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Testemunha acusa Kassab de receber fortuna da Controlar

A testemunha relatou fatos que teriam sido narrados por Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como líder da máfia do ISS


	Kassab: o ex-prefeito nega e classifica as acusações como "fantasiosas"
 (Divulgação/Prefeitura de São Paulo)

Kassab: o ex-prefeito nega e classifica as acusações como "fantasiosas" (Divulgação/Prefeitura de São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2014 às 07h15.

São Paulo - Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), uma testemunha protegida disse ter ouvido que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) recebeu "verdadeira fortuna" da Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular, e que o dinheiro ficou guardado em seu apartamento.

Ex-secretário de Finanças de Kassab, Mauro Ricardo também é citado. A testemunha não apresentou provas e os acusados negam irregularidades.

Conforme adiantado pelo portal Estadao.com ontem, a testemunha relatou fatos que teriam sido narrados por Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como líder da máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS).

Ele afirmou que Kassab pediu ajuda ao empresário Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia, para levar o dinheiro até uma fazenda em Mato Grosso. Kassab nega e classifica as acusações como "fantasiosas".

Ainda segundo o relato, Ronilson disse à testemunha protegida, "em tom de anedota", que o avião "teve dificuldade de decolar em razão da quantidade de dinheiro embarcada".

O depoimento da "testemunha Gama" consta do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) 03/2013 do MPE, presidido pelo promotor Roberto Bodini, e foi anexado aos autos no dia 19 de dezembro.

O contrato com a Controlar é alvo de outra ação do MPE. A contratação da empresa, em 2007, foi feita a partir de uma licitação da gestão Paulo Maluf (PP), em 1996. Para o órgão, deveria ter sido feita uma nova concorrência. Kassab é um dos réus no processo criminal.


Ligações

A testemunha relatou estreita ligação entre Kassab e Ronilson. Disse que o escritório que os fiscais da máfia do ISS frequentavam, no Largo da Misericórdia, centro da capital, chamado de "ninho", era usado por Kassab antes de a máfia ocupar o imóvel.

O locatário da sala é Marco Aurélio. Seu irmão, o secretário Garcia, foi durante anos o principal aliado político e sócio do ex-prefeito. Ambos faziam campanha eleitoral juntos e só romperam politicamente em 2011.

Conforme o relato, Kassab chegou a ignorar denúncias de corrupção na Secretaria Municipal de Finanças, a pedido de Ronilson. "Em dada situação, Gilberto Kassab recebeu uma fita de filmagem em que um auditor fiscal havia achacado uma empresa de segurança.

Diante daquela prova cabal de corrupção, Ronilson pediu que Kassab não prosseguisse com a investigação porque o auditor seria um amigo seu. Kassab acolheu a justificativa, mas determinou que Ronilson ‘segurasse seu pessoal, pois estamos em ano eleitoral’".

Em outro trecho, a testemunha afirma que "Kassab pediu que Ronilson fosse a uma reunião com representantes de empresas no restaurante Girarrosto. Ronilson perguntou a Kassab do que se tratava e o prefeito disse: ‘Vai lá e resolve, cumpra as minhas ordens’.

Ronilson foi até o local e inteirou-se do assunto, descobrindo que na verdade era um pedido para que fosse abortada uma fiscalização em um determinado estabelecimento. Ronilson cumpriu a ordem".

O relato segue. "Kassab perguntou para Ronilson quanto poderia ser cobrado da empresa e Ronilson disse que poderiam ser cobrados milhões."

Os fatos trazidos pela testemunha serão analisados pelo MPE. Dada à proximidade com Ronilson, a "testemunha Gama" é tida como peça-chave do caso da máfia do ISS.

Secretário. Os pedidos de suspensão de investigações não eram feitos apenas por Kassab, segundo a testemunha.

Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças da gestão passada e chefe de Ronilson, também pedia favores dessa natureza, segundo o relato. A "testemunha Gama" citou um caso em que a empresa de outro funcionário de confiança da secretaria era investigada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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