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Temer negocia com aliados para se manter na Presidência

Presidente se reuniu com seus principais ministros, e no fim da tarde terá um encontro com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e com os comandos militares

Michel Temer tentará estancar a sangria, especialmente com os principais aliados do PMDB e do PSDB (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)
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AFP

Publicado em 19 de maio de 2017 às 14h54.

O presidente Michel Temer batalhava nesta sexta-feira para se manter no cargo após revelações que o colocaram em situação complicada e deixaram seu destino nas mãos dos aliados tentados a abandonar o barco em um Congresso infestado pela corrupção.

O chefe de Estado se reuniu pela manhã com seus principais ministros, deixando para o fim da tarde um encontro com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e com os comandos militares.

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"O governo está trabalhando em três frentes para voltar à normalidade depois da crise: política, judicial e econômica. O próprio presidente faz parte das negociações com a base aliada", disseram à AFP fontes do Palácio do Planalto.

Na quinta-feira, Temer rechaçou enfaticamente a possibilidade de renunciar depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito contra ele.

O chefe de Estado, de 76 anos, é acusado de ter dado seu aval ao pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.

De acordo com o Jornal O Globo, o presidente poderia realizar nesta sexta-feira outro pronunciamento e denunciar judicialmente o dono da gigante alimentícia JBS, Joesley Batista, que gravou clandestinamente a conversa que serviu de base para a abertura do inquérito pelo STF.

Temer enfrenta agora oito solicitações de impeachment apresentadas no Congresso e se empenha para manter sua base aliada unida.

Na quinta-feira, milhares de pessoas no Rio de Janeiro e em Brasília pediram a sua renúncia, e há mais manifestações previstas para o fim de semana.

A ex-ministra e senadora ecologista Marina Silva, que nas eleições de 2014 alcançou quase 20% dos votos, declarou que Temer "não está em condições de governar".

O ex-presidente do STF Joaquim Barbosa comentou em seu Twitter: "não há outra saída: os brasileiros devem se mobilizar, ir para as ruas e reivindicar com força: a renúncia imediata de Michel Temer".

No Tribunal ou no Congresso

O STF, encarregado de julgar casos contra membros do Executivo e do Legislativo, raramente toma decisões rápidas.

Isto deixa o procedimento de julgamento político como a via mais provável para retirar Temer do poder. Mas, para isso, a base aliada de Temer, ou pelo menos uma parte dela, teria que lhe dar as costas.

"Por isso, a primeira questão é saber se os partidos que formam a base do governo deixarão ou não o governo", disse à AFP Thomaz Pereira, professor de Direito Constitucional na Fundação Getúlio Vargas.

Por enquanto, seu gabinete só sofreu uma baixa: o ministro da Cultura, Roberto Freire, que renunciou ao cargo na própria quinta-feira.

Temer tentará estancar a sangria, especialmente com os principais aliados do PMDB e do PSDB.

O presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, pediu na quinta-feira que os quatro ministros do partido "permaneçam em seus cargos" até que se esclareça a magnitude das denúncias contra Temer.

O Congresso não é formado por pessoas que se chocam facilmente. Dois terços de seus membros tiveram problemas de diversos graus com a lei e um terço dos senadores está sob investigação na Operação Lava Jato.

Mensagem positiva

Durante o seu pronunciamento à nação, o presidente citou melhorias nas cifras da inflação, do desemprego e do crescimento econômico, e assegurou que "o otimismo está voltando" ao país, afundado há mais de dois anos na recessão.

Os mercados, que na quinta-feira despencaram, parecem escutá-lo. A Bolsa de São Paulo subia mais de 2,78% no início da tarde, após perder 8,8% na véspera, e o dólar era negociado a R$ 3,29, depois de ter chegado a R$ 3,39 na quinta-feira.

O escândalo começou com a revelação na quarta-feira pelo jornalista Lauro Jardim, d'O Globo, de que Temer havia sido gravado secretamente enquanto falava, em 7 de março, com Joesley Batista.

Na gravação, Batista diz a Temer que todos os meses dava dinheiro a Cunha "para manter as coisas sob controle". Ao que Temer respondeu: "tem que manter isso, viu?". Alguns analistas consideram que, para além do que foi dito, Temer deveria ter denunciado Batista imediatamente.

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