Brasil

Reforma da Previdência de SP foi a possível, diz secretário de Covas

A reforma aprovada nesta semana não resolveu questões de fundo que criaram o atual déficit do setor

SampaPrev:"Temos 100 mil aposentados e 120 mil na ativa", afirmou o secretário municipal de Governo (Instagram/Reprodução)

SampaPrev:"Temos 100 mil aposentados e 120 mil na ativa", afirmou o secretário municipal de Governo (Instagram/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 12h16.

São Paulo - Após críticas de que a reforma da Previdência Municipal de São Paulo foi "capenga" e não resolveu questões de fundo que criaram o atual déficit do setor, o secretário municipal de Governo, Mauro Ricardo, defendeu, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo a proposta aprovada pela gestão Bruno Covas (PSDB).

Rebatendo entrevista publicada na quinta-feira, 27, no jornal com o especialista em contas públicas Raul Velloso, o secretário atacou o modelo de "segregação de massas", parte da proposta original da reforma. Nesse modelo, os servidores ativos têm seus benefícios recolhidos em uma espécie de poupança individual, que só passa a ser sacada na aposentadoria, enquanto os atuais aposentados têm seus benefícios pagos com recursos públicos, como os da venda de imóveis e dívidas a receber.

No texto final da reforma, sancionado na quinta-feira por Covas, ficou o modelo atual, em que o servidor da ativa contribui para bancar os aposentados. Ao reconhecer que o déficit ainda existirá, Ricardo disse que a solução só virá da reforma da Previdência nacional. Insatisfeitos, servidores municipais ameaçam parar em fevereiro.

A proposta aprovada é tímida?

A visão dele (Velloso) é exclusiva na questão previdenciária, como se não existisse mais despesas na Prefeitura. Como equaciona um déficit atuarial de R$ 156 bilhões (diferença entre despesas e receitas previstas no setor previdenciário nos próximos 75 anos)? Ele montou uma equação que considerava fatores inviáveis, como por todos os ativos da Prefeitura - Ibirapuera, Anhembi - no sistema previdenciário (para vender). Seria equivalente a R$ 20 bilhões, não equacionaria (o déficit). Ainda propõe que 50% de toda a receita da dívida ativa seja aportada ao fundo previdenciário. Mas essa receita é aplicada em saúde, educação, assistência social, transporte. Por isso abandonamos aquele projeto. Foi racional, não preguiçoso (como havia classificado o especialista).

Mas essas medidas resolveriam o déficit?

Teria de tirar dinheiro de outras áreas do governo para alocar na previdência, o que comprometeria significativamente os serviços da Prefeitura. Temos 100 mil aposentados e 120 mil na ativa - 1,2 funcionário na ativa por aposentado. A equação não fecha. Nossa opção foi fazer o possível e aguardar a decisão do governo federal em relação à reforma previdenciária, para que naturalmente possamos fazer algum complemento.

Como vê o conceito de segregação de massas?

Com a segregação de massas, agrava o déficit. Permite que as pessoas que estão hoje ajudando a custear saiam do sistema. Toda sua contribuição vai para um novo fundo, o que aumenta o déficit do fundo que você está hoje, de repartição simples. É inviável. O que fizemos foi atacar três pontos. Reduzir despesa líquida, aumentando a receita da contribuição dos servidores, instituir a previdência complementar para os novos, com novo teto, e ter nova sistemática de pagamento de pensões.

E o que muda nas pensões?

Há mais exigências. Se a pessoa casa no leito de morte ou tem menos de 18 meses de contribuição, tem direito a quatro meses de pensão. E depois fixa tempo de pagamento de pensão segundo idade e tempo de casamento do cônjuge. É uma moralização do sistema.

Há prazo para acabar o déficit?

O que fizemos foi diminuir o ritmo de crescimento. Você não vai resolver o problema de previdência. A despesa cresce R$ 800 milhões por ano. Diminuímos R$ 400 milhões, aproximadamente. E sobra mais para fazer as outras coisas.

Mas não chega no equilíbrio?

Só haverá equilíbrio quando for feita a reforma constitucional na previdência, envolvendo provavelmente pagamento dos atuais inativos e pensionistas, e o aumento do tempo de contribuição e da idade mínima para a aposentadoria. E acaba com as aposentadorias precoces.

E o que serão feitos com esses R$ 400 milhões extras?

Vão virar ações na área da saúde, que ainda crescem em ritmo significativo. A saúde, quanto mais eficiente for, maior a demanda. Ainda mais em São Paulo (que atrai pessoas de outras cidades).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AposentadoriaBruno CovasPrefeiturasReforma da Previdênciasao-pauloServidores públicos

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo