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Sabesp divulga horários em que reduz a água na rede

A restrição chega a 18 horas por dia

Trabalhador da Sabesp caminha no chão rachado da represa de Jaguary, em Bragança Paulista, interior de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 07h46.

São Paulo - Um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo ( Sabesp ) começou a informar somente na segunda-feira, 26, os horários em que cada imóvel da Grande São Paulo é afetado pela redução da pressão da água na rede.

Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo em 20 endereços constatou que a restrição no fornecimento é feita diariamente, começa quase sempre a partir das 13 horas, e pode durar até 18 horas. A empresa alega que a medida não caracteriza "racionamento sistêmico".

Para saber o horário em que pode ficar sem água, o consumidor precisa ligar no telefone 195 da Sabesp, informar o Registro Geral do Imóvel (RGI) - número que vem discriminado na conta - e esperar a resposta do atendimento automático.

"A Sabesp realiza a redução de pressão nas tubulações de água da sua região das 13 horas às 7 horas", disse a gravação na consulta feita para o condomínio onde mora Tânia Rocha, de 55 anos, no Ipiranga, zona sul da capital.

O prédio dela é o que sofre com a redução da pressão por mais tempo ao longo do dia entre os casos levantados pela reportagem em todas as regiões da capital e em cinco cidades da Grande São Paulo.

"É muito tempo sem água . Se tivessem informado antes, poderíamos nos programar", afirmou Tânia, cujo condomínio, que era abastecido pelo Sistema Cantareira e agora recebe água do Guarapiranga, impôs aos moradores três cortes diários no fornecimento para garantir que os dois reservatórios de 15 mil litros não sequem.

Já o empresário Marcel Agarie, de 35 anos - que mora na região do Parque São Jorge, zona leste, abastecida pelo Sistema Alto Tietê -, diz que a redução da pressão ocorria até o fim do ano passado a partir das 20 horas. Agora, a própria Sabesp admite que o imóvel é afetado pela medida das 13 às 5 horas, todos os dias.

"A maior dificuldade, ainda para uma casa onde vivem seis adultos e duas crianças, é administrar os horários para usar a água e dar tempo para todo mundo tomar banho."

A redução da pressão é feita pela Sabesp desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos, mas foi intensificada após a seca no Cantareira, provocando cortes no abastecimento de água, inicialmente à noite e em regiões mais altas.

Responsável por 60% de toda a economia de água obtida durante a crise, a medida, porém, nunca havia sido divulgada pela companhia, até a reportagem revelar a prática, em abril do ano passado.

A divulgação dos locais e horários em que há redução só foi feita agora por determinação da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), quando autorizou a Sabesp a cobrar sobretaxa de até 100% na tarifa de água para quem aumentar o consumo.

O presidente da companhia, Jerson Kelman, já havia dito há duas semanas que intensificaria a medida para economizar mais água e isso poderia causar "sofrimento à população".

Das regiões levantadas pela reportagem, apenas em bairros do extremo sul da capital, como Interlagos e Cidade Dutra, abastecidos pelo Guarapiranga, a redução da pressão começa mais tarde, a partir das 20 horas.

E só para o endereço pesquisado na cidade de São Bernardo do Campo a Sabesp informou que não adota a prática.

Segundo Antonio Eduardo Giansante, mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento, bairros mais altos podem ser afetados pela redução da pressão por um período maior do que o informado pela Sabesp.

"Os primeiros a ficar sem água também são os últimos a recebê-la. Quando a pressão é normalizada, começa a atender às regiões mais baixas, até ganhar força para subir aos pontos alto. Isso pode levar horas."

Por telefone, a Sabesp afirma que para que a medida "cause o menor transtorno na rotina, tenha no imóvel reservação de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa d’água e não diretamente à rede da rua". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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