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Teori indica que Conselho de ética pode ouvir delatores

De acordo com os deputados, o ministro do STF disse não ver problema no depoimento dos investigados pela Lava Jato


	Eduardo Cunha: a defesa de Cunha protocolou pedido para que as 8 testemunhas investigadas na Lava Jato não sejam ouvidas
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Eduardo Cunha: a defesa de Cunha protocolou pedido para que as 8 testemunhas investigadas na Lava Jato não sejam ouvidas (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2016 às 18h28.

Brasília - O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), e o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo disciplinar relativo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), buscaram o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), para garantir o depoimento de testemunhas no processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista.

De acordo com os deputados, o ministro do STF disse não ver problema no depoimento dos investigados pela Lava Jato.

O Conselho de Ética pretende ouvir, por exemplo, os delatores Júlio Camargo e Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Ambos tiveram acordo de colaboração premiada homologado por Teori.

Em audiência com o ministro no início da tarde desta quarta-feira, 6, os parlamentares pediram o compartilhamento dos documentos existentes no STF sobre as contas na Suíça que têm Cunha como beneficiário e também manifestaram a vontade de ouvir os colaboradores da Operação Lava Jato que têm conexão com a investigação.

A intenção dos parlamentares é apresentar um pedido formal ao STF para que Teori formalize a posição em um despacho.

"Ele não opôs nenhuma restrição à oitiva dessas testemunhas, apenas deixou isso a cargo do Conselho. Na provocação, ele vai deferir o pedido", disse o relator do processo disciplinar, deputado Marcos Rogério.

Na terça-feira, 5, a defesa do presidente da Câmara protocolou no Conselho de Ética um pedido para que as oito testemunhas investigadas na Operação Lava Jato e que foram arroladas no processo por quebra de decoro parlamentar não sejam ouvidas pelo colegiado.

"Ele está recorrendo de tudo o que pode, para impedir o processo. Se fizer um paralelo entre o impeachment e o processo dele no Conselho de Ética, vê a velocidade de um e a velocidade de outro. Nós levamos quatro meses para fazer a admissibilidade. No impeachment já estão acabando, para colocar em votação. Então, o que quer o presidente Eduardo Cunha anda com uma velocidade vertiginosa. O que ele não quer, quase não anda", criticou Araújo.

O Conselho de Ética tem previsão de ouvir nesta quinta-feira como testemunha Leonardo Meirelles, ligado ao doleiro Alberto Youssef.

Até agora, no entanto, segundo os parlamentares, a Câmara não autorizou a compra de passagem aérea para ouvir o depoimento da testemunha.

"Há um propósito claro de dificuldades impostas pelo presidente (Cunha). Tem oito dias que eu pedi a passagem para que a testemunha venha amanhã e até hoje não respondeu nem que sim, nem que não. Há um silêncio. E o silêncio pra mim funciona como negativa. Mas isso não vai impedir que amanhã tenha o depoimento", disse o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo.

De acordo com Araújo, Leonardo Meirelles sugeriu pagar a própria passagem, caso a Câmara não arque com a viagem.

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