Quem é Ricardo Nunes, vice de Covas que agora assume a prefeitura de SP
Bruno Covas faleceu neste domingo, 16, vítima de câncer, aos 41 anos. Desde a sexta-feira o quadro já era considerado "irreversível"
Gilson Garrett Jr
Publicado em 14 de maio de 2021 às 20h48.
Última atualização em 16 de maio de 2021 às 10h23.
Na manhã deste domingo (16), morreu o prefeito Bruno Covas, aos 41, vítima de um câncer contra o qual lutava desde 2019.Covas estava internado no Sírio Libanês desde o dia 2 de maio, mesmo dia que pediu licença do cargo de prefeito. Desde então, a cadeira de prefeito da maior cidade do país foi ocupada pelo vice de Covas, Ricardo Nunes.
Ricardo Nunes tem 53 anos, é advogado, empresário e filiado ao MDB. Foi vereador em São Paulo por duas vezes (eleito em 2012 e 2016) antes de chegar ao cargo de vice-prefeito de Bruno Covas (PSDB). Tem ligações fortes com a Igreja Católica — enquanto vereador, trabalhou para regularizar templos religiosos — além de empresários. Na sua atividade na Câmara de Vereadores, foi participante de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), como a dos bancos, que investigava a sonegação de impostos.
Sua candidatura a vice-prefeito está ligada à coalizão entre PSDB, MDB e DEM, em uma articulação política do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para, eventualmente, conseguir o apoio do MDB em 2022.
Durante a campanha de Covas, acusações de violência doméstica vieram à tona em reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, que foram posteriormente desmentidas por ele e pela esposa, além de possíveis ligações com a "máfia das creches", também expostas pelo mesmo jornal. Antes disso, ganhou notoriedade na mídia por ser ativamente contra a inclusão de temas de sexualidade e gênero no Plano de Educação da capital paulista.
Apesar dos questionamentos envolvendo ambos os temas durante o período eleitoral, Nunes chegou ao cargo com um perfil discreto e tem suas aparições públicas ligadas somente aos períodos em que Bruno Covas esteve ausente.
Câncer
O prefeito descobriu o câncer durante uma investigação médica iniciada em 2019, após o surgimento de uma trombose. A doença já tinha sinais de avanço: havia um tumor no fígado, outro na cárdia (o ponto de ligação entre o esôfago e o estômago) e outro em gânglios linfáticos. O primeiro tratamento fez com que dois desses tumores desaparecessem.
Em janeiro, o prefeito de SP já havia ficado dez dias afastado do cargo para dar continuidade ao tratamento do câncer diagnosticado em 2019. No lugar de Covas, o vice Ricardo Nunes (MDB) assumiu o cargo interinamente.
Neste ano, entretanto, o tumor remanecente, do fígado, teve nova metástase e se espalhou por cinco pontos dentro do órgão. Os médicos ainda descobriram novos tumores nos ossos, razão pela qual o tratamento passou a usar tanto a quimioterapia quanto a imunoterapia, procedimento que pretende fortalecer o sistema de defesa do corpo do prefeito. Nesta sexta-feira, 14, o Hospital Sírio-Libanês emitiu um boletim médico em que diz que o estado de saúde do prefeito é considerado "irreversível".
Na véspera da última alta, no dia 26 de março, o prefeito de São Paulo declarou que continuava a "luta pela vida" em um post que tinha como foco seu filho de 15 anos, Tomás.
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