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Sessão de CPI é encerrada após briga por Demóstenes

A irritação com o silêncio do senador provocou o fim da sessão, menos de meia hora após o início

"Vou lhe chamar agora de futuro ex-senador", afirmou um deputado, exaltado, referindo-se a Demóstenes (José Cruz/ABr)

"Vou lhe chamar agora de futuro ex-senador", afirmou um deputado, exaltado, referindo-se a Demóstenes (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 19h37.

Brasília - A troca de insultos entre parlamentares por causa do silêncio do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) na sessão da CPI do caso Cachoeira, nesta quinta-feira, fez com que a reunião fosse encerrada.

Os advogados de defesa de Demóstenes já haviam anunciado que o senador permaneceria calado. Mesmo assim, a irritação com o silêncio provocou o fim da sessão, menos de meia hora após o início.

O tumulto começou com um desentendimento em relação a uma questão de ordem do senador Pedro Taques (PDT-MT). O senador apresentou a questão, enquanto o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) criticava o silêncio de Demóstenes. Para o deputado, a atitude do senador, acusado de envolvimento com Carlinhos Cachoeira, é uma "tradução de culpa".

"Vou lhe chamar agora de futuro ex-senador", afirmou o deputado, exaltado, referindo-se a Demóstenes.

Taques interrompeu Costa, argumentando que qualquer cidadão tem o direito de permanecer calado para não se incriminar.

O presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciava que acolheria a questão de ordem, quando Costa reclamou por ter sido interrompido. Irritado, o deputado insultou Taques e o chamou de "“metido a paladino da Justiça". Disse, ainda, que o senador havia adiantado sua posição em favor de manutenção do mandato de Demóstenes.

"Vossa excelência não me meça pela sua régua", respondeu Taques, também alterado.

Vital, que já havia anunciado que dispensaria Demóstenes, encerrou rapidamente a sessão e retirou-se na sala.

"Tem que ser sempre firme. Essa é a minha conduta e sempre será", disse o presidente da CPI a jornalistas ao sair da comissão. "Ninguém, nenhum cidadão brasileiro pode ter tratamento diferenciado", completou, explicando que outros depoentes foram dispensados ao anunciar seu silêncio e, por isso, liberou Demóstenes.

Costa, ao sair da sessão, voltou a classificar Demóstenes de "hipócrita" e a criticar Taques.

"Esse silêncio dele, na verdade, agora é uma grande tradução de culpa", disse a jornalistas. "E o senador Pedro Taques não tinha o direito, quando eu estava com a palavra, de cassar a minha palavra. Ele atropelou o regimento para defender Demóstenes", afirmou.

"O senador Pedro Taques, que é metido a paladino da ética, é sim defensor de Demóstenes. Hoje ele mostrou o voto dele ao Brasil. Ele vai votar a favor da permanência de Demóstenes no Senado", disse Costa.


Cassação

No início da sessão, Demóstenes anunciou que utilizaria a "faculdade prevista na Constituição Federal de permanecer em silêncio", afirmando que seu advogado está providenciando a degravação e as notas taquigráficas de seu depoimento ao Conselho de Ética do Senado na terça-feira.

Durante a audiência no conselho, Demóstenes negou envolvimento com jogos ilegais, mas admitiu a amizade com Cachoeira, além de afirmar que aceitou um telefone pago pelo suposto contraventor por "comodidade". O telefone, habilitado nos Estados Unidos, serviria para contato direito e estaria supostamente imune a grampos.

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está preso desde fevereiro suspeito de chefiar uma rede de jogos ilegais. Cachoeira é alvo da CPI mista que investiga suas ligações com políticos e empresários.

Demóstenes pode perder o manado pela denúncia de que teria usado suas relações e o cargo para atuar em favor de Cachoeira.

"Ele (Demóstenes) é senador da República, deveria ter aproveitado essa oportunidade para se defender. Ele pode ter assinado aqui hoje a sua cassação", disse a jornalistas o realtor na CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

Logo no início da sessão, o presidente da CPI anunciou que os depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Quieroz (PT), estão marcados para 12 e 13 de junho, respectivamente. A convocação dos dois governadores foi aprovada na quarta-feira.

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