Senadores querem impeachment de Ernesto Araújo; Mourão rebate
Senadores analisam a possibilidade de pedirem o impeachment do chanceler no STF; Mourão disse que a situação do ministro é analisada desde a semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de março de 2021 às 10h41.
Última atualização em 29 de março de 2021 às 10h47.
Diante da pressão do Congresso para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , deixe o governo, o vice-presidente Hamilton Mourão avaliou nesta segunda-feira, 29, como uma "briga política" a possibilidade de senadores pedirem o impeachment do chanceler no Supremo Tribunal Federal ( STF ). Mourão disse que a situação do ministro no governo é analisada desde a semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro e que é preciso aguardar a decisão do chefe do Executivo.
"Os ministros são escolhidos pelo presidente. O presidente toma decisão de acordo com a visão que os assessores dele lhe passam. Não sei o que vai acontecer", comentou em conversa com jornalistas nesta manhã ao chegar à vice-presidência. Questionado, Mourão minimizou a intenção dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de apresentarem ao STF um pedido de impeachment contra Araújo. "Nunca vi impeachment de ministro. Isso aí tudo é briga política", disse.
O vice-presidente diz ter tomado conhecimento ontem sobre a pressão contra o chanceler brasileiro. Mourão também acrescentou não ter conversado com Bolsonaro sobre o assunto, mas se dispôs a opinar sobre a situação de Araújo no governo caso Bolsonaro o questionasse. "Deixo aí a critério de quem tem o poder de decidir isso. A minha opinião, se o presidente perguntar, digo para ele, só para ele", afirmou.
Em janeiro, Mourão afirmou que mudanças na equipe ministerial eram cogitadas por Bolsonaro e citou como uma das possibilidades a saída de Ernesto Araújo. Depois, a fala do vice foi negada por Bolsonaro. Na época, a atuação do ministro era colocada em dúvida após dificuldades de negociações com a China na aquisição de insumos para a vacina contra a covid-19. Araújo chegou a ser afastado das articulações com o governo chinês, em função de já ter protagonizado atritos com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.
Desde a semana passada, parlamentares têm cobrado publicamente a demissão do chefe do Itamaraty. Neste fim de semana, o ministro protagonizou atrito com a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Em suas redes sociais, Araújo divulgou o conteúdo de uma conversa com Kátia Abreu e tentou associar a pressão para que deixe o ministério a um lobby em relação ao 5G.
"Vamos aguardar para ver o que vai acontecer. O presidente Bolsonaro está raciocinando sobre isso desde a semana passada, vamos ver qual decisão ele vai tomar", concluiu Mourão.
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