O adiamento dos concursos públicos também foi criticado pela categoria (Arquivo/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 18h23.
Brasília – O corte de R$ 50 bilhões no Orçamento Geral da União, anunciado pelo governo, deixou os servidores públicos insatisfeitos. De acordo com o diretor executivo da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, a redução de gastos afeta diretamente a estrutura do serviço público. A categoria está preparando uma mobilização, prevista para a próxima quarta-feira (16), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra a medida.
“Será o primeiro recado. Conseguimos unir 23 entidades nacionais. Se o governo não recuar, haverá mais pressão na Esplanada, as mobilizações serão contínuas e até pode haver greve”, disse Silva. Para ele, o corte no Orçamento vai punir os servidores públicos. “Não foi com essa proposta que a Dilma [Rousseff] se elegeu. A população, principalmente os servidores, elegeu a presidenta e ela está indo na contramão do que disse antes de ser eleita.”
Segundo ele, o governo deveria cortar no Orçamento o pagamento dos juros da dívida. “Tiram dinheiro de áreas essenciais para o crescimento e desenvolvimento do país para fazer esse pagamento infundado. Nunca houve um corte como esse na história do Brasil. O conjunto do funcionalismo não está satisfeito.”
O adiamento dos concursos públicos também foi criticado pela categoria. “Isso vai causar prejuízo para o próprio governo, pois não haverá força de trabalho qualificada para atuar. Hoje, há uma deficiência muito grande no serviço público”, afirmou o diretor Silva.
Para o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, o anúncio do governo federal é “muito bem-vindo”. Segundo ele, somente com redução dos gastos públicos correntes será possível aumentar o crescimento dos investimentos públicos.
De acordo com Leite, com mais investimentos é possível elevar a oferta de bens e serviços e reduzir o custo de produção e distribuição dos produtos. Assim, acrescentou, o país poderá sustentar um crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) em torno 5% ao ano, sem provocar pressão inflacionária, o que permitirá reduzir a taxa de juros.
O professor afirmou que juros menores reduzem o custo do serviço da dívida pública, “sobrando” mais recursos para aumentar os investimentos. Juros menores também atraem menos investimentos especulativos estrangeiros, o que reduzirá a pressão pela valorização do real.
Os cortes no Orçamento 2011 foram anunciados ontem (9) pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Míriam Belchior. De acordo com o governo, o corte de R$ 50 bilhões não afetará os R$ 170,8 bilhões aprovados para investimentos, dos quais R$ 40,15 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).