao deputado se ele tinha lido seu programa de governo. Além disso, o jornalista Reinaldo Azevedo fez Bolsonaro gaguejar com uma pergunta sobre os juros pagos pelo governo brasileiro.
Por fim, circulou nas redes uma foto em que o deputado confere uma “cola” anotada na mão, que fala em “pesquisa”, “armas” e “Lula”. Após o programa, questionado por um jornalista sobre o recurso, o candidato se exaltou . “Qual é o problema? Você sabe o que está escrito aqui? Quer saber mais o que? A cor da minha cueca? Vá plantar batatas”, disse o presidenciável.
Pesquisas
Duas pesquisas de opinião em âmbito nacional foram divulgadas desde então: a CNT/MDA e o Datafolha.
De acordo com a primeira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 37% das intenções de voto no cenário em que seu nome aparece; segundo o Datafolha, são 39%.
Sem Lula, o líder é Bolsonaro, com 22% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha.
Apesar da boa colocação nas intenções de voto dos brasileiros, Bolsonaro também é o candidato com a maior rejeição: 53,7% não votariam nele de jeito nenhum, segundo a pesquisa CNT/MDA.
Gafes
Em uma entrevista, o ex-governador de São Paulo e candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, cometeu uma gafe: disse que sua vice era Kátia Abreu. Na verdade, Kátia Abreu é vice de Ciro Gomes (PDT). A vice de Alckmin é Ana Amélia, do Rio Grande do Sul.
Outro “mico” desses dez dias de campanha veio de Jair Bolsonaro: depois de ter prometido, em junho, que participaria de todos os debates presidenciais, ele voltou atrás e cancelou sua participação em vários deles.
O advogado de Bolsonaro e presidente do PSL, Gustavo Bebiano, afirmou que Bolsonaro vai aos debates televisivos já marcados (o da TV Gazeta com Estadão; de UOL, SBT e Folha; e o da Globo – veja aqui o calendário completo dos próximos debates ).
O próprio Bebiano afirmou, depois da controvérsia, que a participação dos candidatos em outros debates ainda será avaliada.
Embates
Bolsonaro protagonizou, ainda, um conflito nesse começo de campanha: no debate da RedeTV!, o deputado foi confrontado por Marina Silva, candidata da Rede, sobre igualdade salarial entre homens e mulheres e a interpretação da Bíblia.
Marina Silva lembrou uma entrevista em que Bolsonaro afirmou que mulheres deveriam ganhar menos que os homens porque engravidam. Ela argumentou que o artigo 5º da Constituição garante que as mulheres não sejam discriminadas.
Bolsonaro rebateu falando do combate às drogas e de sua opinião de que as mulheres tenham porte de arma de fogo para se defenderem. Marina retrucou afirmando que ele quer “resolver tudo na base da violência”, e que deveria seguir o ideal pacifista que prega a Bíblia.
Outro embate desse período de campanha foi menos barulhento: o candidato Henrique Meirelles (PMDB) está tentando, por meio do Tribunal Superior Eleitoral, questionar a coligação de Geraldo Alckmin.
Meirelles alega falta de documentação de seis dos partidos que compõem a coligação de Alckmin. Essa briga, no entanto, não deve ter consequências sérias, já que a jurisprudência do TSE determina que só os partidos que fazem parte de uma coligação podem questioná-la, o que não é o caso.
Outro candidato, este na esfera estadual, que está com uma pendência jurídica, é o ex-prefeito de São Paulo e aspirante a governador João Doria.
Ele foi condenado, em primeira instância, à suspensão dos direitos políticos por quatro anos por uso indevido da marca "SP Cidade Linda" nas ações da prefeitura. Como ainda cabe recurso, Doria pode continuar participando da campanha e concorrendo nas eleições.
Incerteza
A maior incógnita desta eleição, no entanto, continua no ar: a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os rumos do PT.
O partido lançou o primeiro vídeo da campanha na quinta-feira, com Fernando Haddad, o candidato a vice, abrindo o discurso para dar espaço para o ex-presidente falar.
Haddad já está se fazendo acompanhar pelos cabos eleitorais de Lula em campanhas no Nordeste, uma região na qual seu nome é pouco conhecido (ele já foi prefeito de São Paulo e ministro da Educação).
O TSE, por sua vez, ainda não sinalizou que vá julgar a candidatura do ex-presidente (preso em Curitiba desde abril) antes do início do horário eleitoral gratuito, em 31 de agosto.
A situação é ainda mais delicada porque o ex-presidente é líder nas pesquisas de intenção de votos, mas seu vice ainda é desconhecido de boa parte da população.
O registro de três candidatos já foi aprovado pelo TSE: Marina Silva, Guilherme Boulos e João Amoêdo.