Senado retoma discussão sobre CPI da Petrobras
A reunião foi suspensa ontem à tarde pelo presidente do colegiado
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 12h01.
Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado reabriu na manhã desta quarta-feira, 9, a sessão em que deve ser discutido e votado o recurso a respeito da abrangência da CPI da Petrobras . A reunião foi suspensa ontem à tarde pelo presidente do colegiado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), por causa da abertura da pauta de votações do plenário.
Na ocasião, apenas o relator do recurso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), votou, concordando com o pedido dos governistas de se fazer uma CPI "ampliada" da Petrobras. Mas, embora tenha defendida a instalação imediata da comissão parlamentar, sugeriu no parecer que o Senado consulte o Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do alcance da CPI.
Na semana passada, a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) impugnou a abrangência do pedido de CPI apresentado pela feita pela oposição, que previa a apuração de quatro fatos que envolvem a Petrobras.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), por sua vez, questionou o pedido de CPI proposto pela base aliada que abrange, além dos pedidos da CPI da oposição, fatos ligados a governos do PSDB e do PSB.
Os dois partidos devem enfrentar, com Aécio Neves e Eduardo Campos, a presidente Dilma nas eleições de outubro. Renan Calheiros rejeitou os dois pedidos, mas mandou sua decisão para ser avaliada pela CCJ.
Na sessão de ontem, a oposição protestou contra o voto do relator. O provável candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), comparou um eventual posicionamento do Senado em favor da CPI proposta pela base aliada a um "AI-5" do Congresso.
O ato institucional, baixado em 1968 pela ditadura militar, permitiu a cassação de mandatos parlamentares e acabou com o habeas corpus. "É análogo aquilo que estamos fazendo hoje. Tirar da minoria a prerrogativa de investigar é extirpar, é ferir de morte o Parlamento e a sua atuação", afirmou.
O tucano defendeu que, se a decisão "equivocada" do presidente do Senado for aceita, a maioria vai poder pedir a criação de CPI com até 80 temas. Para Aécio, o Congresso está diante da "ditadura da maioria".
Ele disse que não há da parte do governo a intenção de investigar a Petrobras. Querem apenas, segundo o tucano, adiar as apurações. "A base governista tem a maioria necessária para apresentar uma CPI para iniciar efetiva e rapidamente a discussão sobre os temas".
Os oposicionistas recorreram ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantirem o direito à instalação da CPI proposta por eles. O mandado de segurança está nas mãos da ministra Rosa Weber.
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.