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Reduzir maioridade penal será um retrocesso, diz Unicef

Representante do Unicef participou da divulgação do relatório #ECA25anos, que faz uma análise de indicadores sociais brasileiros desde 1990

Segundo Gary Stahl, a redução da maioridade penal em discussão no Congresso significará “um retrocesso” para o Brasil (Antonio Cruz/ Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2015 às 16h25.

Brasília - O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Gary Stahl, disse hoje (13) – dia em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 25 anos – que a redução da maioridade penal, em discussão no Congresso, significará “um retrocesso” para o Brasil.

“Vejo essa possibilidade [de redução da maioridade penal] como um retrocesso sério para as crianças e adolescente do Brasil e para a liderança brasileira mundialmente”, afirmou.

O representante do Unicef participou hoje, em Brasília, da divulgação do relatório #ECA25anos, que faz uma análise de vários indicadores sociais brasileiros desde a implementação do estatuto, em 1990.

Sobre a possibilidade de mudança do estatuto para aumentar o tempo de internação de jovens infratores , proposta pelo senador José Serra (PSDB-SP) e que conta com apoio do governo, Stahl avaliou que pode ser uma alternativa, desde que observado o atendimento socioeducativo.

“Isso depende muito da forma com for ser feita [a internação]. Há países onde fazem [isso] muito bem porque para recuperar um adolescente de 16 anos, por exemplo, que nunca recebeu educação, não tem família e é morador de rua talvez precise de mais de 3 anos [de internação], mas com garantias de educação, apoio psicológico, nutrição e atenção médica”, observou.

De acordo com o relatório do Unicef, o modelo de responsabilização de adolescentes, previsto na Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) não está sendo implementado de forma efetiva.

Com isso, a organização internacional avalia que a redução da maioridade “não só não resolverá a questão da violência como poderá agravá-la”.

Os dados divulgados revelam que, dos adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas em 2011, 86% não haviam completado o ensino fundamental, 75% eram usuários de droga, 72% tinham entre 16 e 18 anos e 57% não frequentavam a escola antes da internação.

Conforme o relatório #ECA25anos, dos 21 milhões de adolescentes em medidas socioeducativas, 0,01% havia cometido atos contra a vida.

Dos 25.192 atos infracionais praticados por crianças e adolescentes em 2013, 40% foram roubos, 24% tráfico de drogas, 9% homicídios, 6% ameaça de morte, 3% tentativa de homicídio e 3% furto.

Além disso, 2% dos casos foram porte de arma de fogo, 2% latrocínio, 2% tentativa de roubo e 1% estupro.

Para o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef, Mário Volpi e um dos responsáveis pelo relatório, é preciso “desmistificar” a ideia que o jovem é o responsável pela crescente onda de violência no Brasil.

Ele ressaltou ser importante que a imprensa, as organizações internacionais e as ONGs que trabalham com o tema mostrem resultados positivos de medidas de reabilitação, como por exemplo a existência de adolescentes que, mesmo com restrição de liberdade, são autores de livros dentro de unidades de internação.

“É preciso ampliar o conjunto de informações para gente conhecer melhor esse fenômeno. A desmistificação vai, por um lado, criando e oferecendo essas informações mais densas e consistentes para a sociedade e, por outro, contando histórias de vida que mudaram a partir de ações previstas no estatuto”, argumentou Volpi.

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Brasília - O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Gary Stahl, disse hoje (13) – dia em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 25 anos – que a redução da maioridade penal, em discussão no Congresso, significará “um retrocesso” para o Brasil.

“Vejo essa possibilidade [de redução da maioridade penal] como um retrocesso sério para as crianças e adolescente do Brasil e para a liderança brasileira mundialmente”, afirmou.

O representante do Unicef participou hoje, em Brasília, da divulgação do relatório #ECA25anos, que faz uma análise de vários indicadores sociais brasileiros desde a implementação do estatuto, em 1990.

Sobre a possibilidade de mudança do estatuto para aumentar o tempo de internação de jovens infratores , proposta pelo senador José Serra (PSDB-SP) e que conta com apoio do governo, Stahl avaliou que pode ser uma alternativa, desde que observado o atendimento socioeducativo.

“Isso depende muito da forma com for ser feita [a internação]. Há países onde fazem [isso] muito bem porque para recuperar um adolescente de 16 anos, por exemplo, que nunca recebeu educação, não tem família e é morador de rua talvez precise de mais de 3 anos [de internação], mas com garantias de educação, apoio psicológico, nutrição e atenção médica”, observou.

De acordo com o relatório do Unicef, o modelo de responsabilização de adolescentes, previsto na Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) não está sendo implementado de forma efetiva.

Com isso, a organização internacional avalia que a redução da maioridade “não só não resolverá a questão da violência como poderá agravá-la”.

Os dados divulgados revelam que, dos adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas em 2011, 86% não haviam completado o ensino fundamental, 75% eram usuários de droga, 72% tinham entre 16 e 18 anos e 57% não frequentavam a escola antes da internação.

Conforme o relatório #ECA25anos, dos 21 milhões de adolescentes em medidas socioeducativas, 0,01% havia cometido atos contra a vida.

Dos 25.192 atos infracionais praticados por crianças e adolescentes em 2013, 40% foram roubos, 24% tráfico de drogas, 9% homicídios, 6% ameaça de morte, 3% tentativa de homicídio e 3% furto.

Além disso, 2% dos casos foram porte de arma de fogo, 2% latrocínio, 2% tentativa de roubo e 1% estupro.

Para o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef, Mário Volpi e um dos responsáveis pelo relatório, é preciso “desmistificar” a ideia que o jovem é o responsável pela crescente onda de violência no Brasil.

Ele ressaltou ser importante que a imprensa, as organizações internacionais e as ONGs que trabalham com o tema mostrem resultados positivos de medidas de reabilitação, como por exemplo a existência de adolescentes que, mesmo com restrição de liberdade, são autores de livros dentro de unidades de internação.

“É preciso ampliar o conjunto de informações para gente conhecer melhor esse fenômeno. A desmistificação vai, por um lado, criando e oferecendo essas informações mais densas e consistentes para a sociedade e, por outro, contando histórias de vida que mudaram a partir de ações previstas no estatuto”, argumentou Volpi.

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