Septicemia: entenda o quadro que levou à morte de David Miranda
De acordo com dados da OMS, a septicemia é a maior causa de mortes de pessoas internadas em UTIs, com cerca de 11 milhões de vítimas por ano em todo o mundo
Redação Exame
Publicado em 9 de maio de 2023 às 15h33.
Última atualização em 9 de maio de 2023 às 16h50.
O ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ) morreu na manhã desta terça-feira, 9, em consequência de uma infecção generalizada. Ele estava internado há nove meses e chegou ao hospital primeiramente com fortes dores abdominais, causada por uma infecção gastrointestinal. O quadro evoluiu para uma sepse, também conhecida como septicemia.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a septicemia é a maior causa de mortes de pessoas internadas em UTIs, com cerca de 11 milhões de vítimas por ano em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 240 mil pessoas percam a vida em decorrência da sepse.
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"A sepse é uma disfunção orgânica com risco de vida causada por uma resposta desregulada do paciente a uma infecção. Se não for reconhecida precocemente e tratada prontamente, pode levar a choque séptico, falência de múltiplos órgãos e morte", detalha um documento da OMS sobre o quadro.
O que é septicemia?
De acordo com o infectologista e pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz), André Japiassú, a septicemia é quando ocorre o mau funcionamento de um ou mais órgãos como consequência de uma infecção.
"Essa infecção pode ser grave, inicialmente, ou pode não ser tão grave, mas que não foi tratada ou não foi controlada adequadamente. É uma infecção que pode acarretar uma resposta inflamatória, inicialmente, no próprio órgão onde ela se originou e se estender e afetar outros órgãos também, causando uma inflamação em diferentes partes do corpo", explica em um documento publicado pela Fiocruz.
O tratamento é feito inicialmente com antibióticos, no caso de infecções bacterianas. Segundo o especialista, a gravidade do quadro é tão alta que para cada hora em que a administração de antibióticos é atrasada, a chance de morte do paciente aumenta em 7%.
Carreira política de David Miranda
David Miranda nasceu em Jacarezinho, subúrbio do Rio e é jornalista de formação. Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas 5 anos e foi criado pela tia, já que nunca conheceu seu pai. Iniciou sua trajetória no PSOL. O político foi o primeiro vereador LGBTQIA+ do Rio de Janeiro, eleito em 2017.
Nas eleições 2018, foi candidato à Câmara dos Deputados. Recebeu mais de 17 mil votos e ficou com a primeira suplência da coligação PSOL-PCB. Com a decisão do deputado eleito Jean Wyllys de não assumir o mandato, Miranda assumiu em fevereiro de 2019. Em janeiro de 2022, se desfiliou do PSOL e foi para o PDT.
Após internação, deputado desiste de concorrer à reeleição
Um mês após o diagnóstico, Miranda desistiu de disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados. Segundo seu marido, a decisão de desistir da eleição foi tomada em conjunto, entre amigos e familiares do parlamentar.
Em março deste ano, Greenwald afirmou em um relato publicado nas redes sociais que Miranda estava acordado e conseguia conversar, apesar da traqueostomia que teve de fazer, mas ainda se mantinha ligado a uma máquina de ventilação mecânica.
Casamento com Glenn Greenwald
Miranda e Glenn se conheceram em 2005. Oficializaram o casamento poucos meses depois e completaram 17 anos de união. O casal trabalhou junto na campanha pelo asilo de Edward Snowden no Brasil.