Corrida: médico é enfático em propor atividades simples, como dar 10 mil passos por dia (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2014 às 16h07.
São Paulo - Após uma semana de divulgação da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, organizada pelo IBGE, especialistas afirmam que os dados mais preocupantes são reflexos de um mal que é cada vez mais comum entre os brasileiros: o sedentarismo.
"O que mais chama a atenção nesse estudo é o baixo índice da prática de exercícios físicos pelo brasileiro. São inúmeras as justificativas para não fazer atividade física", comentou o médico esportivo Gustavo Magliocca.
"Há um risco iminente para a saúde pública, uma vez que a falta de atividades físicas agrava o cenário de doenças crônicas e cardiovasculares no país. Essa realidade é alarmante", avaliou.
Segundo a PNS, as doenças crônicas - associadas ao excesso de peso, ao baixo consumo de verduras e frutas e ao sedentarismo - respondem por mais de 70% das causas de morte no Brasil.
Em relação ao estilo de vida, o relatório teve o objetivo de captar a intensidade e a duração média da realização de exercícios físicos ou esportes em pessoas com mais de 18 anos, dividindo a prática em lazer, trabalho, deslocamento e atividades domésticas.
Com isso, dois grupos foram identificados: um de pessoas ativas, que praticam mais de 150 minutos de exercícios por semana, e o outro de pessoas insuficientemente ativas, que praticam menos do que isso.
A proporção de adultos insuficientemente ativos foi de 46% da amostra, e os ativos se dividiram em 22,5% de pessoas que praticam atividades no lazer, 14% no trabalho, 31,9% no deslocamento e 12,1% nas atividades domésticas.
De acordo com Magliocca, a pesquisa reforça a necessidade da prática de atividade física, que deve ser estimulada por políticas públicas.
"O governo tem que incentivar a prática de atividade física por meio de ações que estimulem a população, começando pelas crianças nas escolas, onde, por exemplo, a disciplina de educação física já não é mais obrigatória em alguns estados."
Para ele, o sedentarismo começa na infância e é uma questão cultural.
"Temos que mudar alguns paradigmas, senão esses dados só irão justificar o aumento das doenças crônicas daqui a dez anos".
Como solução, o médico é enfático em propor atividades simples, como dar 10 mil passos por dia.
"As pessoas precisam entender que se elas derem 10 mil passos por dia, elas deixam de ser sedentárias. Se ficassem mais ativas no trabalho ou optassem por uma caminhada em família, ajudaria muito a sair dessa condição", recomendou.
Ele também associa o desinteresse do brasileiro pela atividade física à falta de ambientes públicos próprios ou adaptados para a prática de exercícios, o que seria uma função de parques e praças.
Outro ponto importante para a melhora do estilo de vida do brasileiro é a questão alimentar.
Para a nutricionista Desiree Coelho, a pesquisa não registrou muitas novidades sobre o comportamento nutricional da população, e o sedentarismo e a falta de informação sobre hábitos saudáveis se destacaram como os pilares para a mudança de hábitos.
"Em um país com oferta de grande variedade de frutas, há um consumo muito baixo desses alimentos; e ainda há o desconhecimento do brasileiro em relação a sua própria saúde", avaliou Desiree.
Segundo a especialista, a grande urgência é tratar o sedentarismo e buscar uma alimentação equilibrada.
"É preciso atrair a atenção das pessoas para esses temas, que podem impactar a expectativa de vida da população e a mudança para uma vida mais saudável e ativa", concluiu.