Punição administrativa a delegado da Lava Jato é anulada
Maurício Grillo Moscardi havia sido condenado por ter concluído erroneamente que um grampo na cela de Alberto Youssef era legal
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de novembro de 2019 às 12h02.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública anulou a punição contra o delegado Maurício Grillo Moscardi, da Operação Lava-Jato em Curitiba e da Operação Carne Fraca , pela sindicância que apurou instalação de grampos na cela do doleiro Alberto Youssef.
Em setembro, o delegado foi condenado em um Processo Administrativo Disciplinar da Corregedoria Geral da Polícia Federal a oito dias de suspensão por ter "trabalhado mal" na condução da investigação. Agora, um parecer da Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça apontou problemas no processo da Comissão Disciplinar e da Corregedoria, que concluíram por supostas falhas de Moscardi.
Moscardi havia sido condenado por estar à frente da investigação sobre um grampo encontrado na cela de Youssef na Polícia Federal em Curitiba. Ele concluiu que o grampo havia sido instalado com autorização judicial em 2008 -- o objetivo era investigar o traficante Fernando Beira-Mar. Contudo, mais tarde, descobriu-se que a escuta foi instalada sem autorização. Foram gravados 260 horas de presos da Lava-Jato, incluindo Youssef e outros nomes como o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Com base nesse parecer que mostra que houve problemas na condenação de Moscardi, o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Luiz Pontel de Souza, anulou a decisão de punição, em portaria publicada no mês passado, como informa a Agência Estado.
Moscardi é da equipe da Lava-Jato em Curitiba desde seu início, em 2014. Foi ele também que conduziu as investigações da Carne Fraca, que resultou na condenação de fiscais, empresários e apura agora envolvimento de políticos nos esquemas de fraudes e corrupção em frigoríficos das gigantes JBS e BRF.