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Trem com combustível descarrila em Bauru e polícia investiga sabotagem

Em região que é palco de manifestações, vagões-tanques não chegaram a tombar e não houve vazamento de combustível, mas Polícia investigará ocorrência

Trem: óleo diesel havia sido carregado na Refinaria de Paulínia e se destinava às três empresas que abastecem os postos de Bauru e de cidades da região (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de maio de 2018 às 16h30.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 16h31.

Sorocaba - Uma locomotiva que tracionava dez vagões carregados com 650 mil litros de diesel descarrilou na manhã desta terça-feira, 29, em Bauru, interior de São Paulo.

Os vagões-tanques não chegaram a tombar e não houve vazamento de combustível, mas a Polícia Civil investiga uma possível sabotagem. A região é palco de manifestações de caminhoneiros contra a alta no preço do diesel.

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O óleo diesel havia sido carregado na Refinaria de Paulínia, na região de Campinas, e se destinava às três empresas que abastecem os postos de Bauru e de cidades da região.

Funcionários teriam encontrado parafusos soltos nos trilhos, o que caracterizaria sabotagem. A concessionária da ferrovia não confirmou essa informação, mas a Polícia Civil vai investigar o caso.

De acordo com a concessionária Rumo, a locomotiva saiu dos trilhos durante uma manobra de recuo no pátio de triagem de Bauru. Os dez vagões de combustível, no entanto, permaneceram nos trilhos. "Equipes trabalham no local para retomar a operação do pátio o quanto antes. O ocorrido não afeta as demais operações", informou em nota.

Conforme a Rumo, foi aberta uma sindicância para apurar as causas do acidente. À reportagem, a concessionária informou que alguns funcionários teriam encontrado parafusos soltos na conexão entre os trilhos, mas só a apuração a ser feita pela sindicância pode indicar se houve sabotagem. A retirada desses parafusos exige o uso de chaves próprias.

A Polícia Civil de Bauru enviou uma equipe ao local do acidente para uma perícia. O delegado Marcos Mourão, do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter 4), disse que houve informação de sabotagem e isso será apurado.

O transporte de combustível pela ferrovia vinha garantindo o abastecimento de Bauru sem filas até a segunda-feira, 28, quando donos de carros de municípios vizinhos 'invadiram' a cidade para encher os tanques.

No mesmo dia, ao tomar conhecimento da chegada de combustível por trem, grupos de caminhoneiros bloquearam as saídas dos terminais. Nesta terça-feira, os caminhões estavam saindo das distribuidoras com escolta policial.

Além da investigação de possível sabotagem como causa do descarrilamento da locomotiva, a Polícia Civil de Bauru vai investigar também os piquetes realizados por caminhoneiros para impedir entrada e saída de caminhões que abastecem a região.

Com apoio da Polícia Militar, policiais civis estiveram nos locais e identificaram os líderes dos manifestantes. Após serem informados de que será aberto inquérito para apurar eventuais crimes, como o de ameaça, os manifestantes deixaram os locais. A partir dessa ação, os caminhões passaram a sair dos terminais com escolta da PM.

Corrida

Pela primeira vez após o início da paralisação dos caminhoneiros, há nove dias, os postos de gasolina de Bauru, interior de São Paulo, tinham filas para abastecimento.

O combustível começou a faltar depois de ser divulgado que a cidade era uma das poucas do interior de São Paulo que tinham combustível à vontade porque é abastecida por trem. Gasolina e óleo diesel são transportados em vagões da Refinaria de Paulínia, na região de Campinas, para três distribuidoras da cidade.

Na segunda-feira, uma grande quantidade de veículos das cidades vizinhas se deslocaram para Bauru. Num dos postos, os frentistas contaram placas de dez cidades diferentes.

Motoristas de Marília e Botucatu, cidades que ficam a cerca de 100 quilômetros, foram vistos abastecendo em Bauru. Muitos enchiam também os galões que levavam nos porta-malas. O combustível chegou a faltar em bombas de alguns postos pelo excesso de consumo.

Conforme o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), apesar do transporte da gasolina por trem, as distribuidoras dependem da chegada de etanol para ser misturado a esse combustível.

Além disso, a situação se agravou porque os caminhoneiros em greve também souberam da mobilização dos motoristas e se deslocaram da rodovia Marechal Rondon (SP-300), onde estavam concentrados, para bloquear a saída das distribuidoras.

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