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SP perde moradores de alta escolaridade, mostra estudo

Entre 2005 e 2010, 122,4 mil pessoas de 18 anos ou mais de idade com curso superior deixaram a capital paulista


	Universidade brasileira: de 2005 a 2010, 91,5 mil pessoas de alta escolaridade foram morar na capital
 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Universidade brasileira: de 2005 a 2010, 91,5 mil pessoas de alta escolaridade foram morar na capital (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 19h11.

Rio - A cidade de São Paulo tem perdido moradores de alta escolaridade num ritmo surpreendente, revela estudo sobre migrações internas divulgado nesta segunda-feira, 2, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.

Entre 2005 e 2010, 122,4 mil pessoas de 18 anos ou mais de idade com curso superior deixaram a capital paulista, o que significa um aumento de 44% em relação aos que saíram da cidade no período de 1995 a 2000. A pesquisa leva em conta as pessoas com 25 anos ou mais que completaram o curso superior e os jovens de 18 a 24 anos que estavam na universidade.

No mesmo período de 2005 a 2010, 91,5 mil pessoas de alta escolaridade foram morar na capital, o que deixa um saldo negativo de quase 31 mil moradores com curso superior a menos no município. "Conhecida como capital dos imigrantes, São Paulo tem sido celeiro exportador de talentos", diz o estudo Cidades em movimento.

O economista Marcelo Neri, presidente do Ipea e chefe interino da SAE, disse que a migração interna tem caído em todos os níveis de escolaridade, mas é menos intensa na população com mais anos de estudos. Uma explicação possível, de acordo com Neri, é que as pessoas com curso superior completo tiveram queda na renda, nos últimos anos, e podem mudar de cidade em busca de emprego com melhor remuneração ou custo de vida menor. Na outra ponta, a população de baixa escolaridade teve aumento considerável na renda e tem reduzido as correntes migratórias.

Em números absolutos, São Paulo teve a maior perda de moradores que representam mão de obra qualificada, seguido por Rio de Janeiro e Santa Maria (RS), cidade que recebe muitos alunos para cursar universidade e que depois vão em busca de trabalho em outros locais ou voltam para a terra natal.

A pesquisa mostra que Brasília, cidade com alta renda per capita e oferta de empregos com boa remuneração, em especial do setor público, é o maior polo de atração dos migrantes com alta escolaridade. Recebeu 42,9 mil e perdeu 25,5 mil, o que leva a um saldo positivo de 17,4 mil pessoas. O segundo maior ponto de atração de migrantes é Curitiba.


No caso de São Paulo, os moradores com curso superior que deixaram a cidade foram majoritariamente para municípios do próprio Estado. Itapecerica da Serra foi o que recebeu mais migrantes, com 6.244 novos moradores de alta escolaridade saídos da capital. Osasco (6.097 pessoas) e Campinas (3.728) vêm em seguida. O estudo não detalha se os migrantes trabalham nestas cidades ou se continuam empregados na capital e reforçam o contingente crescente de brasileiros que trabalham ou estudam fora da cidade de residência.

O número de pessoas que saem das cidades onde moram para trabalhar ou estudar mais que dobrou entre 2000 e 2010, passando de 7,4 milhões para 15,4 milhões. "Esse aumento causa um estresse na necessidade de transporte", resume Neri. Numa análise sobre a população com ensino superior, o estudo do Ipea mostra que São Caetano do Sul (SP) tem a maior proporção de pessoas que completaram a universidade. Elas são 31,4% da população com dez anos ou mais de idade. Em segundo lugar está Niterói (RJ), com 29,5% e em terceiro, Vitória (ES), com 27,6%. Quatro das dez cidades com maior porcentual de moradores com curso superior estão em São Paulo. No outro extremo, estão as cidades de Canápolis e Ipecaetá, na Bahia, com menos de 0,4% da população com curso superior completo.

A pesquisa aponta ainda que o número de moradores de favelas no País cresceu 6,2% entre 200 e 2010, passando de 10,6 milhões para 11,2 milhões. A população total cresceu em ritmo mais acelerado: 14,5% em dez anos. Em cidades como o Rio de Janeiro, no entanto, o crescimento da população em favelas, de 9,3%, foi maior do que no número geral de habitantes, de 7,9%. Para Marcelo Neri, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que começaram a ser instaladas nas comunidades em dezembro de 2008, podem se transformar em atrativos para as favelas cariocas. "As UPPs não reduzem a população da favela e, ao contrário, podem ser uma força atratora, especialmente com o preço alto dos aluguéis (fora das favelas)", diz o ministro interino.

A região metropolitana de Brasília teve explosão de moradores em favelas, com 50,7% a mais entre 2000 e 2010. O preço elevado dos imóveis é um dos fatores responsáveis pela saída da população do centro para ocupações irregulares da periferia da capital federal.

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