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Sem reservatórios, setor elétrico defende expansão térmica

Segundo especialistas, seca aumenta a necessidade do país ampliar seu parque de termelétricas para dar mais segurança ao abastecimento

Técnico caminha em usina térmica de energia: governo federal reconhece a necessidade de expandir a geração termelétrica (Mario Proenca/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 20h52.

São Paulo - O avanço das hidrelétricas sem reservatório de regularização, associado ao maior uso de fontes não contínuas de geração, como as centrais eólicas, aumenta a necessidade do país ampliar seu parque de termelétricas para dar mais segurança ao abastecimento de energia , quando outras fontes não puderem produzir.

Essa foi uma das principais conclusões de especialistas que participaram nesta terça-feira dos debates sobre energia em seminário sobre infraestrutura promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Para garantir o abastecimento, vamos precisar de cada vez mais térmicas", disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.

Segundo ele, dos cerca de 20 mil megawatts (MW) novos de hidrelétricas que entrarão em operação entre 2013 e 2018, apenas 200 MW são de usinas com reservatório de regulação.

Devido a restrições ambientais, grandes usinas como Madeira e Belo Monte não têm reservatórios de regularização. Como não estocam água --elas são conhecidas como fio d'água-- geram muito menos energia nas épocas de seca, dando menos segurança ao sistema.

"Você tem a mesma capacidade de guardar chuva e a carga crescendo, você necessita cada vez mais de térmicas. E quando chega ao final do período seco em que tem perda de altura nos reservatórios, você perde potência", disse Chipp a jornalistas.

Com a pouca chuva do verão passado, as termelétricas vêm ajudando a garantir o fornecimento de energia do país, enquanto as hidrelétricas tiveram de reduzir a produção para poupar água nos reservatórios. A energia das térmicas, porém, é mais cara.

"É importantíssimo viabilizar térmicas flexíveis", disse o diretor da consultoria PSR, Marco Antônio Oliveira.

Chipp defendeu ainda o aumento da participação de térmicas convencionais, a carvão mineral ou gás, na base do sistema no médio prazo, e também que se busque novos reservatórios.

Ele voltou a defender leilões por fonte de energia e por região, para dar mais segurança à operação do sistema.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), concordou que o setor precisa de mais termelétricas. "Se eu opto por usinas fio d’água tenho de diversificar", disse ele.

O governo federal reconhece a necessidade de expandir a geração termelétrica.

Na véspera, no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o governo decidiu elevar para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU) das térmicas que vão participar do leilão A-5 de setembro (ante 100 a 150 reais praticados anteriormente) para viabilizar também a participação de termelétricas mais caras, que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), combustível importado que chega ao país em navios.

GÁS NATURAL O presidente da Comgás, Luis Henrique Guimaraes defendeu a criação de um incentivo pelo governo federal para reduzir o preço final do gás natural para a indústria.

Segundo ele, se for criado um subsídio de 1 bilhão de reais por ano, o preço do gás para os consumidores pode cair em cerca de 0,10 real por metro cúbico, de 0,71 real para 0,61 real, sem contar os impostos.

"Poderia ser via PIS/Cofins, poderia ser através de subsídio do Tesouro", disse.

O executivo também defendeu a construção de uma nova rota de gasoduto para levar gás natural da Bacia de Santos para o mercado paulista. "A gente está analisando alternativas que complementem o suprimento que a gente tem da Petrobras", disse, citando que o projeto poderia ser tocado por um terceiro investidor, por um pool de empresas que produzem gás na Bacia de Santos ou pela própria estatal.

"Toda a rota de gasodutos hoje vai para o Rio de Janeiro. Só há um gasoduto pequeno que chega em Caraguatatuba (litoral Norte de SP) e sobe a serra", disse, calculando que um empreendimento desse porte teria um custo de aproximado de 6 bilhões de reais.

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Essa foi uma das principais conclusões de especialistas que participaram nesta terça-feira dos debates sobre energia em seminário sobre infraestrutura promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Para garantir o abastecimento, vamos precisar de cada vez mais térmicas", disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.

Segundo ele, dos cerca de 20 mil megawatts (MW) novos de hidrelétricas que entrarão em operação entre 2013 e 2018, apenas 200 MW são de usinas com reservatório de regulação.

Devido a restrições ambientais, grandes usinas como Madeira e Belo Monte não têm reservatórios de regularização. Como não estocam água --elas são conhecidas como fio d'água-- geram muito menos energia nas épocas de seca, dando menos segurança ao sistema.

"Você tem a mesma capacidade de guardar chuva e a carga crescendo, você necessita cada vez mais de térmicas. E quando chega ao final do período seco em que tem perda de altura nos reservatórios, você perde potência", disse Chipp a jornalistas.

Com a pouca chuva do verão passado, as termelétricas vêm ajudando a garantir o fornecimento de energia do país, enquanto as hidrelétricas tiveram de reduzir a produção para poupar água nos reservatórios. A energia das térmicas, porém, é mais cara.

"É importantíssimo viabilizar térmicas flexíveis", disse o diretor da consultoria PSR, Marco Antônio Oliveira.

Chipp defendeu ainda o aumento da participação de térmicas convencionais, a carvão mineral ou gás, na base do sistema no médio prazo, e também que se busque novos reservatórios.

Ele voltou a defender leilões por fonte de energia e por região, para dar mais segurança à operação do sistema.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), concordou que o setor precisa de mais termelétricas. "Se eu opto por usinas fio d’água tenho de diversificar", disse ele.

O governo federal reconhece a necessidade de expandir a geração termelétrica.

Na véspera, no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o governo decidiu elevar para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU) das térmicas que vão participar do leilão A-5 de setembro (ante 100 a 150 reais praticados anteriormente) para viabilizar também a participação de termelétricas mais caras, que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), combustível importado que chega ao país em navios.

GÁS NATURAL O presidente da Comgás, Luis Henrique Guimaraes defendeu a criação de um incentivo pelo governo federal para reduzir o preço final do gás natural para a indústria.

Segundo ele, se for criado um subsídio de 1 bilhão de reais por ano, o preço do gás para os consumidores pode cair em cerca de 0,10 real por metro cúbico, de 0,71 real para 0,61 real, sem contar os impostos.

"Poderia ser via PIS/Cofins, poderia ser através de subsídio do Tesouro", disse.

O executivo também defendeu a construção de uma nova rota de gasoduto para levar gás natural da Bacia de Santos para o mercado paulista. "A gente está analisando alternativas que complementem o suprimento que a gente tem da Petrobras", disse, citando que o projeto poderia ser tocado por um terceiro investidor, por um pool de empresas que produzem gás na Bacia de Santos ou pela própria estatal.

"Toda a rota de gasodutos hoje vai para o Rio de Janeiro. Só há um gasoduto pequeno que chega em Caraguatatuba (litoral Norte de SP) e sobe a serra", disse, calculando que um empreendimento desse porte teria um custo de aproximado de 6 bilhões de reais.

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