Quem é Camilo Santana, ex-governador do CE e escolhido ministro da Educação
Camilo Santana comandou o Ceará por dois mandatos e tem como destaque no currículo os bons resultados do estado na educação básica
Da redação, com agências
Publicado em 20 de dezembro de 2022 às 12h42.
Última atualização em 20 de dezembro de 2022 às 14h00.
É esperado ainda nesta semana que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficialize a escolha de Camilo Santana (PT) como novo ministro da Educação .
Santana, que é ex-governador do Ceará e eleito senador neste ano pelo mesmo estado, foi escolhido ainda na segunda-feira, 19, em reunião em Brasília. O encontro que definiu o futuro do Ministério da Educação (MEC) teve a presença de nomes como o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), segundo o Estadão.
O indicado ainda precisa ser divulgado oficialmente pela equipe de transição.
Outro nome presente na reunião foi o da atual governadora do Ceará, Izolda Cela (ex-filiada do PDT e hoje sem partido), que assumiu o posto após Santana sair para disputar o Senado nas eleições deste ano. Izolda deve ser a secretária da Educação Básica da pasta, um dos cargos mais importantes.
Um dos expoentes dos bons resultados da educação no Ceará nas últimas décadas, ela era cotada até mesmo para chefiar o MEC - mas houve um imbróglio porque o cargo era a principal pasta possível para Camilo Santana, um dos principais aliados de Lula na campanha, e porque havia pressão no PT para manter o MEC dentro do partido (veja abaixo).
Trajetória de Camilo Santana no Ceará
Professor e político filiado ao Partido dos Trabalhadores, Camilo Santana ocupou entre 2003 e 2004 o cargo da superintendência adjunta do Ibama no Ceará e, posteriormente, assumiu a secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará entre 2007 e 2010, no governo de Cid Gomes (PDT).
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Seu primeiro cargo eletivo foi como deputado federal pelo Ceará em 2010, sendo o candidato mais votado. Após dois anos no cargo, assumiu a secretaria das Cidades, novamente no governo Cid Gomes.
Santana chegaria ao governo do Ceará pela primeira vez nas eleições de 2014, com apoio da aliança feita pelo clã Gomes e pelo PT.
Com Izolda Cela como vice na chapa, conquistou a liderança no primeiro turno e, posteriormente, venceu com 53,35% dos votos válidos na segunda etapa de votação. Em 2018, se reelegeu com folga, com 79,96% dos votos.
Foi na sua segunda gestão que o ex-governador presenciou o motim da polícia militar do Estado que durou 13 dias. A paralisação, considerada ilegal no país, ganhou destaque após uma ação violenta envolvendo Cid Gomes, que ao tentar invadir um quartel com uma retroescavadeira, foi atingido com dois tiros por agentes grevistas.
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Com o fim de seus dois mandatos, Santana concorreu nas eleições de 2022 a uma vaga no Senado Federal e foi eleito com 3,3 milhões de votos.
Os resultados do Ceará na educação
Um dos principais méritos de Santana como sucessor do clã Gomes no Ceará foi a continuidade dos bons resultados na educação básica.
O Ceará tem mais de 80 dentre as 100 melhores escolas públicas do Brasil nos anos iniciais do fundamental e, para além de ilhas de excelência, no geral, o Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) do estado é um dos melhores do país.
O Ideb cearense nos anos iniciais do fundamental, o maior caso de sucesso do estado, saiu de 3,2 para 7,2 entre 2005 e 2022. Nos anos finais do fundamental, o Ideb de 2021 foi de 5,3 (acima da meta estipulada para o estado, de 4,8).
O modelo cearense, com cooperação entre estados e municípios, foco na alfabetização na idade certa e gestão de acompanhamento e apoio a professores e gestores da rede pública é visto como caso de estudo nacional e internacional.
A disputa interna pelo MEC
Com os bons resultados dos cearenses na educação, já era esperado que alguém do grupo ligado ao estado assumisse o MEC no novo governo Lula - depois que ficou claro que o ex-ministro da pasta, Fernando Haddad, iria para o Ministério da Fazenda.
O MEC é visto como chave para a próxima gestão petista. Por isso, também havia pressão na equipe de transição para que o PT ficasse com o Ministério, em vez de cedê-lo a aliados.
O nome de Izolda Cela, que era do PDT e deixou o partido este ano, não agradou uma ala do PT. Sua ligação com fundações privadas que apoiam a educação também passou a ser questionada. Segundos fontes, Lula queria Camilo no ministério e o cearense preferia o Desenvolvimento Regional. Mas não havia espaço para dois do Ceará.
Durante os primeiros governos Lula, um dos principais nomes dentre os que passaram pelo Ministério da Educação foi o próprio Haddad, que foi responsável pela criação de programas que até hoje garantem capital político a Lula e ao PT. Alguns dos destaques foram o Fundeb, fundo da educação básica que reduziu desigualdade entre estados, o piso do magistério, o Prouni, com bolsas em faculdades particulares, e o Fies, com financiamento estudantil.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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