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Todos os homens de Temer

A bolsa de apostas trabalha em ritmo frenético em Brasília. Em poucas horas, Michel Temer deve assumir a Presidência e, ato contínuo, nomear sua equipe de ministros. A primeira dúvida é com quantos ministérios Temer vai trabalhar. O governo Dilma tem 32. Temer prometeu cortar 10 pastas e, para isso, deve juntar algumas e transformar […]

TEMER, JUCÁ, GEDDEL E RENAN: discussão para formação do novo ministério / Paulo Whitaker/ Reuters

TEMER, JUCÁ, GEDDEL E RENAN: discussão para formação do novo ministério / Paulo Whitaker/ Reuters

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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2016 às 21h36.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h12.

A bolsa de apostas trabalha em ritmo frenético em Brasília. Em poucas horas, Michel Temer deve assumir a Presidência e, ato contínuo, nomear sua equipe de ministros. A primeira dúvida é com quantos ministérios Temer vai trabalhar. O governo Dilma tem 32. Temer prometeu cortar 10 pastas e, para isso, deve juntar algumas e transformar outras em secretarias. Num ministério 100% masculino, muitos dos nomes já estão confirmado. Estão lá os chamados “notáveis”como José Serra e Henrique Meirelles, e a tropa de choque do PMDB, com Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Romero Jucá. As demais pastas estão divididas, basicamente, entre o PSDB e o PMDB, e os partidos do chamado Centrão (PP, PR e PSD). A seguir, uma lista dos 21 possíveis ministros de Michel Temer – a pasta de Defesa continua em aberto após Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) ser vetado pelos militares nesta quarta-feira. No mais, as negociações continuam em andamento, e os confirmados de hoje podem ser os substituídos de amanhã.

Os confirmados:

Alexandre de Moraes (PSDB-SP) – Justiça
Atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, é da cota do governador paulista, Geraldo Alckmin. Moraes já foi promotor do Ministério Público de São Paulo e assessor da Procuradoria-Geral de Justiça. Tem doutorado em direito do Estado pela Universidade de São Paulo, onde é professor. Havia sido cotado inicialmente para a Advocacia-Geral da União, mas deve assumir o Ministério da Justiça, responsável pelo controle da Polícia Federal e, consequentemente, pelas investigações da Operação Lava-Jato.

Blairo Maggi (PP-MT) – Agricultura
Maggi é ex-governador do Mato Grosso e um dos maiores produtores de soja do mundo. É acusado de ser também um dos maiores desmatadores da Amazônia Legal. Senador desde 2011, afirmou que vai procurar a atual ministra da pasta, Kátia Abreu, para negociar uma transição. Trocou o PR pelo PP nesta quarta-feira — uma exigência de Temer para que assumisse o ministério.

Bruno Araújo (PSDB-PE) – Cidades
Ficou nacionalmente conhecido por ter sido o deputado a dar o “voto decisivo” a favor do impeachment da presidente Dilma durante a votação na Câmara. Eleito pelo PSDB, exerce seu terceiro mandato no Congresso. Já foi líder da minoria na Câmara. Segundo políticos aliados, foi indicado pelo senador Aécio Neves.

Eliseu Padilha (PMDB-RS) – Casa Civil
É considerado um dos “fiéis escudeiros” de Temer. Foi ministro dos Transportes durante o governo FHC, entre 1997 e 2001, e ministro da Aviação Civil no primeiro mandato de Dilma. Pediu demissão em dezembro do ano passado e foi um dos primeiros peemedebistas a promover o desembarque do governo.

Fernando Coelho Filho (PSB-PE) – Integração Nacional
Deputado no segundo mandato, é o líder do partido na Câmara. Seu pai, Fernando Bezerra Coelho, ocupou a mesma pasta durante dois anos no primeiro governo Dilma. A pasta tem grande capilarização no Nordeste e pode servir para voos mais altos do atual deputado.

Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Secretaria do Governo
Foi ministro da Integração Nacional durante três anos no governo Lula. Já teve quatro mandatos como deputado e atualmente é o primeiro secretário do PMDB. É um articulador do vice-presidente Michel Temer. Está sem cargo oficial desde que perdeu as eleições para o Senado em 2014.

Gilberto Kassab (PSD-SP) – Ciência, Tecnologia e Comunicações
Ex-prefeito de São Paulo, deve assumir uma pasta que é a união de dois ministérios. Kassab foi ministro das Cidades de Dilma e é o atual presidente do PSD, partido que criou ao sair do DEM. A fusão das pastas é uma maneira de cumprir a promessa de reduzir o número de ministérios.

Henrique Alves (PMDB-RN) – Turismo
O deputado peemedebista vai retornar à pasta que ocupava desde 2015 no governo Dilma, da qual pediu demissão em março, após o desembarque do PMDB. Em seu 11o mandato como deputado, Alves foi presidente da Câmara no biênio 2013-2015. Teve seu nome vinculado a escândalos de corrupção após a delação de Alberto Yousseff na Lava-Jato.

Henrique Meirelles (PSD-SP) – Fazenda
Meirelles foi presidente mundial do Bank Boston, cargo que lhe rendeu prestígio internacional. Deputado eleito pelo PSDB, deixou o cargo e a legenda para se tornar presidente do Banco Central durante o governo Lula, entre 2003 e 2010. É um nome que deve transmitir confiança aos investidores e empresários. Entre seus principais desafios está encaminhar a reforma da Previdência — que ficará a cargo da Fazenda.

Ilan Goldfajn – Banco Central
Atual economista-chefe do Banco Itaú, Goldfajn já foi professor na PUC-Rio, economista do Fundo Monetário Internacional e diretor de políticas econômicas do Banco Central durante a gestão de Armínio Fraga, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Sua nomeação deve somar à de Meirelles no pacote como nomes bem vistos pelo mercado financeiro.

José Serra (PSDB-SP) – Relações Exteriores
Senador, Serra já disputou duas vezes a Presidência, foi governador de São Paulo e prefeito da capital. Como ministro, teve papel de destaque nos governos de Fernando Henrique no Planejamento e especialmente na Saúde, que o tornou conhecido por popularizar os genéricos e quebrar patentes de medicamentos para aids. Estava cotado para a Fazenda e para a Cultura, mas deve ficar com o Itamaraty, que pode passar a cuidar da Apex, agência de promoção de exportações.

Marcos Pereira (PRB-SP) – Desenvolvimento
Presidente do PRB, partido ligado à Igreja Universal, Pereira deve ser indicado para a pasta. Apesar de não ter nenhum cargo eletivo, é professor universitário em São Paulo e pastor da igreja. Seu nome deve ser visto para agradar aos aliados do PRB e lançar uma eventual candidatura no futuro.

Maurício Lessa (PR-BA) – Transportes
Lessa é deputado pelo PR da Bahia e renunciou à liderança do partido na Câmara por ser a favor do impeachment, antes da debandada do governo. O PR já detinha o controle dos Transportes durante o governo Dilma. Agora a pasta deve ganhar corpo ao agregar a Secretaria de Portos e a Secretaria da Aviação Civil.

Romero Jucá (PMDB-RR) – Planejamento
Jucá deve ocupar o Planejamento pela cota pessoal de Temer. É ex-governador de Roraima e foi ministro da Previdência de Lula. Atualmente é presidente do PMDB e um dos principais articuladores do impeachment. É um exemplo de adaptação: foi líder do governo no Senado de Fernando Henrique, Lula e Dilma. Está sob investigação na Operação Lava-Jato.

Os cotados:

Eduardo Braga (PMDB-AM) – Minas e Energia
De licença médica desde que o Congresso aprovou o julgamento de impeachment, Braga poderá voltar ao cargo de ministro que ocupava no governo Dilma. Foi um dos nomes que resistiram ao impeachment quando o PMDB resolveu deixar o governo em março.

Leonardo Picciani (PMDB-RJ) – Esporte
Líder do PMDB na Câmara, Picciani foi o principal defensor do governo Dilma durante o processo de impeachment na Câmara. Deve assumir um ministério em evidência pela proximidade da Olimpíada. É filho de Jorge Picciani, presidente da Assembleia do Rio de Janeiro. Seu principal concorrente é um herdeiro político de outro cacique do PMDB no estado — Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral.

Mendonça Filho (DEM-PE) – Educação e Cultura
Governador de Pernambuco em 2006 (após a saída de Jarbas Vasconcellos para concorrer ao Senado) e líder do DEM na Câmara, foi um dos principais articuladores do impeachment na Câmara. É mais um que deve assumir um ministério turbinado, com a união de Educação e Cultura.

Osmar Terra (PMDB-RS) – Desenvolvimento Social
Deputado pelo PMDB, Terra é médico e articulador ferrenho da luta contra a legalização das drogas. Já foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul no governo de Germano Rigotto. Nos últimos dias, compôs a linha de frente de Temer, rebatendo críticas de Dilma a um eventual governo do vice.

Ricardo Barros (PP-PR) – Saúde
Deputado Federal pelo Paraná, Barros já foi prefeito de Maringá, no interior do estado. Está em seu quarto mandato na Câmara. Sua nomeação deve servir para compor a lista de nomes necessários para acalmar o “centrão”, que vem apoiando o impeachment.

Ronaldo Nogueira (PTB-RS) – Trabalho
Nogueira é um dos representantes do “baixo clero” da Câmara que devem ser premiado com um ministério. A indicação não é uma unanimidade no partido e também depende da aprovação de Temer. Pelo acordo entre os partidos, o PTB tem direito a nomear o ministro do Trabalho.

Sarney Filho (PV-MA) – Meio Ambiente
Líder da bancada do PV na Câmara, o filho de José Sarney, nome emblemático do PMDB, cumpre seu oitavo mandato como deputado pelo Maranhão. Já ocupou a pasta durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

(Thiago Lavado) 

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