Sequestro de ônibus no Rio: como atua a Unidade de Intervenção Tática, divisão especial do Bope
A condução das negociações esteve a cargo da Unidade de Intervenção Tática, divisão do Bope especializada em situações de crise
Agência de notícias
Publicado em 13 de março de 2024 às 11h06.
Agentes do Batalhão de Operações Especiais ( Bope ) do Rio de Janeiro, a tropa de elite da Polícia Militar, atuaram nesta terça-feira, 12, no sequestro a um ônibus com 16 reféns na principal rodoviária da capital fluminense. Idosos e uma criança foram rendidos pelo criminoso identificado comoPaulo Sérgio de Lima, 29 anos, que acabou se entregando e foi preso.
A condução das negociações esteve a cargo da Unidade de Intervenção Tática, divisão do Bope especializada em situações de crise.
Como funciona o trabalho de negociação?
Diógenes Lucca, ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar de São Paulo, explica que, casos como o sequestro desta terça-feira, são, inicialmente, tratados pelo policiamento comum. Não havendo avanço, o batalhão especializado é acionado.
"São tropas de elite cujas características são a especialidade em algumas missões, entre elas, situações com reféns localizados como a desse ônibus", disse.
A primeira medida das equipes táticas ao chegarem a ocorrências do gênero é a contenção da crise. No caso desta terça-feira, impedir que o ônibus se deslocasse, por exemplo. Em seguida, os chamados perímetros de segurança são estabelecidos.
No geral, eles são três:
- Perímetro crítico: local onde estão o sequestrador, reféns e agentes do Bope - este é o local de maior perigo durante a ocorrência;
- Perímetro restrito: onde fica localizado o gabinete de crise, local onde as deliberações são definidas na condução do caso;
- Perímetro externo: espaço onde ficam populares e a imprensa - esse é considerado um ambiente de pouco risco quando comparado aos demais.
Estabelecidos os perímetros, a tropa de elite inicia a implementação das quatro principais alternativas táticas. Lucca explica que elas são aplicadas de forma simultânea, independentemente da evolução do caso. As alternativas incluem: negociação, emprego de técnicas não letais (bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo), atirador de elite e equipe de invasão tática.
"O atirador de elite, por exemplo, é sempre posicionado já que ele começa como uma espécie de auxiliar do negociador. A luneta da arma ajuda a ter visibilidade, eventualmente vê o semblante dos reféns, do tomador de reféns. Ele acaba ajudando com informações", afirma o ex-comandante.
Para Lucca, a atuação de equipes de elite no Brasil tem se aperfeiçoado ao longo dos anos. Nesta terça-feira, por exemplo, todos os 16 reféns foram retirados do ônibus com segurança e o criminoso, preso. Os dois únicos feridos estavam fora do ônibus no momento dos disparos.
"Hoje, já está muito mais amadurecido, ocorreram tragédias no passado e obviamente erros que não devem ser cometidos. Houve aprimoramento policial. São tropas com experiência consagrada e sabem conduzir uma situação como essa", disse.