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STF arquiva inquérito contra deputado federal Onyx Lorenzoni

Inquérito investigava acusação de que deputado federal teria recebido R$ 175 mil via caixa 2 para sua campanha de 2006

Onyx Lorenzoni: deputado afirmou que a decisão do ministro Luiz Fux prova que ele nunca esteve envolvido com corrupção (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Onyx Lorenzoni: deputado afirmou que a decisão do ministro Luiz Fux prova que ele nunca esteve envolvido com corrupção (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de junho de 2018 às 17h23.

Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 12h14.

Brasília - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e arquivou o inquérito que investigava o deputado federal Onyx Lorenzoni, acusado de receber R$ 175 mil via caixa 2 para sua campanha de 2006.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia requerido o arquivamento do inquérito justificando que as diligências realizadas não foram suficientes para comprovar o suposto crime.

Em sua manifestação, Raquel escreveu que o executivo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, um dos delatores da Odebrecht, "não obstante afirmar a doação eleitoral não contabilizada ao deputado na campanha de 2006", afirmou que não operacionalizou a entrega do valor, nem sabe declinar que o tenha feito, a forma, o local e a data da suposta doação.

"Dentro dessas premissas, não há prova, por ora, que tenha havido declaração falsa para fins eleitorais e se esgotaram os meios destinados elucidar os fatos", escreveu Raquel.

Na planilha 'Drousys' - programa de controle dos desembolsos ilícitos do grupo -, o parlamentar é identificado pela alcunha 'Inimigo'. Onyx Lorenzoni foi o relator na Câmara dos Deputados do mais importante projeto da história do Ministério Público Federal, o Dez Medidas de Combate à Corrupção, projeto que nasceu da Operação Lava Jato.

Depoimento

À Procuradoria da República em Campinas, Alexandrino relatou que em sua atividade à frente da Braskem, braço petroquímico da empreiteira no Rio Grande do Sul, em 2006, o relacionamento político era fundamental e sempre focado no crescimento do grupo.

"Dentro desse foco meu sempre estiveram os partidos, os políticos, os agentes públicos, sempre preservando uma sistemática de contribuições financeiras", narrou.

Segundo Alexandrino, dentro desse direcionamento tinha que observar, intuir e perceber potenciais candidatos que poderiam crescer e ter um lugar de destaque.

"Dentro das minhas funções na Braskem, estamos falando de 2006, eu percebi que dentro do escopo político, uma linha política, o sr. Onyx Lorenzoni era uma pessoa importante, um jovem impulsivo, um lutador que nós precisávamos mantê-lo próximo. Especialmente por causa do volume de investimentos que tínhamos no Rio Grande do Sul."

O delator disse aos investigadores que foi ele quem procurou o parlamentar que, na época, concorria à reeleição para a cadeira na Câmara.

"Procurei o candidato, à época ele era deputado federal pelo PFL. Eu o procurei dizendo do interesse nosso de nos aproximarmos e que seria importante fazer doações para a campanha dele. E assim foi feito."

Segundo o ex-executivo da Odebrecht, ao ser procurado, em 2006, o deputado gaúcho não demonstrou nenhuma "rejeição" em receber os R$ 175 mil via caixa 2, isto é, sem declarar a doação à Justiça Eleitoral. A operação foi registrada no sistema de informática "Drousys", que controlava as transações do "banco da propina" da Odebrecht.

Defesa

Em vídeo divulgado nesta sexta-feira, 8, o deputado afirmou que a decisão do ministro Luiz Fux prova que ele nunca esteve envolvido com corrupção.

"Eu vou atrás agora do sr. Alexandrino de Alencar. Este vagabundo vai perder qualquer benesse que ele teve, porque ele mentiu nesta circunstância aqui e isso é um agravante e vai fazê-lo perder eventual benefício que ele tenha."

A reportagem procurou a defesa do ex-executivo da Odebrecht, mas não obteve retorno.

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